Antropóloga mostra: elas constituem o grupo social com maior queda de natalidade. Mas estereótipos, como o de sexualidade excessiva e desregulada, continuam. E elas se viram diante da falta de creches, organizando “casas de cuidado”
Candidaturas femininas crescem no país, até em partidos conservadores. Se o atributo de gênero perde marcas pejorativas, desponta a tentativa de passar ao eleitorado uma receita morna de “defesa das mulheres” – bem ao gosto do patriarcado
Elas professam a fé, romperam com conservadores e lutam contra o fundamentalismo religioso. Podem ser porta de entrada no diálogo com a comunidade evangélica, que não representa um voto único. Nas eleições, combatem as fake news
Os afetos e o cuidar de si e dos outros não são lugar de submissão das mulheres, mas chave para novas lutas e processos emancipatórios. Diante do horror bolsonarista, sangue frio e coração quente são essenciais para enfrentar incertezas, lutos e fomes
Sob ameaça, elas vivem sem proteção do Estado. São sem-terra, indígenas e quilombolas. De 2015 a 2021, 24 lideranças foram mortas em áreas de conflito, e 40 ameaçadas de morte. No Norte e Nordeste, quase metade dos movimentos são encabeçados por elas
Emergem discursos para os quais a quebra dos velhos padrões morais foi feita para os homens, pois as mulheres “têm sexualidade diferente”, e “querem afeto, não apenas sexo”. Proponho, ao contrário, que voltemos a falar de prazer e liberdade
Relatório aponta: no ritmo atual, país só alcançará equidade no comando das prefeituras em 144 anos. Homens, com menos escolaridade, chefiam 88% das cidades. Cotas no financiamento de campanhas ajudaram – mas bem pouco…