Viagem aos céus indígenas abre seminário internacional

Representantes indígenas de 11 países debatem, em evento no Rio de Janeiro, a produção de conhecimento e participação dos povos originários em pesquisas científicas e nas universidades

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Há cada vez mais indígenas tornando-se mestres, doutores e pós-doutores, assim levando identidades e saberes tradicionais para a academia. Mas será que as universidades valorizam esses olhares, que dialogam com outro conceito de tempo/espaço? Que incorporam esses conhecimentos? Será que garantem a participação de indígenas no desenvolvimento de pesquisas internacionais?

Para dialogar sobre isso estarão reunidos no Rio de Janeiro representantes indígenas de onze países (Brasil, Canadá, Colômbia, Dominica, Equador, Índia, Papua Nova Guiné, Quênia, Uganda, Kiribati, Sudão) e pesquisadores não indígenas em universidades do Reino Unido.

O seminário sobre Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos não é aberto ao público, mas o evento que marca o seu início é franqueado ao público. Acontece amanhã, dia 20, no Planetário do Rio de Janeiro, com o cacique Afukaka e representantes Kuikuro revelando as histórias contadas pelo seu povo no céu do Xingu. Também uma indígena dos Emberá-Chamí, da Colômbia, falando sobre a importância das constelações e da lua para seu povo. Ambos dialogarão com os astrônomos e antropólogos presentes.

A jornalista e poeta Renata Tupinambá é uma das participantes do seminário. Cofundadora da Web Rádio Yandê e criadora do podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas em plataformas como o Spotify, ela destaca a importância dos índios produzirem seus próprios conteúdos e ser protagonistas das próprias histórias, deixando de ser objetos de outras narrativas. Seu trabalho em etnomídia, disseminado em aldeias remotas, fortalece as narrativas indígenas, sua cultura e identidade.

O coordenador do evento é o cineasta Takumã Kuikuro, do Alto Xingu. Participam do seminário o pedagogo e antropólogo Tonico Benites, da etnia Guarani-Kaiowá, entre outros pesquisadores indígenas; o diretor e professor de teatro da Queen Mary University, de Londres (ele fala português) e pesquisadores e acadêmicos de onze universidades do Reino Unido, que desenvolvem projetos de pesquisas colaborativas com povos originários.

Na conjuntura atual de ataques aos direitos dos povos originários, este é um exemplo de como as universidades podem ser um campo de atuação em defesa de direitos e valorização das culturas tradicionais. E de como podem ser frutíferas parcerias de indígenas e não indígenas, nacionais e internacionais. Apresentado pelo AHRC (Arts and Humanities Research Council), ESRC (Economic and Social Research Council) e o GCRF (Global Challenges Research Fund), o seminário conta com a parceria da Queen Mary University of London e o apoio da Fundação Planetário do Rio e do Museu do Índio, Funai. O evento é uma co-produção do People’s Palace Projects e da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu.

Serviço

O que: Astronomia cultural: uma viagem pelos céus indígenas. Evento de abertura do Seminário Internacional Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos

Quando: Dia 20 de março, das 18h às 20h

Onde: Planetário do Rio.

Ingressos: Gratuito. Reserva de ingressos aqui. Gratuito

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