Um duelo de imagens entre o Mestre e o Divino
Publicado 10/11/2016 às 12:58
Filme apresentado na próxima segunda, no espaço de Outras Palavras, traz um instigante desafio entre as visões de mundo de um velho missionário alemão e de um jovem cineasta Xavante
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“O Mestre e O Divino”, seguido de bate-papo com
Tiago Campos Torres (diretor do filme)
Vincent Carelli (Vídeo nas Aldeias)
Sylvia Caiuby Novaes (LISA USP)
Alceu Castilho (De Olho Nos Ruralistas)
Dia 14/11, segunda, às 19h, no Outras Palavras
Rua Conselheiro Ramalho, 945, Bixiga – São Paulo
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O desafio entre um velho missionário alemão e um jovem cineasta xavante, feito por meio de imagens e documentado por um terceiro cineasta, branco, resultou num filme divertido e instigante: uma metalinguagem antropofágica, em que um digere o outro por meio da câmera.
Às vezes ácida, às bem humorada, a disputa se dá em torno das imagens da vida na aldeia e na missão salesiana de Sangradouro, no Mato Grosso. Cumplicidade, competição e ironia marcam o diálogo em torno dos registros históricos do missionário Adalbert Heide, que revelam os bastidores da catequização indígena no Brasil.
Os personagens são ao mesmo tempo próximos e antagônicos. O jovem cineasta Xavante Divino Tserewahú, que conviveu com Adalbert desde criança, começou a realizar seus filmes nas oficinas do projeto Vídeo nas Aldeias e a montá-los com a ajuda de Tiago Campos, diretor e também personagem do filme.
Já Adalbert Heide é um excêntrico missionário alemão que chegou ao Brasil em 1954 sonhando conhecer “os índios” e, a partir de 1957, passou a trabalhar com os Xavante na missão de Sangradouro (MT), registrando sua cultura em Super 8. De vez em quando adornava-se com peruca e pinturas, como um Xavante, e registrava a própria presença na caça tradicional da etnia. Dizia-se cacique.
Embora unidos por laços de amizade e admiração mútua, os dois encontram-se ao mesmo tempo separados por insuperáveis abismos culturais. Colonização e raízes indígenas, conflitos e contradições pessoais são a matéria-prima desse filme, uma produção pernambucana dirigida pelo mineiro Tiago Campos – que revela o grande acervo de imagens produzidas por Heide.
O Mestre e o Divino, falado em português, xavante e alemão, foi premiado como melhor filme, melhor montagem e melhor trilha sonora no Festival de Brasília de 2013. Participou também de vários outros festivais, no Brasil e no exterior.
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