São Paulo, território indígena?
Publicado 20/07/2016 às 16:12
Curso de extensão, troca de saberes e artesanato indígena em São Paulo. Sob camadas de história, os rios, colinas e povos originários do Planalto de Piratininga
Por Redação
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História e Cultura Indígenas em São Paulo
Sábado, 30/7, das 9 às 16h (aula conceitual) e domingo, 31/7, das 14h às 16h (aula de campo, partindo do Páteo do Colégio, Sé).
Na casa de Outras Palavras – Rua Conselheiro Ramalho, 945 – Bixiga – Metrô S. Joaquim ou Brigadeiro (mapa)
R$ 150 – Gratuidades e descontos para membros de Outros Quinhentos
Programa e ficha de inscrição ao final do texto
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“Piratininga é uma das maiores cidades indígenas e nordestinas: sabe por que?” Com essa pergunta, Casé Angatu Xukuru Tupinambá convida para o curso “Histórias, Culturas, Protagonismos Indígenas e a Cidade de São Paulo”, a ser realizado nos dias 30 e 31 de julho no espaço do Outras Palavras. Adverte, contudo, que não pretende oferecer uma resposta, mas a construção de formas de reflexão sobre essa pergunta.
Grande narrador, o indígena Casé (de nome não-índio Carlos José Santos), morador da aldeia Gwarini Taba Atã do Território Tupinambá em Olivença, Bahia, é também profundo conhecedor do assunto. É historiador, doutor pela FAU-USP, mestre pela PUC-SP e docente da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus.
Combinadas, essas duas qualidades conferem ao curso uma vivacidade que permite enxergar, sob as camadas da História, a São Paulo de Piratininga que nasce com um colégio de jesuítas para catequizar índios, fundado entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú.
Será utilizado também material audiovisual no sentido da percepção de diferentes fontes para o estudo dos povos indígenas, tais como textos, dados estatísticos, fotografias, plantas, gravuras, vídeos, pinturas, depoimentos, músicas/cantos, linguagens, danças, rituais, vestimentas, comidas, bebidas, artefatos, formas de relação com a natureza e outras culturas.
O curso terá a participação especial de Candido Tupinambá, guerreiro e sábio ancião; Tamikuā Txihi Pataxó, cunhã guerreira e artesã; Katu Tupinambá, vice-diretor do Colégio Indígena Tupinambá de Olivença; Binho Porãn Tupinambá, guerreiro da Aldeia Gwarini Taba Atã; e Boni Tupinambá, guerreiro e artesão da Aldeia Abaeté – Santaninha. A confirmar, a presença de Maria Amaral Tupinambá, guerreira da Comunidade Olho D’Água; e Bakurau Tupinambá, guerreiro e Artesão da mesma comunidade.
O curso já foi oferecido outras vezes, sempre com o intuito de dar a conhecer e refletir as “Histórias, Saberes e Culturas Indígenas brasileiras”, tendo como recorte territorial específico o município de São Paulo. Um importante instrumento para quebrar o preconceito em relação aos povos indígenas, e forte elo de contato e ampliação de apoiadores e aliados à luta desses povos.
Casé quer também incentivar estudos e pesquisas sobre os povos originários, constituindo relações com o ensino através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e com a aplicação da Lei 11.645/2008, que “estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
O curso é intensivo, com duração de dois dias – no sábado, um dia inteiro de aula teórica e conceitual, na sede do Outras Palavras; e na tarde de domingo uma caminhada a partir do Páteo do Colégio, local de fundação da cidade, acompanhando vestígios da presença indígena.
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Programa
HISTÓRIAS E CULTURAS INDÍGENAS E A CIDADE DE SÃO PAULO: SABERES, ABORDAGENS, PESQUISAS E POSSIBILIDADES DE ENSINO (LEI 11.645)
Aula teórica e conceitual
Apresentação
Importância do estudo sobre Histórias, Culturas e Saberes Indígenas
Módulo I
Conceitos iniciais e a palavra índio
– História como um conhecimento construído
– Cultura e suas variações
– Espaço, território e lugar
– Etnia, religião/religiosidade, rituais
– História, memória e oralidade
Módulo II
De Terra de Índios à “invenção” do Brasil: o caso de São Paulo
– Presença Identitária indígena
– O “achamento do Brasil”: “paraíso” e/ou “inferno”
– Aldeias e aldeamentos: imposições, resistências e/ou reelaborações
– “Demônios e querubins”
– Índios e teorias raciais
Módulo III
Povos indígenas, suas lutas e relações com o Estado brasileiro
– Colônia, Império e República: entre o extermínio, afastamento e tutela sobre os índios
– Diferentes formas de reelaborar as existências indígenas
– Os “ressurgimentos” e resistências indígenas
Módulo IV
Encontros, desencontros e estranhamento: quem é o Índio?
– O que significa ser índio no Brasil?
– Índio ou povos indígenas?
– Educação: escola indígena e ensino das Histórias/Culturas Indígenas
– Lei 11.645/2008
Aula de campo
– No centro da cidade de São Paulo, partindo do Páteo do Colégio e caminhando por territórios que são vestígios da presença indígena
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Inscrição: A Ficha de Inscrição encontra-se logo abaixo. A inscrição pode também ser solicitada pelo email [email protected] ou pelos tels. (11) 98126-6186 ou (73) 99194-0989. Aguarde mensagem confirmando a inscrição.
Certificados: serão oferecidos aos que realizarem o curso completo.