Outras Palavras passa a publicar Literaturas Periféricas

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Antonio Eleilson Leite estreia coluna quinzenal que apresentará e debaterá, do ponto de vista estético e social, uma das manifestações culturais mais instigantes do Brasil contemporâneo

(Leia “O Ex-Excluído: manifesto de um poeta suburbano, premeira edição da coluna)

Entre outubro de 2007 e dezembro de 2008, o antigo Caderno Brasil do Le Monde Diplomatique foi enriquecido por uma coluna precursora, no jornalismo brasileiro. Chamava-se Cultura Periférica. A cada quinze dias, o historiador Antonio Eleilson Leite convidava os leitores a conhecer uma nova faceta de algo então pouco conhecido: o emergência do país das quebradas no cenário da da arte e da produção cultural.

As 35 edições de Cultura Periférica (disponíveis aqui) são, ainda hoje, um mosaico vivo e valioso. Nelas, Eleilson descreve e contextualiza, entre muitos outros, fenômenos como os saraus poéticos dos subúrbios, o hip-hop, o ressurgimento das rodas de samba e São Paulo, a produção independente (e em parte desmercantilizada) nas periferias, os DJs periféricos, as mostras culturais periféricas (1 e 2), o graffiti, os festivais alternativos de audiovisual, a arte de motoboys.

Eleílson nunca viu a produção cultural periférica como algo que deva ser condenado aos guetos. Recusa-se a enxergá-la como arte menor, válida em si mesma por ser feita por gente sofrida. Busca decifrar sua universalidade e estética. Ao mesmo tempo, amplia o foco do seu olhar, ao voltá-lo também para o debate das políticas culturais brasileiras. São notáveis, por exemplo, os textos sobre a gestão de Gilberto Gil no MinC e os limites (e tendências à segregação) da Virada Cultural de São Paulo.

Formado ele próprio nas quebradas, Eleilson tem conhecimento notável da galáxia que descreve. Mantém contato direto com artistas e produtores, em todas as expressões, por todas as partes do Brasil. É o criador da Agenda Cultural da Periferia, em São Paulo e o editor da coleção Literatura Periférica, da Editora Global. Mas não se satisfaz com esta bagagem. Obriga-se, em cada texto, a pesquisar de novo o tema em foco, por meio de leituras e conversas. Sua crítica tem sempre concretude. Nunca é mero palpite de alguém que se julga iluminado e superior — mas um diálogo em que apresenta uma obra e seu contexto ao leitor, oferecendo-lhe novos elementos para fruir, enxergar e avaliar.

O Caderno Brasil deixou de existir no início de 2009 e a coluna de Eleílson ficou interrompida. A partir de 2010, quando surgiu, Outras Palavras procura seduzi-lo a retomar a obra. É uma alegria anunciar que temos seus textos novamente. Ele reestreia hoje, com novo foco. Vai se concentrar na Literatura Periférica, tema de um mestrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Seu primeiro texto resenha Ex-excluído, livro de Germano Gonçalves. A cada quinzena, seus textos permitirão mergulhar um pouco mais num universo rico e, infelizmente, ainda pouco conhecido. O site tem orgulho de oferecer esta nova peça aos leitores dispostos a compreender um mundo e um país em processo de transformações profundas.

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Um comentario para "Outras Palavras passa a publicar Literaturas Periféricas"

  1. Getulio cardozo disse:

    publiquei seis livros de poemas por minha conta. Estou fazendo 60 anos e sei como é dura essa luta.

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