Mulheres no funk: poderosas ou dominadas?
Publicado 25/04/2013 às 12:07
Seriam as garotas meras oprimidas nos bailes? Exerceriam, ao contrário, o papel de novas feministas? Uma pesquisadora do Rio acha que é preciso desfazer os dois mitos
Por Gabriela Leite
O estudo do funk, estilo musical muito popular e que sofre grande preconceito no Brasil, já existe nas faculdades de antropologia desde a década de 80. Mas faltam pesquisas sobre o papel da mulher neste ambiente. É o que diz Mariana Gomes, estudante de mestrado da Universidade Federal Fluminense em seu projeto “My pussy é o poder: A representação feminina através do funk no Rio de Janeiro: Identidade, feminismo e indústria cultural”. Para ela, que se diz fã do ritmo em seu blog, o funk pode ser responsável pela liberação sexual da mulher, mas é preciso compreender seus limites.
Tratado na mídia de forma sensacionalista (destacou-se sua suposta apologia a uma das cantoras), o projeto de Mariana deixa bem claro: precisamos compreender com mais profundidade o fenômeno. No funk carioca, a mulher não costuma ocupar papel de protagonista, mas de objeto de desejo — o que a coloca como ser passivo. Quando cantoras ganham destaque no gênero (como ocorre com Tati Quebra Barraco, Valesca Popozuda e outras MCs), elas de certa forma invertem os papeis e passam a expressar sua sexualidade de forma aberta e irreverente. Porém, Mariana questiona a forma como são recebidas pela sociedade, e se fazem mais que reafirmar esteriótipos machistas. As funkeiras subvertem ou seguem a lógica do mercado? Tais perguntas pretendem guiar o estudo.
Mariana quer quebrar esteriótipos — tanto os que dizem que as mulheres são apenas oprimidas no funk quanto os que as colocam como as novas feministas. É preciso compreender a fundo as questões envolvidas, deixando de lado o preconceito que considera que funk não é cultura, reconhecendo sua enorme importância no Rio de Janeiro, no Brasil e sua influência internacional.
Gostei do artigo. Eu já pensei algumas vezes sobre isso, sabe? Esse negócio de funk, tem alguns que tudo bem, mas tem outras músicas que são muito exageradas junto com as danças…
Isso acaba muitas vezes expondo as mulheres que participam e em vez de se tornarem “empoderadas” acabam se tornando dominadas…
sinto muito, mas seu comentario é totalmente equivocado, estude a história da música e veja que 90% da boa musica, desde o blues, soul, jazz, rock e o funk de verdade (como james brown, tim maia) veio dos negros e das periferias e tem gente que vem com esse engodo que o funk carioca é a cultura e a voz das periferias…isso foi a pior coisa que veio das periferias em toda a história da música e querer eleger isso como símbolo cultural é uma maneira totalmente desonesta de denegrir o verdadeiro legado cultural que veio “da senzala”, como voce se referiu. O rap de verdade, como racionais, também tem muito conteudo, tem muito a dizer e valor cultural, funk é lixo.
da hora
Kkkkkkk
??????????????
Adorei a ideia do estudo!
qual seria a forma de corrigir o "erro" neste caso?
O funk é muito mais que isso: é a forma de expressão de uma juventude explorada e marginalizada pela vídia e pelo poder público. Não da pra ver o funk somente como "burrice" ou pornografia, o funk diverte, leva uma mensagem (em muitos casos) e dá voz à quem, muitas vezes, não tem.
Huau! Obrigada. Realmente não sabia 🙂 Eu diria que o movimento do quadril, pra mim, me lembra um círculo…enfim, é o tipo de questão que não leva a nada e nem a lugar nenhum. Não quis ser rude. Só não curto esses quadrados de oito ou lek lek lek…
O funk ao qual você se refere, Flavia, diz, "faz quadradinho de oito", e ela não dá a entender que um quadrado tem oito lados. A questão é que "quadradinho" diz respeito aos movimentos do quadril, formando um quadrado; enquanto "de oito" está relacionado com o cruzamento das pernas durante o "quadradinho", como se fosse um oito. Enfim, é isso.
Que coisa horrível!!!
"Quadrado de oito lados…" por favor não pode ser cultura é burrice mesmo …
Bem a cara dos dias de hoje: em vez de corrigir o erro, busca-se justifica-lo e vende-lo como o correto a se fazer.
vi uma frase que descreve bem o sentimento de quem descrimina o funk: ''a casa grande pira quando dizem que a senzala é cultura''