Jornalismo de profundidade na era da Internet
Publicado 24/06/2015 às 17:01
Editor de Outras Palavras apresenta as concepções políticas, inovações editoriais e ferramentas tecnológicas que viabilizam, há cinco anos, o site. Sessão abre projeto de formação de novos colaboradores, que prosseguirá em agosto
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CURSO: Jornalismo de profundidade na era da Internet
18/07, sábado, das 9h30 às 17h na sede de Outras Palavras (Rua Conselheiro Ramalho, 945 – Bixiga – São Paulo/SP)
Sujeito a lotação mínima
Participantes de Outros Quinhentos e estudantes têm direito a descontos e gratuidades. Saiba mais aqui
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A velha mídia está em crise, em todo o mundo. No Brasil, já decadentes e sem brilho, jornais e revistas dos grupos Abril, Globo, Folha e Estado enfraqueceram-se ainda mais, em 2015, ao demitirem jornalistas em massa. Mas mesmos publicações muito mais respeitadas, como o New York Times e El País, enredam-se em episódios de submissão a governos (e agências de “inteligência”), declínio da capacidade de cobertura, associação com grupos econômicos interessados em enviesamentos editoriais. A pergunta é: a Internet, vista há alguns anos como grande alternativa democratizante, poderá um dia preencher o vácuo aberto por esta queda? Ou se perderá na banalidade do Facebook e na mera crítica, sem alternativa, ao velho jornalismo?
Após cinco anos de esforços, construindo e desenvolvendo Outras Palavras, é hora de refletir sobre a experiência, compartilhá-la com quem se interessa por ela – mas a observa, por enquanto, de fora – e incorporar um novo grupo de colaboradores ao projeto. Em 4 de julho, Antonio Martins, editor do site, apresentará, num mini-curso, as concepções políticas, inovações editoriais e ferramentas tecnológicas que permitiram construir o site. Será a partida para um movimento mais amplo. A partir de agosto, as hipóteses teóricas e as práticas apresentadas sinteticamente em 18/7 serão desenvolvidas num curso extensivo, voltado em especial para estudantes e jovens jornalistas, com aplicação concreta. Os participantes serão convidados a participar, experimentalmente, da redação de Outras Palavras.
O mini-curso de 18/7 terá duração de seis horas e ritmo intenso. Durante a manhã (das 9h30 às 12h30), serão apresentados dois aspectos teóricos ligados à construção de um novo jornalismo, a saber:
1. Comunicação na Pós-Modernidade
A crise do paradigma de Gutenberg e da Comunicação de Massas. Emergência da Internet e das redes sociais. Declínio do modo industrial de produzir jornais. Implicações com a crise da democracia: quem produzirá as narrativas comuns do presente e do futuro? A rede como espaço caótico. A possibilidade de desenvolver, em alternativa às velhas redações, sistemas de Informação e Comunicação Recíproca.
2. Construção de um novo Pós-Capitalismo
Que projeto de transformação social, após o fim das primeiras experiências socialistas? O impasse das organizações históricas da esquerda: partidos e sindicatos. A emergência das políticas do quotidiano e da horizontalidade. A insuficiência atual destes projetos. Os riscos de um mundo mais desigual, autoritário e violento. Como construir, a partir de valores e práticas pós-capitalistas, políticas de transformação nacional e global.
À tarde (das 14h às 17h), o mini-curso se voltará especificamente para a possibilidade de reconstruir, em novas bases, o jornalismo.
3. As redes substituirão as velhas redações?
Informação e reflexão sobre as bases da experiência atual de Outras Palavras. Como articular centenas de colaboradores, a partir de uma redação reduzida. Critérios para a ampliação da rede. A importância do acompanhamento de conjuntura. A rede internacional: como acompanhar centenas de publicações alternativas, selecionar e traduzir seu material. O problema dos direitos autorais e possíveis respostas: uma rede global?; uma agência de notícias a partir dos BRICS?
4. Novo passo adiante: uma rede de jovens jornalistas para acompanhar os fatos quotidianos?
A importância de produzir, além de ensaios de profundidade, o acompanhamento dos fatos socialmente relevantes. A impossível imparcialidade: só é possível enxergar o mundo a partir de um ponto de vista. Fundamentos da meta-reportagem: pesquisa, apuração e checagem a distância. A redação de notas curtas, porém densas, e de breves ensaios. A formação de uma nova rede de colaboradores – agora reunindo estudantes e jovens jornalistas – que se articule a partir de temas, para narrar os fatos nacionais e internacionais.
A partir do tópico 4 da pauta, será construído, em breve, o curso extensivo que formará os novos colaboradores de Outras Palavras. O programa completo estará disponível em breve.