Índios contra a sujeira de Brasília

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Documentário narra conflito de bairro “ecologicamente correto” em Brasília e índios Fulni-ô, Tuxá e Cariri-Xocó, que resistem à invasão de suas terras pelos bilionários interesses imobiliários

Há menos de um mês foi lançado o documentário Sagrada Terra Especulada, produzido pelo coletivo do Centro de Mídia Independente (CMI) de Brasília. O filme de 70 minutos conta a história da resistência civil não-violenta contra a construção do Noroeste, aclamado pelo governo do Distrito Federal como o primeiro bairro ecologicamente correto do Brasil.

O projeto urbanístico em si pode até render elogios: pretende-se que os materiais utilizados na construção sejam todos certificados, haverá sistemas de drenagem para aumentar a infiltração da água da chuva pelo solo, a coleta de lixo se dará por sucção, ciclovias se estenderão por todas as ruas e os chuveiros elétricos estarão proibidos, assim como o uso de ar-condicionado. O problema é que o governo quer concretizar o bairro verde em cima de onde, hoje, está uma das poucas áreas de preservação ambiental de Brasília. E, pior, onde sobrevivem os últimos remanescentes indígenas dos povos ancestrais que um dia habitaram o Planalto Central.

Onde o poder público e a especulação imobiliária querem erguer o Noroeste, atualmente se encontra a Terra Indígena do Bananal, também conhecida como Santuário dos Pajés, porque abriga o único templo dedicado à religiosidade indígena na “capital de todos os brasileiros”. Para completar a equação, cabe lembrar que o Noroeste, cujos apartamentos estão à venda há mais de um ano, tem o metro quadrado mais caro do país. Uma quitinete naquelas paragens está sendo negociada por até 500 mil reais.

Antes de ser flagrado num dos maiores escândalos de corrupção da história do país, o ex-governador José Roberto Arruda era seu maior defensor. Paulo Octavio, seu vice naquele então, é dono da construtora que lidera o empreendimento.

Com imagens inéditas das manifestações realizadas durante todo o processo de negociação e implementação do Noroeste, das mais sutis às que geraram respostas violentas por parte do Estado, Sagrada Terra Especulada conta a história do Noroeste a partir do ponto de vista dos que resistem ao projeto: os índios Fulni-ô, Tuxá e Cariri-Xocó que resistem à invasão de suas terras pelos interesses imobiliários, e os estudantes, acadêmicos, defensores públicos e militantes da sociedade civil que enxergam na luta dos remanescentes indígenas um espelho de sua própria luta contra a sujeira e os privilégios gritantes da política brasiliense.

Mais informações sobre o tema, você encontra aqui. E vamos ao vídeo, que está disponível grátis para ser visto na internet e também para download, em copyleft. –Tadeu Breda

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8 comentários para "Índios contra a sujeira de Brasília"

  1. Gustavo Lima disse:

    Prezados,
    Comprei um apartamento no BAIRRO. Penso que este BAIRRO será referência para BRASÍLIA. Não posso fazer nada. Só quero receber dentro do prazo estabelecido o meu apartamento que é lindo é grande e claro: ecologicamente correto.

  2. Clayton disse:

    Eu também estou estupefato como uma mentira repetida pode ganhar ares de verdade! A grilagem de terra generalizada e passível de critica especialmente porque numa cidade como Brasilia os brasileiros deveriam tentar, ao menos uma vez na história se comportar como pessoas que valorizam o planejamento e aa leis, mas as velhas mazelas estão sempre aí! As verdades inventadas para sempre serem pagas pelo contribuinte! Este “índios” nem do cerrado não são e como todos os demais grileiros ricos pobres acampados e toda sorte de larápios que tentam tascar um teco do dinheiro dos contribuintes e demais cidadãos brasileiros! Tudo o que tenho a dizer, e que tudo isso e muito lamentável! E lixo por todo o lado, não tem por onde esta nacao escapar! A começar pela péssima cobertura dos fatos pela imprensa, tudo jogo sujo da imundice que e este pais com seus pseudocidadãos defensores das nulidades humanas…

  3. Estou estupefata com a coragem, a bravura destes verdadeiros guerreiros em mostrar o verdadeiro Brasil engolido por empresários e políticos corruptos. A Ditadura ainda permeia a vagabundagem dos poderosos, dos senhores de engenho das mídias. E como são caricatos! Santo Deus! Será que é tão difícil entender que a Terra não nos pertence? Que somos nós que precisamos da Terra-Mãe, que devemos reverenciá~la todos os dias como a luz do sol que a aquece, como a água que saceia a nossa sede e permite-nos estar vivos?!
    Gostaria de parabenizar o Coletivo Mídia Independente por não deixarmo-nos alienados perante as paisagens sempre ás mesmas das capitais paulista e carioca, o Brasil é lindo demais porque temos ainda resistindo, os primeiros habitantes verdadeiros desta terra e que tem como aliados, os estudantes e o povo. Obrigada e daremos continuidade a esta brava resistência, nas salas de aula, nas universidades que pretendem denominar-se como portadoras da sustentabilidade. O espírito da Terra sempre prevalecerá.

  4. PEDRO disse:

    Hay una politica de los “goviernos progresistas” de terminar con los pobladores originales de america. Brasil, Argentina, Bolivia avasallan sus tierras para que los grandes terratenientes y empresarios expandan sus negocios, que desvastan los teriorios americanos. Apoyemonos quienes luchamos contra este sistema desvastador del planeta, no importa el idioma que hablemos

  5. Este documentário aí publicado sobre o Santuário dos Pajés, finalmente foi aceito e fará parte do Festival de Brasilia 2011, aos que residem em Brasilia, poderão assistir e divulgar para as suas redes sociais. Será às 15h do dia 28/9/2011 no Cine Brasilia e neste blog que postei aí, fala tudo sobre a luta dos indios funiô desde 2007. A luta continua amigos, mas tenhamos fé em Deus e para eles o grande Tupã, que eles conseguirão o que sempre lhe foi de direito. Hayayá, o Santuário Não Se Move! Indio é Terra, Não dar para separar.

  6. alexandre disse:

    obrigado por produzirem esse vídeo. estou indignado. sou professor da rede pública em santa gertrudes / sp e divulgarei isso a amigos e alunos.
    obrigado
    alexandre
    weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

  7. ana amelia disse:

    Ao lado deste importante documentário, que vou encaminhar aos amigos , gostaria que se fizesse , também ,um alerta sobre a iminente construção de prédios sobre as nascentes da 213N , respeitadas até hoje como terreno de proteção ambiental mas que foram , sorrateiramente , vendidos pra especulação imobiliária – absurdo !!!

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