García Linera vê a potência plebeia da América Latina
Livro do pensador, que foi vice-presidente de Evo, reúne ensaios que mostram a atualidade das ideias marxistas, vistas a partir da ação coletiva e das identidades populares no continente. Sorteamos três exemplares para quem apoia nosso jornalismo
Publicado 29/07/2022 às 18:11
Quando esteve no 7º Salão do Livro Político em junho deste ano, em São Paulo, Álvaro Garcia Linera começou seu discurso mandando um “forte abraço” à Gustavo Petro, que então acabara de vencer as eleições na Colômbia. “Um espírito está tomando a América Latina. Um novo espírito que se apossou das expectativas, esperanças e lutas dos latino-americanos” disse na ocasião, referindo-se à volta dos governos progressistas no continente. Linera alertou para a antidemocracia das direitas pelo mundo, que cada vez mais tentam tomar o poder sem o voto popular. “Na Bolívia, a direita incendiou zonas eleitorais. Nos Estados Unidos, tomaram o Congresso e alegaram fraude eleitoral. É provável que isso aconteça em outros países da América Latina”, denunciou.
Linera participou ativamente da tomada do poder pela esquerda através do apoio popular quando, em 2006, se elegeu vice-presidente da Bolívia ao lado de Evo Morales. Em 2019 deixou o cargo, após a direita ignorar as eleições e autodeclarar Jeanine Añez como presidenta interina do país. Até novembro de 2020, quando perdeu as eleições para Luis Arce (do mesmo partido que Evo Morales e Álvaro Linera, o MAS), Añez liderou um governo marcado por concessões a militares e pelo total descontrole da pandemia de covid-19.
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Arce prometeu dar continuidade às transformações sociais e econômicas implementadas na Bolívia por Morales e Linera. Entre elas, uma das maiores conquistas do país: a declaração do Estado Plurinacional, com o pleno reconhecimento dos povos indígenas e seus territórios. Sociólogo especialista no assunto, Linera elaborou as principais teses que superaram equívocos das interpretações tradicionais da própria esquerda boliviana, para permitir que o movimento indígena surgisse como novo sujeito histórico e político do processo de superação do neoliberalismo no país.
Em A Potência Plebeia, o ex vice-presidente retoma as teorias marxistas para expor ao leitor alternativas de transformação revolucionária da realidade, tomando a Bolívia como exemplo. A obra é organizada por Pablo Stefanoni, economista e jornalista argentino e expõe com profundidade as transformações ocorridas na Bolívia nos últimos 16 anos.
