Aquecimento global: de que lado está a Europa?

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Documento vazado revela: Velho Continente quer bloquear transferência de tecnologias verdes aos países pobres e manter práticas de comércio que elevam emissões de carbono

Por Antonio Martins

Os governos europeus, que frequentemente alardeiam compromisso com o ambiente, estão dispostos a levar esta responsabilidade à prática, quando ela contraria lucros de suas corporações?

Um documento vazado pela organização britânica War on Want e pelo jornal londrino Independent, acaba de demonstrar que não. Os delegados do Velho Continente que participam da Cúpula do Clima, em Paris, estão sendo explicitamente orientados a bloquear duas medidas essenciais à luta contra a mudança climática.

A primeira é a transferência de tecnologias limpas aos países menos desenvolvidos. Ela é decisiva porque, sem acesso à inovação, nações empobrecidas serão obrigadas a ampliar o uso de fontes energéticas como petróleo e carvão, ou de processos de produção obsoletos e poluentes. Mas o documento de orientação aos delegados europeus é explícito. Pede resistir a medidas que afetem direitos de “propriedade intelectual” detidos por corporações europeias. Ou seja, os ganhos com a venda de conhecimento não podem ser tocados, ainda que o preço seja uma ameaça ao planeta.

O segundo veto europeu é contra medidas que reduzam o impacto negativo do comércio global no ambiente. Se adotadas, elas poderiam, por exemplo, proibir que produtos produzidos industrialmente por transnacionais fizessem concorrência contra o extrativismo sustentável de povos da floresta. Por isso, estas medidas têm sido defendidas por países do Sul do planeta. A União Europeia, contudo, argumenta que seus delegados não devem permitir que outras nações limitem as oportunidades de comércio e investimento de suas empresas.

O documento vazada pode ser lido aqui. O artigo em que John Hilary, coordenador da War on Want explica seu significado desastroso está aqui.

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