A árvore dos sonhos yanomami

Lançamento da Ubu Editora convida crianças e adultos a “sonhar a floresta”. Baseada em elementos da sabedoria yanomami, obra busca difundir a cultura desse povo a todas as idades – além de defender sua memória. Sorteamos um exemplar

Imagem do livro “Mari hi – a árvore dos sonhos”
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O que você faria se, um dia, um bicho estranho e completamente desconhecido tomasse sua cidade, causasse a todas as pessoas à sua volta uma terrível doença, proibindo todos de se tocarem, e transformasse, principalmente os mais velhos, em estrelas no céu? 

Por conta do monstro, as pessoas não poderiam se tocar e restariam apenas os sonhos para viver o mundo. Mas com tantas estrelas no céu, tudo ficaria tão claro, que até o sono nos seria tirado, tornando-se impossível sonhar…

Luna, passou por isso, e ao saber da existência de um yanomami chamado Davi, “que vivia na floresta e tinha uma solução para tudo aquilo”, resolveu dar um jeito de encontrá-lo!

A solução? Mari hi, a árvore dos sonhos. O restante da história pode ser lido no mais recente lançamento da Editora Ubu, que leva o mesmo nome do antídoto buscado por Luna. 

A versão desse livro foi escrita pela antropóloga e indigenista Hanna Limulja, autora de O desejo dos outros – uma etnografia dos sonhos yanomami (UBU – 2022), “filha do meio de dona Lia, da Paraíba, e de “seu” Lim, da Indonésia”. Além disso, a obra leva os fortes, coloridos e imaginativos traços das ilustrações do artista e escritor Gustavo Caboco, do povo Wapichana.

A ideia é recontar aos pequenos, principalmente àqueles que habitam as “selvas de concreto”, “a importância dos sonhos para os Yanomami” a partir da experiência de mais de quinze anos da autora com esse povo. Baseando-se em elementos de sua mitologia, cosmologia e sabedoria, o livro enseja ampliar o conhecimento acerca dessas populações para todas as idades, para que todos “possam sonhar a floresta”.

Outras Palavras e Ubu Editora sortearão 1 exemplar de Mari hi, a árvore dos sonhos, de Hanna Limulja e Gustavo Caboco, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 23/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!


“Quando as flores de Mari hi desabrochavam, os sonhos eram enviados para as pessoas.”


O personagem Davi, para quem Luna vai buscar ajuda, é inspirado no líder e xamã Davi Kopenawa Yanomami, guerreiro de décadas pelos direitos de seu povo, dos povos originários e da natureza.

A sensível e singela história de Hanna nos convida a sonhar como os Yanomami, com as florestas, com o sensível, com o que transcende o mundo do homem branco, com o que está além do visível.

Como disse Geni Núñez, que assina a quarta capa do livro, “com esta história, aprendemos que até para lidar com os piores pesadelos é preciso sonhar, que sem sonho não há vida, não há criança e não há sentido no mundo”.


Os brancos não sonham tão longe quanto nós. Dormem muito, mas só sonham com eles mesmos. Seu pensamento permanece obstruído e eles dormem como antas ou jabutis. Por isso não conseguem entender nossas palavras.


Disse Davi Kopenawa na obra A queda do céu – palavras de um xamã yanomami (Companhia das Letras, 2015). O povo Yanomami se relaciona com os sonhos de maneira muito diferente da que estamos habituados. Para eles, a vida que acontece de dia não é mais importante daquela que acontece de noite, nos sonhos.

Além disso, há o costume de compartilhar os sonhos diariamente e relacioná-los a acontecimentos do cotidiano – não necessariamente nessa ordem.

“O sonho só existe porque é socializado entre os Yanomami”, revela Hanna em entrevista à revista Gama. “Senão, ele não passa de uma ideia ou lembrança na cabeça de quem sonhou. O processo de recontá-los aos outros também é importante para que a comunidade continue lembrando e registrando de forma oral aquilo que seus membros sonham todas as noites”, continua.

É importante ressaltar que Hanna é ativista ferrenha pela proteção e direitos dos povos indígenas e esteve entre os pesquisadores e apoiadores que fundaram a Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, lutando para garantir os direitos desses povos.

Todas as suas obras têm o intuito de servir à essa causa, desde a denúncia do garimpo, que vem ceifando inúmeras vidas e toda a existência e memória de diversas populações originárias da América Latina, como também a reivindicação de suas histórias, legados e, também, sonhos.
Tendo isso em vista, fica o exemplo de Luna e de Hanna, que não ficaram paradas vendo toda a devastação do monstro passar e, também, não deixaram de sonhar e lutar, não só por elas, mas por toda a vida na Terra.


Em parceria com a Ubu Editora, Outras Palavras irá sortear 1 exemplar de Mari hi, a árvore dos sonhos, de Hanna Limulja e Gustavo Caboco, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 23/10, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

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