Uma jovem aspira ser atriz, numa alegria alienada do horror que bate à porta da França. Assim, A garota radiante encara o momento histórico com delicadeza, em prementes sinais do cotidiano e sem os diálogos expositivos de outras obras
O barqueiro. A esposa. E dois irmãos. Baseado num conto de Milton Hatoum, O rio do desejo é um filme sobre amores. Assim como o tempo, as águas correm inexoráveis e, com a selva quente, úmida e lúbrica, arrasta personagens e suas tragédias
Um filme singular de distopia está em cartaz. Uma milícia fanática de rapazes sarados e mulheres recatadas dedica-se a punir infiéis na porrada: o desejo está sempre à espreita – e é preciso sufocá-lo. Por coincidência, a líder chama-se Michele
Com atuação poderosa de Cate Blanchett, obra narra a vida da famosa maestrina – e talvez seja o mais sofisticado dos filmes de Oscar. Em cena, laços entre arte e biografia em meio ao circuito cultural de elite e o cancelamento nas redes
Uma refinaria rudimentar que vende gasolina barata a motoboys. O Partido do Povo Preso. E o fascismo em Brasília. Protagonizado por mulheres, Mato seco em chamas é uma ficção científica que mostra que luta e imaginação é arma das periferias
Em cartaz, Babilônia narra peripécias da passagem do cinema mudo para o sonoro, tal um Dançando na chuva. Promete sátira descabelada, mas entrega o grotesco — e a história se perde em frenesis hedonistas e escatologias, com escassa delicadeza
Il buco reconstitui a expedição de espeleólogos a uma das cavidades mais profundas da Europa, num vilarejo italiano. Em três dimensões peculiares (a humana, a animal e a mineral) o filme revela seu principal protagonista: o tempo
Os Fabelmans, novo filme do diretor, esbarra no melodrama, mas é uma carta de amor ao cinema. A saga do menino com câmera na mão mostra: diante do universo em desarranjo, a Sétima Arte transforma o caos em espetáculo catártico
Novo filme revisita a vida da imperatriz da Áustria no século XIX. O espartilho é sua síntese: vaidade narcisista e convenções sociais estrangulam suas pulsões íntimas – e, aprisionada em seu tempo, a qualquer hora tudo pode estourar
Jeanne Dielman (1975) narra o cotidiano de uma jovem viúva que se prostitui para pagar as contas. Em pequenas fissuras, o drama sutilmente se infiltra, sem qualquer concessão, a partir de um olhar sem moralismos da mulher contemporânea