Com linguagem sofisticada, filme adquire também uma dimensão metafórica. Nas cenas de escuridão, sob o capuz ou as cortinas de casa fechada, revela-se a clareza da ditadura. E na revelação de seu sequestro, a turva possibilidade de ver o corpo do ex-deputado
Filha de Rubens Rubens avalia a importância do Oscar para a cultura nacional – e também para reforçar a busca de punição para os crimes da ditadura. Também compartilha os traumas vividos e a emoção de se ver, assim como sua família, nas telas
Sem pertencer às vanguardas da forma ou reduzir-se a filme-panfleto, obra de Walter Salles tem forte carga política, mas liga passado e presente por meio de um nó: o da história íntima. E a plateia sente um pouco de tudo: o choro, a fúria, esperança, aplauso e memória
Uma análise da filmografia do diretor de Ainda Estou Aqui. Ele debruça-se nas fraturas sociais do Brasil, em elegia a um humanismo quase utópico. Seus olhares são preciosos, mas não veem quem mantém estruturas de poder. O público se comove, mas sai com uma indignação sem alvo
Em tempos de fluxo frenético de imagens, Ainda Estou Aqui conquista públicos com outro tempo de fruição. E faz da “casa burguesa” algo vivo, pulsante. Mas deixa certa sensação de vazio, por não podermos ver a resistência além da classe média branca
Ainda estou aqui narra uma tragédia – de uma mulher, de uma família, de um país, atingindo uma poesia audiovisual notável. O terror da ditadura que abate a casa dos Paiva adquire um tom universal – é a vida de cada um de nós triturada pelo autoritarismo
Obras de dois mestres da literatura, falecidos recentemente, viraram êxitos e fracassos no cinema. De Rubem Fonseca, foram 17 — nenhuma com sua vitalidade original. Já com Sérgio Sant’anna, um belo diálogo com suas inquietações