OutrasPalavras

Jornalismo de Profundidade e Pós-capitalismo

Líder camponês Erasmo Teófilo narra o inferno vivido por dezenas de famílias em Anapu, no Pará. Vivendo em assentamento da reforma agrária, são acossadas e extorquidas por jagunços armados e sofrem constantes atentados incendiários

Principal testemunha da chacina em Pau D’Arco foi morto a queima roupa um mês após denunciar ameaças dos policiais autores do massacre. José Vargas, advogado preso injustamente e que faria sua proteção, havia sido solto um dia antes

Entre os Manduruku, pistas de uma estratégia criminosa. Governo mantém aldeias à míngua. Empresas acenam a alguns indígenas com chance de enriquecer. Cria-se a dinâmica que divide etnias, atiça conflitos internos e devasta

José Vargas Júnior responsabilizou polícia pelo assassinato de dez sem-terra, no Pará. Para atacá-lo, promotoria usa mensagens irônicas enviadas por áudio. Quatro anos depois, réus pelo homicídio estão soltos e exercem atividade

No extremo norte do Pará, próximo ao Suriname, onde só se chega de avião, explode a mineração ilegal. Invasores chegam armados, com quadriciclos e motosserras. Militares, que fingem defender fronteiras brasileiras, fazem vista grossa

No norte do Pará, diante da terra indígena, avança a destruição. Não se caça, não se pesca, não é possível banhar-se na água. Justiça não reconhece crimes ambientais. Empresas driblam legislação terceirizando o garimpo ilegal

Operações na Bahia e Pará resgatam 148 pessoas submetidas a péssimas acomodações, sem acesso a higiene, e ganhando menos que metade do mínimo. Gigantes do agronegócio se beneficiavam com uso de fornecedores intermediários

Além de se unir a lideranças garimpeiras pela legalização da atividade, ministro Salles é suspeito de vazar informações sobre força-tarefa em terra indígena no Pará. Ministério da Defesa chegou a apreender aviões que seriam usados na operação

Na mesma região em que Dorothy Stang foi morta, Erasmo Teófilo luta pela produção sustentável. A mando de grileiros, sua casa foi invadida três vezes. A polícia não o protege. A violência espalhou-se, desde que Bolsonaro assumiu

Há cinquenta anos, mina de bauxita deslocou quilombo histórico, no oeste do Pará. Por décadas partem os navios. Levam a riqueza da região; ficam a lama dos rejeitos, a biodiversidade devastada e as cercas. À população negra, restam subempregos