OutrasPalavras

Jornalismo de Profundidade e Pós-capitalismo

Pensador português da sociologia das ausências lança questões incômodas. Como o colonialismo interno reproduz, até hoje, o europeu. Por que nos apartamos da libertação da África lusófona. E o crucial: quem pode ressignificar o bicentenário

A partir do caso Pernambuco, análise do modus operandi dos “negócios do vento”. Com promessas de empregos e energia limpa, empresas devastam a Caatinga — e ameaçam camponeses e indígenas. Órgão públicos são lenientes com violações

As doenças do Brasil, seu novo livro, carnavaliza a linguagem e dá voz aos sofrimentos que resultam do colonialismo e do racismo. Nele, o escritor é o “clínico da civilização” e o acerto de contas, é o caminho para curar as feridas da história

Sem ordem judicial, policiais despejam com violência comunidade que há duas décadas aguarda a demarcação de terras ancestrais. Cinco estão feridos. Indígenas denunciam: força pública de segurança age como milícia de ruralistas

Em terras griladas, ruralistas usam milícias para ameaçar quilombolas. Tribunal já confirmou que propriedade é ilegal, mas corporação mantém negócio com criminosos. É novo sinal do conluio entre transnacionais e bandidagem rural

No extremo sul da capital paulista, homens armados promovem invasões à aldeia Tenondé Porã. Dizem-se “donos da área” – e ameaçam famílias, incendeiam casas e disparam contra indígenas. A PM é conivente com o acosso

Mesmo subnotificadas, prisões de indígenas crescem. Processos estão envoltos por inúmeras violações, inclusive às mulheres gestantes. Invisibilizados, perdem o direito de cumprir pena junto à comunidade. Racismo e medo são constantes

Chloé Zao, vencedora do Oscar com Nomadland, desvela um capitalismo tão melancólico quanto brutal. Em Song my brothers (2015), seu 1º longa, sob um drama familiar indígena, as novas facetas do colonialismo – e de seu enfrentamento

Lógica da colonização e da conquista segue viva na alma do país. Dela nasce o tipo individualista, ganancioso e incontido, que trai ou rejeita seus iguais, mas se curva a um chefe poderoso. Não será possível superá-lo sem compreendê-lo a fundo

“Se o texto constitucional regula dois mundos, o sagrado e o cotidiano; e engloba duas gentes, a originária e a colonizadora, também é certo que entre esses mundos há uma greta, que só pode ser validada por um pacto de respeito mútuo”