Trabalhar cansa…

Depois do excelente “Um Ramo”, dupla brasileira leva a Cannes seu longa-metragem de estreia, que articula o prosaico ao insólito

.

Por José Geraldo Couto, editor do Blog do Zé Geraldo

Trabalhar cansa… mas às vezes compensa. A dupla de diretores Juliana Rojas e Marco Dutra conseguiu a proeza de colocar seu longa-metragem de estreia na prestigiosa mostra Un Certain Regard (Um certo olhar) do festival de Cannes, que acontece no mês que vem.

Não vi o filme, portanto não tenho o que dizer sobre ele, mas vi um curta anterior da dupla, Um ramo, que recebeu em Cannes em 2007 o prêmio Découverte Kodak de melhor curta da Semana da Crítica.

É uma pequena jóia de sutileza e poesia visual, em que o fantástico brota do cotidiano com uma naturalidade surpreendente. Um filme com absoluto controle do ritmo, dos enquadramentos, das elipses, dos silêncios, dos mínimos gestos dos atores, tudo a serviço da criação de uma atmosfera ao mesmo tempo poética e perturbadora, em que o humano e o orgânico se embaralham de uma maneira que lembra certos filmes de Cronenberg. Confira aqui:

“Um Ramo” from Gabriela Cunha on Vimeo.

No longa que agora vai a Cannes, Trabalhar cansa, o insólito também convive com o prosaico quando uma dona-de-casa resolve abrir um mercadinho na mesma época em que seu marido perde o emprego. Os atores principais são os mesmos do curta Um ramo, os excelentes Helena Albergaria e Marat Descartes (que protagonizou também Os inquilinos, de Sergio Bianchi). A produção é da produtora paulista Dezenove, de Sara Silveira, responsável também por Um ramo.

Aqui o trailer do filme, para nos deixar com água na boca – ou nos olhos:

José Geradl Couto é crítico de cinema e tradutor, foi durante anos colunista na Folha, escreve suas criticas hoje em seu próprio blog e na revista Carta Capital.

Leia Também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *