Poetas forjados nos saraus da periferia

Ela canta a condição da mulher negra e o amor distante, onde os corpos nunca se encontram. Ele exalta a lascívia e o futebol de várzea. Juntos, em Punga, representam uma geração que pôde mirar mais a liberdade estética que a denúncia social

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No artigo desta quinzena, compartilho a leitura do livro Punga (Edições Toró, 2007)1 , de Elizandra Souza e Akins Kinté. Poetas negros, ambos nascidos na década de 1980, foram forjados no Sarau da Cooperifa, berço da literatura periférica de São Paulo. Ela é do Grajaú, periferia da zona sul e ele é da Brasilândia, no extremo da zona norte. Akins é ligado às rodas de samba e ao futebol de várzea, é comerciante, cineasta e educador. Elizandra foi batizada no hip hop na década de 1990, dedicou-se ao fanzine e se tornou jornalista e editora. Punga quer dizer em alerta, atenção, em estado de iminente ação. Trata-se de um vocábulo das ruas, uma gíria que ficou ainda mais popular depois da publicação do livro, fazendo com que o termo passasse a ser mais recorrente nas poesias declamadas nos saraus e slams das periferias.

O lançamento deste livro, e a consequente trajetória bem-sucedida dos seus autores, configura um paradigma por meio do qual é possível se ter uma dimensão da importância do movimento literário da periferia paulistana. Elizandra e Akins tinham pouco mais de 20 anos quando a obra foi publicada. Beneficiados pelas políticas públicas dos governos petistas em nível federal e local, os jovens poetas confirmaram o destino que foi traçado para ambos. Firmaram-se como escritores, ocupando um lugar de destaque na cena literária periférica, constituíram uma carreira profissional consistente e, próximos dos 40 anos, encontram-se em posição consolidada, sendo exemplo para a geração que hoje tem a idade que os dois tinham quando Punga foi lançado. A trajetória desses dois poetas se confunde com a história do movimento literário que emergiu na aurora do século XXI tendo o Sarau da Cooperifa como celeiro no qual ambos foram forjados.

Elizandra Souza

Nascida no Grajaú, periferia da zona sul de São Paulo no ano de 1983, Elizandra inverteu o curso da migração e retornou com sua família para o interior da Bahia, de onde voltou em 1996 para morar no mesmo bairro que fica às margens da Represa Billings. No final dos anos 1990, Elizandra se envolveu com a cultura hip hop e na virada do milênio criou o Fanzine Mjiba (mulheres jovens negras em ação) por meio do qual exercitou sua vocação para a escrita, tanto poética, quanto jornalística. Em 2004 passou a frequentar o Sarau da Cooperifa. No mesmo ano teve seus primeiros poemas publicados no Ato III da Literatura Marginal/Caros Amigos.

Em 2006 integrou o time de poetas que declamaram no CD Sarau da Cooperifa e teve sua primeira participação nos Cadernos Negros, o que se tornou frequente nos anos posteriores, tanto nos volumes de poesias quanto nas edições dedicadas a contos2. Já formada em jornalismo, em 2012, Elizandra publicou seu segundo livro de poesia, agora solo, chamado Águas da Cabaça. Em 2013 organizou, junto com Carmem Faustino, a coletânea Pretextos de Mulheres Negras da qual participaram 10 autoras. Nos últimos anos constituiu o Selo Editorial Mjiba e fundou o grupo Sarau das Pretas por meio do qual vem se apresentando com muito sucesso em São Paulo e outras cidades.

A leitura de Punga é fluente e agradável. Apesar de muito jovem na época, Elizandra mostra ter habilidade na escrita o suficiente para transmitir seus pensamentos com nitidez e elegância. São poemas de fácil compreensão. Ela não abusa de figuras de estilo e tampouco força rebuscamentos. Uma poesia cativante e bem elaborada. Elizandra confirmou seu talento nos trabalhos posteriores consolidando um estilo próprio numa poesia mais madura, mantendo-se fiel às temáticas de seu livro de estreia.

Há dois temas predominantes nos 37 poemas reunidos por Elizandra: a condição da mulher negra e os dilemas do amor. O primeiro dá o tom da obra e incide sobre as diferentes condições da mulher: mãe, trabalhadora, adolescente que vive nas ruas, jovem ativista. Os poemas com essa temática são engajados, clamam pela sublevação e têm, na maioria, um traço épico (narrativo). Os de amor são líricos e revelam uma jovem insegura quanto aos seus sentimentos, almejando um amor, invariavelmente distante, inalcançável. Na poesia de amor de Elizandra, os corpos não se encontram.

A convicção que ela demonstra quando aborda temas sociais contrasta com a fragilidade que expressa quando mira sua própria existência, como expressa no poema com o sugestivo título Enigma: “A minha Estrela de Davi um dia se equilibrará/No dia em que eu mesma me encontrar/ Procuro-me nos outros, e não agrada o que vejo/Pois tenho esses mesmos defeitos/ Vivo tentando desvendar esse enigma/ que sou eu…. Ou no poema Escavação: “Escavo-me todo dia/tentando me encontrar/ora acho ouro/ ora acho trapo”. Seu autoflagelo sugere que o tom de suas manifestações nos poemas mais engajados pode ser um esforço de também se encontrar nas proclamações que sua fala assertiva denota.

O poema Menstruação que abre o livro é uma afirmação da condição feminina. Trata-se de um texto de mulher para mulher, com o perdão do clichê. O sangramento decorrente do ciclo menstrual é expresso pela autora como metáfora da renovação. Precedido de sofrimento, em virtude da cólica, este sangue é associado à hipocrisia da sociedade em relação à qual é necessário que toda mulher se liberte: “Sangre mais uma vez!/ Expele do teu corpo/ o embrião não fecundado/ junte todo o amargor/ e sangre outra vez!”. Mas não basta menstruar, diz a autora; é necessário agir. Ou seja, o efeito de renovação, revigoramento, só se realiza se há uma consciência que mobilize esta mulher abatida pela dor.

Continuando a temática sobre a condição da mulher negra, e do povo negro de forma geral, vem o poema Sou o seu HIV, que contém outra forte metáfora: o vírus HIV que provoca a AIDS. Novamente uma analogia sanguínea é usada simbolicamente para expressar uma revolta e um impulso de vingança. Elizandra discorre neste poema sobre o sofrimento do povo negro desde o embarque nas galés vindas da África até as mais contemporâneas formas de humilhação pelas quais ainda passam na sociedade brasileira. Afirmando-se herdeira de Zumbi, Anastácia, João Cândido, a voz da poeta diz que o povo afrodescendente possui um veneno de alto teor destrutivo para o qual não há antídoto: “Para vocês somos algo negativo/ como vírus do HIV no organismo/ cada dia mais vamos nos fortificando e se proliferando/ somos veneno e não temos antídoto/ espalharemos destruição/Destruiremos essa herança escravocrata”.

Já os primeiros versos da estrofe final do poema arrefecem o ímpeto destruidor destilado pela poeta. A vingança dá lugar à redução de danos: “Hoje quero reparação, mesmo que não apague as chicotadas/ quero vida decente para a futura geração”. Mas logo na sequência, nos versos derradeiros, volta à carga: “sei que vocês continuam se achando superiores/mas não se esqueça que sou seu HIV/estou entrando devagarzinho e levarei aos poucos/ tudo o que nos foi roubado. A autora sugere que este “vocês” a quem se dirige seja a classe dominante branca responsável pela exploração dos negros e dos trabalhadores em geral. Sendo o vírus HIV letal, esta classe estaria com seus dias contados devido à vingança iminente dos oprimidos.

Esse poema é um dos mais populares de Elizandra e até hoje agita os frequentadores da Cooperifa quando recitado. É um clamor pelo revide, uma abordagem que dissemina o ódio de classe, ingrediente de alto poder persuasivo, porém, de baixo teor de mobilização. O poema de Elizandra tem a virtude de conscientizar o leitor, porém seu tom vingativo associado a um vírus que incidiu sobre milhões de pessoas no mundo, especialmente na África, pode perturbar tanto este leitor que talvez o paralise ao invés de ativá-lo para a luta.

Em Menina Pretinha, Elizandra muda o tom para falar do mesmo assunto. Em algum lugar do passado, uma menina é apanhada numa aldeia da África Negra, acorrentada e colocada no navio para ser vendida como escrava. Deslocando para os dias atuais, o poema apresenta essa mesma menina habitando o corpo de uma outra garota que se encontra abandonada nas ruas, pedindo nos sinais, sem casa, sem estudo e grávida aos treze anos. Mas a autora termina o poema com uma mensagem não em tom de vingança, mas de esperança: “É! Menina./ A lua te olha tristonha/ Mas fica ansiosa/ pois não vê a hora de você reinar/ assumir sua marca quilombola/ assumir as suas linhas na história/ e ver seus olhos brilhar”.

A abordagem da negritude na poesia de Elizandra, e de outros escritores periféricos negro0,s é impregnada de uma visão homogeneizada dos negros e da África como se, necessariamente, sua exaltação fosse emancipatória. Como explica Stuart Hall: “Não existe garantia, quando procuramos uma identidade racial essencializada da qual pensamos estar seguros, de que esta sempre será mutuamente libertadora e progressista em todas as outras dimensões”3.

Esse mesmo argumento se estende à própria denominação de periférico que pode virar uma armadilha quando pretende se bastar em si mesma. Elizandra em sua poesia demonstra confiança no povo, traço comum da estrutura de sentimento da Literatura Periférica e por isso enaltece sua origem de classe e racial em tom de apologia. Isso não tira o brilho de sua escrita, mas prende seu texto, neste livro de estreia, é bom frisar, a uma retórica demasiadamente combativa nos poemas engajados em contraste com a elevada densidade reflexiva de seus poemas mais introspectivos.

Akins Kinte

Fabio Monteiro Pereira é o nome de Akins Kinte, nascido em São Paulo no ano de 1984. Foi cantor de RAP do grupo Reatra Hip Hop, viveu na Zona Norte onde frequentou muitos jogos de futebol em campos de várzea e rodas de samba. O autor vive sua negritude no gingado, na fala, no corpo. Depois da publicação de Punga em 2007, participou de várias coletâneas de saraus, sobretudo os da Zona Noroeste: Elo da Corrente e Poesia na Brasa, dos quais passou a ser frequentador mais assíduo depois de se afastar um pouco da Cooperifa, onde se projetou como poeta.

Além da poesia, Akins se dedicou à produção de vídeos; fez três: Vaguei os livros e me sujei com a merda toda (título retirado de um verso do poema Revel, publicado em Punga), de 2007; Várzea, a bola rolada na beira do coração, de 2010,e Zeca, o poeta da Casa Verde, produzido em 2012. Akins é também arte-educador, tendo atuado em projetos com adolescentes que cumprem medida socioeducativa na Fundação Casa. Por um tempo foi comerciante, mantendo um quiosque de venda de produtos eletrônicos e insumos de informática numa galeria da Rua Santa Efigênia. Publicou mais três livros e algumas antologias.

Na minibiografia escrita para o livro Punga, diz que usa “os versos como munição, meu (nosso), arsenal tem diretriz: um sistema injusto e cruel com o povo, por isso sempre em PUNGA”. Mas essa retórica aguerrida do texto acima não é o tom predominante entre os 38 poemas do livro. Akins dedica vários poemas para contestar as mazelas que pesam sobre o povo preto da periferia. Em alguns, inclusive, vai além da crítica sendo mais específico em relação a uma questão social, como no poema “Cotas Já”, sobre a reserva de vagas aos negros em universidades públicas: “Agora vai ser assim/ Preto que se assume/ Brasil que some/ Dê a nós o que é nosso/ ou o pau come/ Cotas já!”. Entretanto, o que mais há no livro de Akins são poemas de amor, exaltação à mulher, sexo e, em segundo lugar, o futebol de várzea. São 10 textos dedicados às paixões do poeta e suas musas. Essa predileção já é um anúncio do seu segundo livro, todo dedicado à poesia erótica: In cor poros, nuances de libido. Publicada em 2011, a obra é escrita em parceria com a poeta carioca Nina Silva, confirmando sua facilidade em lidar com mulheres inclusive na dimensão profissional, posto que seus dois primeiros livros são obras conjuntas com escritoras.

A poesia de amor e sexo de Akins tem sutileza e sofisticação, daí, provavelmente, venha a credibilidade junto às mulheres. Tal reconhecimento se justifica na habilidade em tratar do universo feminino a ponto de fazer uma poesia com o eu lírico de uma mulher: Fez de mim mulher cujos versos esmeram-se em sensibilidade: “Fez de mim mulher/ Num choro acumulado sem freios/ Afaguei o quilombola em meus seios/ Espantei os fantasmas, fui guardiã. Ao retomar sua condição masculina, o poeta é mais direto, porém sem perder a ternura, como no poema Gosto de Fazer Amor: “No aconchego de sua pele macia/ Assino minha carta de alforria/ Meus lábios mornos levianos/ encontram pureza/ nos seus pelos pubianos.

Akins também consegue ser contemplativo perante a mulher desejada: “sozinho o peito dói como açoite/ lá longe estrela no universo/ caio pra dentro da noite/ desabafando no meu verso (Estrelinha). Ou devoto da mulher amada para qual vale a pena o malandro se regenerar, como no poema Onde Anda Minha Tereza que tem ecos da canção de Jorge Benjor (Cadê Tereza?), no qual se derrama em versos como: “se você voltar, eu vou me regenerar…/ A navalha troco por viola/ e te construo belos sambas/ Antes roubo os sorrisos do mundo/ e lhe costuro um vestido. O poeta que ama as mulheres, tem sua musa predileta com quem quer construir família e seguir na luta como expressa no poema Linda Mulher Preta: “Pra defender a família/ segura firme na metranca/ Enfrenta como mulher preta/ a sociedade machista branca./ Em paz com a família, olhar vivo/ Orgulhosa de si o semblante altivo.”

A lira de cunho romântico amoroso de Akins Kinte aprofunda o distanciamento que a Literatura Periférica guarda da Literatura Hip Hop4 no que diz respeito à temática feminina, algo já apontado aqui em função da análise de outros poetas deste segmento ligado aos saraus. Por outro lado, a grande presença de poemas eróticos no livro Punga, somado ao seu segundo livro totalmente dedicado ao gênero, acentua essa distinção elevando a diferença ao ponto do antagonismo, dada a visão estreita que Ferréz, Alessandro Buzo e Sacolinha compartilham a respeito do universo feminino. Os dois primeiros pela promiscuidade lasciva e o último pelo recato submisso. Akins e os demais autores, inclusive as autoras, colocam a mulher na posição mais paritária em relação ao homem seja qual for o tipo de relação afetiva, ou não, que se estabeleça entre os dois.

Nos saraus da periferia, o povo vira artista

Mario Augusto Medeiros, em sua tese de doutorado5 define o surgimento, desenvolvimento e significados das literaturas negra e periférica. Dentro de um período delimitado pela publicação do livro Quarto de Despejo (1960) de Carolina Maria de Jesus e a publicação do livro Capão Pecado (2000), de Ferréz, o autor procura demonstrar que as duas correntes literárias são vertentes de um mesmo movimento que busca a negação de um lugar naturalizado para os negros e pobres, o lugar da submissão. A essa subversão ele dá o nome de “descoberta do insólito”, ou seja: “um livro, um autor, no universo da escassez, da pobreza e do crime”.

Essa formulação explica bem o fenômeno da produção literária periférica e a ascensão de autores como Akins e Elizandra que fundem as tradições da escrita negra e periférica. Todavia a escrita de ambos se diferencia daquela produzida por Ferréz, destacado, acertadamente, por Medeiros. O autor de Capão Pecado faz uma representação demasiadamente sombria e violenta da periferia, logo, mais cética, inclusive do ponto de vista das relações sociais nela existente. Ligados aos saraus, especialmente o da Cooperifa, Akins e Elizandra têm uma abordagem mais celebrativa da quebrada e do povo que nela habita, como é próprio desses recitais periféricos. Talvez isso tenha a ver com o contexto político da época em que Punga foi escrito (2007) em contraposição ao cenário de pobreza e violência exacerbada dos anos 1990 que serve de inspiração a Capão Pecado. Essa distinção de propostas estéticas me levou a identificar duas correntes literárias: a hip hop (também conhecida como marginal) inaugurada por Ferréz e a periférica que tem o poeta Sergio Vaz como autor seminal, a qual Akins e Elizandra se identificam mais, no meu entendimento.

Poderíamos deduzir que as mudanças sociais pelas quais passaram as periferias em virtude do incremento da renda dos mais pobres durante o governo Lula, provocando o fenômeno conhecido como ascensão da classe C, teria levado os escritores periféricos a diminuírem o ímpeto da crítica social, mudando o foco de suas temáticas. Considerando que os escritores da corrente periférica surgem em maior número a partir de 2005, portanto sob a vigência do “lulismo” e sendo este segmento o que aborda temas como a violência, por exemplo, de forma mais sutil, esta ideia adquire ainda mais sentido, mas não pode ser a única chave explicativa das distintas estruturas de sentimento entre as correntes hip hop e periférica da literatura produzida nas bordas da metrópole.

A diferença é também de ordem interna, de concepção estética. A Literatura Hip Hop é mais autocentrada e a Literatura Periférica é mais cosmopolita, mais permeável às influências externas. A Literatura Hip Hop se pretende portadora de uma missão redentora junto a um povo visto por seus autores como iletrado e massificado pela mídia que o aliena, enquanto a literatura periférica reconhece que os artistas são também responsáveis pela mediocridade do povo quando dele se afastam. Assim, os saraus que articulam essa corrente literária são também espaços comunitários onde mais do que o artista se encontrar com o povo, este se converte em artista.

A nova safra de escritores da periferia paulistana, creio eu, já vai nessa linha. Sem ser um sujeito insólito e sem carregar o peso da responsabilidade de “representar” e “dar voz aos excluídos”, essa geração está mais livre para falar de prazer e outros temas da condição humana, sem deixar de ser crítica e engajada, dedicando-se à arte não só como expressão, mas como construção estética. O lugar de enunciação mantém seu vigor, sem ser o sentido único dessa arte que já assegurou seu lugar na história tendo Akins e Elizandra como dois representantes da fase inicial, mas que se mantiveram atuais e fecundos inspirando a geração que nem mais vai tanto aos saraus e sim disputam batalhas de poesia falada nos slams.

1 Lançado pela Edições Toró, Punga é um livro duplo: de um lado, Elizandra Souza, de outro, Akins Kinté. Tem formato 14 x 21, 130 páginas; projeto editorial de Allan da Rosa e dos respectivos autores; diagramação de Mateus Subverso; capa e ilustrações de Byllla (Elizandra) e Coyote e Marco ZX (Akins). Seguindo o padrão desse Selo Editorial, o livro é impresso em preto e branco, com várias ilustrações e fonte semelhante à caligrafia manual. Na lombada é aplicada uma trança afro ao estilo das usadas por rastafáris e adeptos da cultura reggae, sugerindo um dread lock, indicando neste inusitado paratexto a ênfase que tanto ela quanto Akins dão à negritude como temática de suas poesias.

2 Os Cadernos Negros, publicados desde o final da década de 1970 pelo Quilomboje, intercala suas edições anuais com um volume de poesia num ano e de contos em outro. Depois da edição de 2006, Elizandra apareceu no volume 33, de poesias (2010) e a partir de 2009, em todos os volumes de contos.

3 Hall, Stuart. Que “negro” é esse na cultura popular negra? In: Diáspora, Sovik Liv (org) Editora da UFMG, Belo Horizonte, 2011

4 A Literatura Hip Hop corresponde a uma corrente de escritores que tem como expoente máximo, Ferréz. Nessa literatura, a periferia é mais sombria e violenta e as mulheres são personagens, geralmente, secundários e, por vezes, desprezíveis, como re\za a tradição do hip hop dos anos 1990. Discorro sobre isso na minha dissertação de mestrado: Mesmo céu, mesmo CEP: produção literária na periferia de São Paulo, Leite, Antonio Eleilson, USP/EACH, 2014, São Paulo.

5 Tese de doutorado apresentada ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, Campinas, 2011

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