Auê: entre teatro, música, dança e circo
Com 21 canções inéditas autorais, espetáculo de Duda Maia traz a originalidade de um musical à brasileira, com lastro na arte popular nordestina
Publicado 29/11/2016 às 16:21 - Atualizado 15/01/2019 às 17:35
Com 21 canções inéditas autorais, espetáculo de Duda Maia traz a originalidade de um musical à brasileira, que rompe fronteiras entre expressões artísticas mas mantém lastro na arte popular nordestina
Por Wagner Correa de Araujo | Imagem: Silvana Marques
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Teatro FAAP
Rua Alagoas 903, Higienópolis, São Paulo, fone (11)3662.7233
Duração: 90 min. Classificação: 12 anos
Em cartaz até 18 de dezembro
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Navegando em outros mares, descobertos entre as viagens de “Gonzagão – A Lenda” e “Ópera do Malandro”, a Cia. Barca dos Corações Partidos abre sua arca de sonhos musicais na surpresa teatral / coreográfica de AUÊ.
Com vinte e uma canções inéditas autorais, sete atores/cantores/bailarinos provam que ainda há instantes de inusitado presságio pela redescoberta da originalidade de um musical à brasileira.
E que falar de amores à moda antiga, daqueles de “corações partidos”, extravasados entre evocações líricas e repiques bem humorados, é capaz, sim, de provocar incêndios na ocupação dramatúrgica. Ou de arrastar espectadores para viagens pelos espaços siderais da mente.
Quando uma emoção estética, de carisma e empatia, é direcionada numa arrojada proposta cênica. De trajetória sem fronteiras – música / teatro / dança / performance / circo/, no imanente lastro da arte popular nordestina.
Mérito de um elenco no seu alcance dos contornos artísticos possibilitados por um inspirado repertório de canções próprias (Adren Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Fábio Henriquez, Eduardo Rios, Renato Luciano, Ricca Barros, mais o músico convidado, Rick de La Torre).
Na envolvência extrovertida de um cancioneiro de serestas, maracatus, baião, cocos, sambas e rocks regionalizados.
Enérgico, tanto no domínio das nuances diferenciais de vozes masculinas (com direito até a brincadeiras com tessituras operísticas), como na visível unidade interpretativa. De instintiva musicalidade, sob um dúplice comando sonoro/arranjos (Alfredo Del Penho/Beto Lemos).
Além do manejo artesanal da diversidade de instrumentos (sopros, percussão e cordas), investindo em posturas reveladoras, a partir de uma intrépida gestualidade coreográfica. Capaz, no seu singular manuseio, de abrir novas perspectivas formais para nossos palcos musicais.
Há que se mencionar, também, a funcionalidade da iluminação (Renato Machado), de contrastes entre claridades e cores. E figurinos, em tecidos de transparente leveza, irradiantes na espontaneidade da performance no referencial circense de uma arena/picadeiro (Kika Lopes).
Num espetáculo de tantos acertos, ao belo desempenho coletivo, há de se juntar a força impulsionadora deste intensivo fluir de atitudes criadoras, a concepção mor de Duda Maia. Que, na sua competência diretora, soube favorecer a liberdade da representação, em favor de uma invenção cênica, surpreendente pela sua luminosidade, exponencial pelo que traz de novo.
Prezados companheiros,
E quem teve esta excelente idéia? Quem esteve por detrás dos bastidores? Quem ralou para colocar em cena? Quem a produziu?
Faltaram estas informações.
Cordialmente,
Claudio Ribeiro – Casimiro de Abreu, RJ.