O Bailado do Deus Morto de volta ao Teatro Oficina

Peça modernista de Flávio de Carvalho, censurada nos anos 30, retorna ao palco do Bixiga com direção de Marcelo Drummond. Quem apoia nosso jornalismo concorre a dois pares de ingressos e tem meia-entrada

Aos 63 anos de atividade, a dramaturgia audaciosa do Teatro Oficina se prepara para encontrar novamente o respeitável público na Rua Jaceguaí. Após uma temporada de maio a junho deste ano com Esperando Godot, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, a companhia de Zé Celso voltará agora a apresentar O Bailado do Deus Morto, de Flávio de Carvalho, em temporada de 16/9 a 25/9.

Como de costume, o Oficina aposta em um material desafiador, que desde sua criação se orientou pela expansão das fronteiras da arte no Brasil. A pesquisadora da UNIRIO Carolina Lyra, cujo doutorado trabalhou a obra do autor, explica que Flávio escreveu O Bailado do Deus Morto em 1933 para a inauguração do Teatro da Experiência, um projeto de reavivamento da experimentação cênica nacional – e que, logo nas primeiras apresentações, já foi interditado pela censura.

Apesar de carioca de nascimento, Flávio de Carvalho foi um personagem imerso no modernismo paulista. Seu natimorto Teatro da Experiência seria sediado no espaço do Clube dos Artistas Modernos (C.A.M.), que fundou junto dos pintores Di Cavalcanti, Antônio Gomide e Carlos Prado para congregar os elementos de tendência vanguardista na cena artística local.

Outras Palavras e Teatro Oficina sortearão 2 pares de ingressos para O Bailado do Deus Morto, com direção de Marcelo Drummond, entre os apoiadores do nosso jornalismo. Os ingressos serão válidos para a apresentação do dia 24/9 (sábado), às 20h. O formulário de participação será enviado por e-mail e o sorteio aceitará inscrições até quinta-feira, 15/9, às 14h. Quem é Outros Quinhentos também tem direito a meia-entrada no Oficina.

A peça que escreve agrega vários elementos que caminham no sentido de renovar as práticas teatrais: é uma “obra experimental que procurava novos moldes de expressão”, segundo o próprio Flávio de Carvalho em seu livro A Origem Animal de Deus e o Bailado do Deus Morto (1973). 

Isso se dá, primeiro, a nível do texto: transgressora, a obra acompanha (em uma hora de dança-cântico e rito-espetáculo) “milhões de anos” da vida de um Deus animal que, seduzido pela figura de uma mulher, perde sua condição divina e cai para o grau de mero homem civilizado. Depois, nas formas – o artista desenhou para a peça fantásticas máscaras de metal e outros adereços que deixam para trás noções tradicionais de figurino. Sua abordagem de temas como sexualidade e Deus pôs o Bailado na mira das autoridades, que impediram sua encenação e inviabilizaram a continuidade do Teatro da Experiência.

Apresentação d’O Bailado do Deus Morto em 1933. Fonte: Fundo Flávio de Carvalho/CEDAE-UNICAMP, Campinas.

Para sua encenação, o Teatro Oficina fez réplicas das máscaras metálicas projetadas pelo dramaturgo. As artistas Laura Vinci e Rosana Martinelli foram as responsáveis por produzir as peças de figurino.

O elenco é composto por Otto – no papel do Deus Animal –, Sylvia Prado (a Mulher do Deus) e Roderick Himeros (o Lamentador). Danielle Rosa, Fernanda Taddei, Kelly Campello, Maitê Arouca, Mayara Baptista, Marcelo Dalourzi, Paulo Venceslau, Sonia Ushiyama e Victor Rosa completam o coro da peça. Marcelo Drummond assina a direção desta encenação do texto original de Flávio de Carvalho.

A peça teve três curtas temporadas online durante a pandemia e foi apresentada pela última vez no palco do Oficina em 2020. “O texto não entrega um veredicto final ou uma opinião sobre deus e suas possíveis mortes ou transições, nem uma crítica pronta — embora ela esteja sempre presente. Em vez disso, ele faz o espectador sair do espetáculo cheio de questionamentos que lidam com a ciência, a psicanálise, a religião, os ritos, o capitalismo, a humanidade, a evolução, a moral”, escreveu Simone Paz para o Outros Quinhentos sobre a encenação realizada dois anos atrás.

Ensaio do Teatro Oficina para O Bailado do Deus Morto. Foto: Igor Marotti/Divulgação

Apoiadores do nosso jornalismo concorrerão a 2 pares de ingressos para a apresentação do dia 24/9 (sábado), às 20h, d’O Bailado do Deus Morto. Realizado em parceria com o Teatro Oficina, o sorteio aceitará inscrições até a próxima quinta-feira, 15/9, às 14h – o formulário de participação será disponibilizado por e-mail no boletim enviado para quem colabora conosco. 

Os membros da rede Outros Quinhentos contam ainda com direito a meia-entrada no Oficina mediante apresentação da carteirinha especial que disponibilizamos aos apoiadores que nos solicitarem por e-mail.

Não perca a chance de assistir esta peça que é ao mesmo tempo um marco histórico da arte brasileira e uma expressão concreta da vitalidade do teatro contemporâneo: conheça os planos da rede Outros Quinhentos, sustente o jornalismo independente de Outras Palavras e acesse as contrapartidas oferecidas por nossos parceiros.


Confira as informações do espetáculo:

O BAILADO DO DEUS MORTO

SESSÕES

de sexta a domingo

de 16 de setembro a 25 de setembro, sempre às 20h

Teatro Oficina – Rua Jaceguai, 520, São Paulo – São Paulo 

INGRESSOS: 

R$60,00 inteira

R$30,00 meia

R$25,00 moradores do Bixiga (venda presencial na bilheteria com comprovante de residência em próprio nome)

R$100,00 ingresso de apoio ao Teatro Oficina

TEM DIREITO A MEIA ENTRADA:

ESTUDANTES

Para que os estudantes tenham direito à meia-entrada, é preciso apresentar a Carteira de Identificação Estudantil.

IDOSOS

É considerado idoso a pessoa que possui idade superior a 60 anos.

Para comprovação, é necessário apresentar o documento de identidade.

PNE

Para garantir o direito à meia-entrada portador de necessidades especiais e acompanhante, é necessário apresentar o cartão de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social da pessoa com deficiência ou documento emitido pelo INSS, atestando a aposentadoria.

O documento de identidade com foto também é exigido.

JOVENS DE BAIXA RENDA

Os jovens com idades entre 15 a 29 anos que pertencer à uma família com renda mensal de até dois salários mínimos, inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal tem direito à meia-entrada.

O documento de comprovação é a Carteira de Identidade Jovem.

PROFESSORES

Os professores da rede estadual ou municipal de ensino possuem direito à meia-entrada.

É necessário apresentar a Carteira Funcional emitida pela Secretaria da Educação, ou apresentação do respectivo holerite.

Não esqueça do seu comprovante!


Para ler a ficha técnica completa e mais informações d’O Bailado do Deus Morto do Teatro Oficina, clique aqui.

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