Queremos a volta dos trens brasileiros!
Feriados voltam a escancarar irracionalidade social e ambiental do automóvel. Caos exige reabrir um debate: até quando país adiará reconstrução de sua malha ferroviária?
Por Raquel Rolnik, em seu blog
Publicado 25/04/2014 às 19:47
Feriados voltam a escancarar irracionalidade social e ambiental do automóvel. Caos exige reabrir um debate: até quando país adiará reconstrução de sua malha ferroviária?
Por Raquel Rolnik, em seu blog
Mais uma vez, a volta de um feriado — o de Páscoa — exigiu muita paciência dos paulistanos. Muita gente ficou horas parada no trânsito para conseguir voltar pra casa. Um amigo levou 10 horas para fazer um trajeto entre o litoral e a capital que normalmente dura 3 horas. Imagine só… você passa quatro dias descansando, mas chega em casa totalmente estressado depois desta agradabilíssima viagem de volta…
Já está mais do que claro que duplicação de rodovias, construção de novas pistas, túneis e viadutos não resolvem esse problema. Além de não darem conta da demanda – que só aumenta à medida que se abre mais espaço para veículos passarem –, as consequências ambientais são sempre grandes e raramente mitigáveis. Destruímos serras para chegar mais rápido e usufruir… das próprias serras…
Antigamente era possível ir de trem até Santos e até mesmo para o Guarujá. Lembro que íamos de trem para o Rio, para Minas e para todo o interior de São Paulo. É inacreditável que hoje, com tantos recursos e tecnologias disponíveis, não exista essa alternativa.
Além de ficarmos engavetados em viagens intermináveis, nossos carros entopem as belas praias, montanhas e cidades históricas que vamos visitar. Na maior parte delas, aliás, não há a menor necessidade de uso do carro. É possível resolver tudo a pé ou de bicicleta, ou usar transportes locais, minimizando o enorme impacto ambiental que essa imensa quantidade de veículos causa a pequenas vilas e cidades.
Precisamos urgentemente de um trem que ligue a metrópole ao litoral e ao interior.
No ano passado, o Governo do Estado anunciou a construção de uma linha de trem de média velocidade – 120 km por hora – para fazer essa ligação. O projeto – chamado de Trem Intercidades – prevê 430 km de malha ferroviária.
De acordo com o que foi divulgado pela imprensa, esse trem ligaria a capital a Campinas, Americana, Jundiaí, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Santos, Sorocaba, São Roque, São José dos Campos, Taubaté e Pindamonhangaba. A publicação do edital para concorrência pública para empresas interessadas em entrar no projeto, via parceria público-privada, foi prometida para este ano, mas até agora nada…
Já imaginaram? Poder viajar tranquilamente, com conforto e hora marcada pra sair e pra chegar, preservando nossas praias e nossas cidades dos danos causados pelos carros?
Queremos um trem para o litoral e interior já!
59 MIL assinaturas pela VOLTA DOS TRENS DE PASSAGEIROS!
https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/Queremos_a_volta_dos_trens_de_passageiros_por_todo_o_Brasil/
Faz mais de vinte anos que escrevo isso na NET. Desde que a NET existe.
Pois os jornais sempre se negaram a discutir este assunto. Dizia-se que recebiam propinas da indústria automobilística. Isso não foi provado. Mas sabe-se que o assunto é tabu.
Prezados, não é só São Paulo que demanda uma malha ferroviária satisfatória, mas o país inteiro. Dado o seu tamanho continental é, no mínimo, irracional não podermos fazer uma viagem de Maceió a Brasília, por exemplo, de trem. Receio que nossos governantes estejam tão viciados no lobby quanto os do passado estavam dependentes do sistema escravocrata, que já não têm mais coragem de ir contra e só com amplo apoio e pressão da população, o que pode vir a demorar muito mais do que a abolição, poderíamos mudar algo e deixarmos de ser dependentes, quase escravos de um sistema de transporte que preza tudo, menos nosso direito constitucional de ir e vir.
É realmente um absurdo insistir no sistema rodoviarista em detrimento à ampliação da malha ferroviária, pois manter o atual modelo só atende aos interesses da indústria automotiva e também das grandes construtoras! Outra coisa que questiono é o fato do transporte por ônibus intermunicipais e interestaduais geralmente ser muito caro, aqui em Minas Gerais por exemplo, se uma pessoa viajar sozinha de carro (dependendo do carro), irá gastar com combustível valor semelhante ao que gastaria com passagens de ônibus. Pensando em algo possível de se implantar a curto prazo, será que não seria interessante pensar num sistema de faixas exclusivas para ônibus entre São paulo e a Baixada Santista, que funcionaria apenas em épocas de grande demanda? Creio que o sistema viário da região comporte tal intervenção tranquilamente.