Os valores dos novos tempos

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Crescem os sinais de que sucesso financeiro, competição de todos contra todos e consumismo perdem espaço entre a juventude

Por Luis Nassif, em seu blog

Há mudanças conflitantes nos hábitos de consumo mundiais, com reflexos profundos no futuro da indústria de consumo, especialmente nos mecanismos de criação de necessidades no consumidor.

Das classes médias altas dos países centrais observa-se uma profunda desilusão com o estilo que marcou os anos 90, de jovens entrando no mercado de trabalho, buscando rapidamente seu primeiro milhão, tendo como espelho os yuppies do mercado financeiro.

Hollywood sempre foi um espelho fiel do estado de espírito da classe média norte-americana. Nos anos 90 o sucesso individual era o ponto máximo dos filmes destinados à juventude. Nos últimos anos, desenhos e comédias leves trazem de volta o conceito de que a felicidade está nas pequenas coisas ao alcance das mãos.

No Brasil esse movimento pode ser percebido em algumas pesquisas qualitativas de opinião que mostram o nascimento de uma nova classe média ou média alta muito empenhada na tal busca da felicidade.

No merca do corporativo, os movimentos mais significativos são dos jovens com poucos anos de trabalho, que experimentaram saltos impressionantes nos salários, decorrência do aquecimento do mercado.

O jovem gerente tem um perfil bastante similar, pelo menos em São Paulo.

De um lado, está encantado com as novas possibilidades de consumo. Seu consumismo contribuiu para tornar São Paulo uma das cidades mais caras do planeta – independentemente de avaliações sobre o câmbio.

Nessa faixa de renda, a cidade vive uma bolha que não pode se sustentar por muito tempo.

Na outra ponta, no entanto, esses jovens executivos não guardam fidelização às suas empresas, talvez pelo desencanto da geração anterior com a quebra de expectativas trazida pela crise. O sonho de consumo é fazer o pé de meia até os 40 anos e, depois, viver a vida – seja curtindo, seja vivendo experiências de empreendedor social ou corporativo.

Na outra extremidade cultural, na juventude intelectualizada ganha espaço cada vez maior os modos de vida alternativos, catapultados nos sonhos dos jovens pelas possibilidades da Internet.

No recente seminário Brasilianas sobre mídias sociais, o professor George Yuidice, de Miami, considerou o Brasil “o maior laboratório social do planeta”.

De fato, o país vive um período sem paralelo de novas experiências sociais.

No campo da cultura, experiências como o “Fora de Eixo” – iniciativa de uma rapaziada, que montou toda uma tecnologia social para gerenciar possibilidades culturais no Brasil todo. O sistema possui várias casas de cultura em vários pontos, que servem de local de apoio para quem quiser excursionar por todo o país; desenvolveu moedas internas, que podem ser trocadas por serviços.

Há o Banco Palmas (www.bancopalmas.org.br), em Fortaleza, um banco comunitário que criou sua própria moeda, que pode ser transacionada com vantagens nas lojas do bairro. Essa experiência está sendo expandida para outros centros.

No faixa de baixo da pirâmide, depois do porre inicial com o crédito, deve haver maior assentamento e preocupação com a poupança.

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