O documentário resiste ao incêndio do Cinema brasileiro

Com orçamentos reduzidos mas público recorde, graças aos festivais online, gênero renasce, aproxima-se da realidade social brasileira e vê surgimento de novos cineastas. Ameaçado por Bolsonaro, resgata “potência do agir” de Espinoza

Geraldo Sarno na cidade de Milagres, Bahia (2018), durante a filmagem de “Sertânia” — talvez seu filme de maior público
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Por Piero Sbragia, no Le Monde Diplomatique Brasil

Foi Baruch de Espinoza quem criou o conceito da potência de agir, um estado de espírito tão forte que seria capaz de fornecer uma certa energia autossuficiente para seguir a vida. Caberia a cada ser humano um esforço contínuo, consciente ou não, para manter essa potência de agir sempre em níveis elevados. Só existiríamos, para Espinoza, se mantivéssemos esse esforço para perseverar, o que ele chamava de conatus. Confesso certa empatia por pensamentos que possibilitam transformações ou ressignificações, o que geralmente evita aquela busca fugaz por literatura de aeroporto e por gurus de autoajuda. O documentário contemporâneo está nessa fronteira, de ressignificação da realidade. Ele é um esforço de preservação não apenas da memória do próprio diretor ou diretora, mas uma luta contra um projeto de extinção da realidade em sociedades autoritárias, negacionistas e revisionistas.

No Brasil bolsonarista, o documentário resiste a um projeto político de enfraquecimento da cultura e apagamento da memória audiovisual. Nosso cinema, assim como a Amazônia e o Pantanal, pega fogo. Vivemos sob ameaças do presidente Jair Bolsonaro de encerrar as atividades da Agência Nacional de Cinema (Ancine) da Cinemateca Nacional e da censura de novos projetos financiados a partir de leis de incentivo com editais cancelados quando o tema não agrada ao chefe do executivo nacional. O que fazer? Como agir? Sem dinheiro para produzir filmes, cineastas parecem navegar com menos turbulência pelo universo mais modesto, do ponto de vista financeiro, dos documentários.

Eliza Capai nos bastidores do documentário “O Jabuti e a Anta”, 2015 (Crédito Carol Quintanilha)

Eliza Capai, diretora do importante filme Espero Tua (re)Volta (2019), acredita que as novas tecnologias permitem o enfrentamento das dificuldades financeiras. “Eu vejo como se a ficção tivesse um orçamento maior e o documentário um orçamento menor. Vivemos um momento de muita experimentação, de registrar a realidade com a mesma linguagem da ficção e editar isso também com a mesma linguagem da ficção”. Capai não enxerga uma fronteira rígida entre ficção e documentário nos filmes dela. “Que barreira é essa? Não sei. É tudo uma questão de orçamento, que delimita o que é ficção e o que é documentário.”

Nova geração

Na tentativa de manter a potência de agir em níveis elevados, uma nova geração de documentaristas se coloca na vanguarda de um movimento que considero a segunda retomada do cinema brasileiro. Diferentemente da primeira retomada na segunda metade da década de 1990, quando a visão neoliberal de mercado conseguiu efetivamente aumentar o número de filmes realizados a partir de incentivos fiscais, essa segunda retomada enfrenta dois vilões: o bolsonarismo e a pandemia do novo coronavírus. Sem cinema para exibir os filmes e com leis de distanciamento social espalhadas por todo país, cineastas aproveitaram a janela dos festivais (muitos sendo realizados exclusivamente na internet pela primeira vez) para atingir mais público.

“Isso é surpreendente pra mim. A juventude abraçou o filme, não contava com isso. Ainda não sei lidar. Espero que isso dê uma perspectiva comercial que viabilize o filme para um público ainda maior”, diz o veterano Geraldo Sarno aos 82 anos e com um filme que causou rebuliço no Festival Ecrã em agosto, batendo recorde com o maior número de exibições no evento. Sertânia (2020) é uma obra na quina entre ficção e documentário, com uma proposital borrância de fronteiras. O protagonista é um sobrevivente da Guerra de Canudos que volta ao sertão nordestino brasileiro em busca de notícias do pai. Sarno reflete sobre memórias, fabulações e retoma questões e imagens de seu primeiro filme, o documentário Viramundo (1965).

É um exercício de pensar o presente a partir de um passado histórico e projetar um futuro de novas possibilidades. Graças às exibições por streaming no Festival Ecrã 2020, no Olhar de Cinema 2020, Guarnice 2020 e nas edições presenciais de Viña Del Mar 2019, Havana 2019 e Tiradentes 2020, é bem provável que Sertânia tenha sido o filme assistido pelo maior número de pessoas na carreira de Geraldo Sarno. “Sertânia me traz alegria todos os dias e a maior de todas é que está sendo compreendido por uma nova geração. A única coisa que realmente me preocupava durante todo o tempo de construção dele é que não seria compreendido”. Não só foi compreendido pelo público como é um dos favoritos dos críticos e profissionais de cinema para representar o Brasil no Oscar 2021.

Eduardo Coutinho e Piero Sbragia em 2013 (Arquivo pessoal)

Essa segunda retomada do cinema brasileiro tem dois diferenciais em relação à primeira: mais público, ainda que no sofá de casa, e mais oferta de documentários. São justamente os filmes do gênero, que Eduardo Coutinho considerava maldito, que estão se destacando não apenas no Brasil, as em outros países. Democracia em Vertigem (2019), de Petra Costa, foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2020. Narciso em Férias (2020), de Ricardo Calil e Renato Terra, e Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou (2019), de Bárbara Paz, chamaram atenção nas duas últimas edições do Festival de Veneza. Sendo que Bárbara levou o prémio de melhor documentário em 2019. E não podemos esquecer da brilhante carreira em festivais de Bixa Travesty (2018), de Claudia Priscilla e Kiko Goiffman, eleito melhor documentário no Festival Internacional de Berlim.

É muito cedo para assumir que o documentário brasileiro está na vanguarda de um novo movimento de renovação do cinema? Campeão de audiência (com quase duas mil visualizações) do 12o In-Edit Brasil em setembro, o documentário Garoto: Vivo Sonhando (2020) recebeu menção especial do Júri. Também pudera: o filme é resultado de uma longa jornada de sete anos, fruto da resistência e resiliência do diretor Rafael Veríssimo, de 35 anos, do diretor musical Henrique Gomide, de 32, e do roteirista/entrevistador Lucas Nobile, de 36. Todos os três estreantes no cinema.

É Tudo Verdade

Também debutando como diretor, Diógenes Muniz levou o prêmio de melhor documentário na mostra competitiva do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade pelo filme Libelu – Abaixo a Ditadura (2020). Realizado online pela primeira vez em 25 anos, o maior festival de documentários da América Latina teve recorde de público segundo o fundador e diretor Amir Labaki. “Desde 2017 o É Tudo Verdade apresenta programas especiais em plataformas on-line dentro da programação oficial do festival. A pandemia forçou o festival a dividir-se em duas etapas e finalmente a realizá-las ambas em streaming. O público recorde confirma o acerto da decisão e reafirma o interesse dos espectadores por documentários. Festival é convívio e, logo, essencialmente um evento presencial, mas o fortalecimento de um braço on-line tornou-se inevitável.”

Libelu – Abaixo a Ditadura (2020), Diógenes Muniz – vencedor ETV

Labaki enxerga o documentário brasileiro contemporâneo como referência mundial: “Fico feliz que um quarto de século do É Tudo Verdade tenha colaborado para abrir os olhos para o papel historicamente desbravador do documentário no cinema brasileiro. Como em 2005 eu já dizia no encontro com documentaristas brasileiros no Paris Cinéma, a produção documental é tradicionalmente mais estável do que a ficcional na história do cinema nacional. Não há por que ser diferente agora.”

O 31o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, o Curta Kinoforum, também bateu recorde de público em sua primeira edição 100% online. Foram mais de 150 mil espectadores, um impressionante crescimento de 1300% em relação à edição de 2019, cujos filmes foram assistidos por apenas 12 mil pessoas. Vencedor do prêmio revelação com A Morte Branca do Feiticeiro Negro (2020), o documentarista Rodrigo Ribeiro representa bem a nova geração de cineastas brasileiros que flerta com experimentação, temas complexos e a borrância entre a factualidade e a ficcionalidade dentro do documentário. “É uma forma sinestésica e sensorial de contar uma história ancestral que continua existindo nos dias atuais”, justifica Ribeiro. O filme dele parte de imagens de arquivo e constrói, na montagem, uma nova roupagem para um texto escrito há quase 200 anos. É sobre escravidão, é sobre racismo, é sobre o povo negro em diáspora, é sobre novas ressignificações. Ribeiro acredita que seus filmes precisam sempre ser relevantes, interessantes e propositivos para um espaço de reflexão. “É difícil pensar no futuro no país onde a gente vive. A arte tem um papel muito grande de ousadia e o documentário tem esse poder de oferecer novas propostas fora do eixo normativo. Eu prefiro errar pelo radicalismo na ousadia do que fazer um bê-á-bá clássico das coisas.”

Dedicada à temática socioambiental, a 9a Mostra Ecofalante de Cinema teve quase 200 mil espectadores em sua plataforma online entre 12 de agosto e 30 de setembro. Não bastasse o recorde de público, os organizadores contabilizaram audiência em 1.700 cidades do Brasil, ou seja, um terço do total de municípios do país teve acesso aos filmes exibidos. Essa penetração dos filmes nos rincões do país enche os olhos dos novos realizadores. Tali Yankelevich, cujo primeiro longa Meu Querido Supermercado (2019) abriu a mostra competitiva do É Tudo Verdade no final de setembro, celebra o alcance do streaming.: “O filme ficou disponível para todo Brasil, pessoas no país inteiro puderam assistir a todos os filmes e à toda programação do É Tudo Verdade!”.

Yankelevich acredita que no futuro a internet precisa ser considerada como plataforma de exibição: “Você aprende muito sobre seu filme nesse momento que passamos. É uma coisa viva, a gente vai descobrindo novos significados em tempo real. Esses festivais feitos em plataformas online têm uma acessibilidade maravilhosa. Não sei como vai ser depois da pandemia, talvez esse formato ainda exista”.

Se analisarmos os números oficiais, não há dúvida em afirmar que o futuro do audiovisual está no streaming. Medições e pesquisas recentes no Brasil apontam que o streaming já é responsável pela segunda maior audiência do país, na frente de todas as TVs por assinaturas e de praticamente todos os canais de TV aberta. Apenas a Rede Globo, líder histórica de audiência, continua na frente do consumo de conteúdo audiovisual por streaming. Isso considerando que os números oficiais de audiência medem apenas quem usa internet no aparelho de televisão e não conseguem medir quem usa celular, computador e tablet. A potência hoje é a internet. Sem cinema para estrear, diversos filmes brasileiros inéditos chegaram exclusivamente nos canais de streaming.

Foi o caso de Três Verões (2020), de Sandra Kogut. Para Sóvero Pereira, diretor de conteúdo e aquisições do Telecine, a necessidade de ver filmes em casa aumentou. “O que aprendemos com isso? Desde sempre, a janela do cinema foi importante e dava a primeira grande vitrine dos filmes. Agora, em função da pandemia, podem existir outros ciclos de vida para o conteúdo audiovisual e de cinema. O documentário é um desses gêneros que vão ter um ciclo diferente. Nós mesmos não tínhamos muitas opções e estamos investindo mais nisso”. Entre março e agosto de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado, o consumo de documentários no Telecine foi oito vezes maior. O Corpo é Nosso! (2019), de Theresa Jessouroun, foi o líder de audiência entre os documentários brasileiros, com 42 mil espectadores.

Seguido de Bacurau no mapa (2019), de Kleber Mendonça Filho, com 30 mil espectadores. A rede Telecine conseguiu medir outras duas informações importantíssimas nesse mesmo período. O tempo de exibição médio por usuário aumentou mais de 50% e as horas consumidas com filmes dentro da plataforma pelos assinantes subiu mais de 500%. Números que justificam o incremento na base de assinantes em 85%.

Pensando no futuro, Sóvero Pereira acredita que o streaming já é uma realidade para os lançamentos: “É possível fazer um grande lançamento e ter uma boa estreia de filme sem que ele tenha passado pelo cinema. São vários modelos possíveis. Continuaremos apoiando a janela do cinema, mas vamos continuar com modelos alternativos de estreia direto no Telecine”. E não pense que a chegada de novas plataformas de streaming e novos concorrentes o assusta: “É um momento de experimentação mesmo! O mercado está mudando, novos parceiros entrando, novos concorrentes. No streaming temos muitos dados para analisar e apurar em detalhes o perfil de nossa audiência. As pessoas em casa viram que existe um novo mundo no streaming. Nada vai ser como era antes. Nossa audiência hoje é maior até do que era antes da pandemia. O cinema não vai ser a única forma mais para ver lançamentos. As pessoas vão ter que dividir. É um caminho sem volta. Cabe a nós pensar em novos modelos até de remuneração de toda a cadeia. Os novos modelos de negócio estão mudando. Antes pagávamos em função da bilheteria de cinema. Quando o cinema deixa de ser referência, como em 2020, a negociação passa a ser livre. Inclusive, nossa busca ativa por documentário no mercado aumentou.”

O otimismo do mercado parece contrastar com a cautela dos produtores, produtoras, diretores e diretoras que enxergam no Brasil, sob a administração de Jair Bolsonaro, um ambiente tóxico não só ao meio ambiente como também ao cinema e audiovisual. Na cerimônia de premiação do É Tudo Verdade, 21 cineastas assinaram um manifesto em desacordo com os rumos da gestão cultura do país. “O governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro age, desde seu início, para atacar e silenciar brasileiros que fazem da cultura e da arte seu ofício, tratando-os como inimigos”, diz o texto assinado por Aurélio Michiles, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamim, Clarice Saliby, Claudio Moraes, Diógenes Muniz, Edileuza Penha de Sousa, Guga Millet, João Jardim, Jorge Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora, Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali Yankelevich e Toni Venturi.

Os trabalhadores da indústria do cinema, que movimenta 25 bilhões de reais por ano no Brasil, reclamam das dificuldades, desde março de 2019, com a suspensão de editais e liberação de recursos públicos para a produção de filmes e séries. Há um crescente desemprego no setor, falência de produtoras e fornecedoras e uma ameaça iminente de paralisia. O abandono da Cinemateca Brasileira é simbólico nesse processo de desgoverno.

O manifesto termina em chamas: “A realidade que nos cerca gritando em meio à paisagem agônica e aos incêndios de setembro não é uma mera metáfora! O fogo que destrói o Pantanal e a Amazônia ocorre sob o mesmo governo irresponsável que ignora a tragédia da Covid-19 e que despreza as Artes, a Cultura, a Educação e a Ciência. A situação é gravíssima! Por isso, convidamos as realizadoras e realizadores a se voltarem mais uma vez para a realidade e, acima de tudo, não se intimidarem. É preciso sempre buscar formas de produzir e nunca parar, nem silenciar. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe quem é”.

Um dos que assinaram por essa busca pela realidade é o cineasta Aurélio Michiles, diretor de Segredos do Putumayo (2020), menção honrosa do júri do É Tudo Verdade. O filme denuncia os horrores da violência colonial na Amazônia e o consequente extermínio da população indígena durante mais de quatro séculos. Michiles parte do diário do cônsul britânico Roger Casement para criar uma potente obra que já faz parte da história do cinema brasileiro e do documentário contemporâneo, ressignificando o material de arquivo e construindo uma conexão direta entre passado e presente. Sobre a extração de borracha nas seringueiras da Amazônia, o texto de Casement, narrado no filme com a voz do ator Stephen Rea, sacramenta: “a borracha servia para apagar os índios”.

O cineasta também enxerga no governo de Jair Bolsonaro atitude semelhante. “O governo dele existe para destruir e transformar em terra arrasada todo o Brasil. Como foi feito com o cinema italiano, durante o governo de Silvio Berlusconi. A cultura lá também sofreu demais. Margareth Tatcher também fez isso nas políticas culturais da Grã-Bretanha. Ronaldo Reagan fez isso nos EUA e Donald Trump faz essa destruição da cultura hoje em dia”.

O raciocínio de Aurélio Michiles é um alerta para o futuro: a ação econômica do capitalismo, sob a égide miraculosa do neoliberalismo, não respeita quem produz. Seja na floresta, seja na cultura. “Podemos sim fazer um paralelo entre o que eu mostro no filme, no início do século XX e o que ocorre hoje no século XXI. O grande inimigo dos indígenas hoje, segundo eles mesmos, é o neoliberalismo. A violência continua cada vez maior. Porém acredito que estamos descobrindo novas maneiras de resistir. Tanto eles lá na floresta quanto nós da cultura. Não gostaria de ser pessimista.”

O caminho da resistência pode ser o documentário como denúncia, como um ato político. Continua Michiles: “Nunca se fez tanto documentário na história do Brasil e do mundo como em 2020. A tecnologia permite isso, até mesmo os celulares hoje podem gravar. Os indígenas estão filmando a violência cotidiana contra eles. Os negros e negras estão filmando a violência contra eles. Não vamos silenciar totalmente. Vai sempre existir alguém que vai fazer filme, contar a história e revelar as injustiças de um governo que tenta silenciar a população. Vai ter resistência!”

Susanna Lira durante a filmagem de Torre das Donzelas – 2018 (Divulgação)

Retomando Baruch de Espinoza para finalizar esse texto, podemos tentar compreender o documentário brasileiro contemporâneo como resposta a um governo que não tem empatia pelo cinema, pela literatura, pelo teatro, pelas artes em geral. O plano de governo é de destruição! Da Amazônia, do Pantanal e da Cultura. Espinoza era filho de portugueses. Nasceu na Holanda para fugir da inquisição antissemita lusitana no Século XVII. A filosofia dele, como o documentário contemporâneo brasileiro, nasceu como uma resposta a um plano de destruição, de genocídio. Apesar de ser um dos grandes racionalistas da Filosofia Moderna, Espinoza morreu jovem, aos 44 anos, desconhecido, rejeitado e paupérrimo. Factualmente, morreu de tuberculose. Ficcionalmente, teria morrido de tanto polir lentes. É a metáfora do filósofo que morre tentando oferecer uma nova visão às pessoas. E não é esse o compromisso do documentário contemporâneo brasileiro? Susanna Lira, diretora de Torre das Donzelas (2018), acredita no documentário como potência de agir: “A gente quer que as coisas mudem, vou ter sempre essa esperança, como resistência a algo que não quer se transformar. Embora esteja cansada do estado das coisas desse mundo, tenho esperança de que isso pode se transformar algum dia, de alguma forma. Quero estar viva pra ver isso”. Eu também!

Piero Sbragia é autor do livro “Novas Fronteiras do Documentário – Entre a Factualidade e a Ficcionalidade, recém-lançado pela Chiado Books. É jornalista e documentarista, mestre em Educação, Arte e História da Cultura.

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