"Foi a população de SP que se levantou"
“Os protestos em São Paulo têm demonstrado que há um novo e velho agente político na cidade: a população”
Por Rafael Siqueira e Matheus Preis, do Movimento Passe Livre (MPL)
Publicado 17/06/2013 às 12:01
“Protestos em São Paulo têm demonstrado que há um novo e velho agente político na cidade: a população”, dizem líderes do movimento
Rafael Siqueira e Matheus Preis, do Movimento Passe Livre (MPL)
É claro que o Movimento Passe Livre não tem 15 mil militantes e nem nenhuma das outras entidades envolvidas. É a população de São Paulo que outra vez se levantou.
Assim como, no início dos anos 1980, grandes revoltas populares levavam milhares de pessoas a protestar (com ênfase nos bairros de periferia da zona sul) contra as demissões em massa e os altos preços dos alimentos, agora o transporte público se torna alvo dessa força explosiva.
Após 30 anos, voltamos a ver as manifestações ganharem peso na imprensa, juntamente com o assenso da violenta repressão policial. A grande diferença é que, se antes as revoltas e saques eram realizados por trabalhadores adultos, normalmente pais de família desesperados com as condições impostas por uma grande crise econômica deixada pela ditadura militar, agora a maioria dos manifestantes é mais jovem.
Jovens estudantes, jovens trabalhadores, jovens da periferia, jovens secundaristas. Forma-se na cidade uma nova geração que não aceita as péssimas condições do transporte coletivo e, mais ainda, compreende a necessidade de sair às ruas para lutar pelo direito à cidade e à mobilidade urbana.
Os governantes tentam deslegitimar como podem a disputa política colocada pelo povo. Eles denunciam os danos à propriedade causados por alguns manifestantes e deixam de lado a violência provocada pelo próprio poder público: em primeiro lugar, o aumento da tarifa, que faz crescer a exclusão urbana e a camada da população marginalizada pelos custos da sobrevivência e, em segundo lugar, a violência militar que proíbe a manifestação política daqueles que não querem se arriscar a tomar um tiro de borracha, um estilhaço de bomba de efeito moral, ou que simplesmente não conseguem respirar em meio às nuvens de gás lacrimogêneo.
A grande verdade é que o poder público se nega a dialogar com o movimento, virando as costas para a população que não aceita o aumento das passagens de um transporte público caótico, indecente e que tem como única função manter os altos lucros dos empresários do ramo.
Nem as tentativas do Ministério Público, nem o pedido de reunião com o prefeito protocolado pelo MPL conseguiu sensibilizar as autoridades para que negociem a revogação do aumento.
Nesse último ato, como já havia sido anunciado pelos governantes, a repressão cresceu. Cresceu tanto que ultrapassou a violência contra a integridade física e o direito de manifestação política da população e atingiu repórteres, cinegrafistas e jornalistas que cobriam o protesto.
Fotos e vídeos independentes surgem a todo momento nas redes sociais mostrando o bom preparo para a truculência da Polícia Militar, que iniciou a tarde de ontem efetuando detenções completamente arbitrárias – sem acusações formais – de dezenas de manifestantes e transeuntes.
Diante desse quadro de repressão em tal medida descarado, nenhum órgão de comunicação é capaz de fazer vistas grossas, e os eventos chegam a ser denunciados por entidades internacionais como a Anistia Internacional e o Repórteres sem Fronteiras.
O Movimento Passe Livre entende que este se trata de um dos momentos de maior relevância da história recente das lutas populares em todo o país e vai continuar com as mobilizações até a tarifa cair. Revogar o aumento das passagens não é só uma medida de reparação do aumento da exclusão urbana pelo poder público, como também é uma demonstração de respeito à vontade popular própria de um Estado democrático, em que o poder emana do povo.
😉
Meu caro Fernando, gostei do teu espírito esportivo. A minha intromissão foi mais para mexer contigo pois, como costumamos dizer, prefiro perder o amigo a perder a piada. Um abração caipira do paulistano Sérgio de Vasconcellos-Corrêa.
Bom dia Sérgio, tudo bem?
Acabas de confirmar minha teoria e fazer mais uma demonstração de como se consegue distorcer o que aconteceu ou o que foi dito de modo a manipular a realidade.
Abraço gaúcho, sem ressentimentos.
Estamos acima disto.
Fernando Noronha
Porto Alegre RS
Meu caro Fernando, você está com toda a razão, principalmente quando encerra o seu desabafo dizendo: “..O BRASIL COMEÇA EM SÃO PAULO”!!
SÓ PRÁ ESCLARECER !!!!
Estes protestos todos não iniciaram em São Paulo!
Eles iniciaram no Rio Grande do Sul, mais especificamente
em Porto Alegre, quando a popupação saiu às ruas para
protestar contra o aumento das passagens.
As demais cidades do país viram que o protesto “trancou”
o aumento das passagens e começaram a fazer o mesmo.
POR FAVOR, PAREM COM ESTA MANIA DE DIVULGAR QUE
TUDO QUE ACONTECE NO BRASIL COMEÇA EM SÃO PAULO !!
My 2 cents.
Fernando Noronha