Equador: o desfecho, no relato do Pagina12
Publicado 01/10/2010 às 11:01
Rafael Correa destaca participação da mídia na tentativa de golpe de Estado “Não haverá perdão nem esquecimento”, disse um Rafael Correa eletrizado, diante de uma multidão, depois de ser resgatado pelas forças militares. Quito havia vivido um dia de caos, depois que policiais e alguns integrantes das forças armadas se sublevaram contra uma lei proposta pelo governo, agrediram e sequestraram o governante em um hospital da polícia. Informada sobre o ocorrido, a população havia saído espontaneamente às ruas para respaldar o governo. Com o passar das horas, haviam aumentado a tensão e a incerteza. À noite, comandos de elite das formas armadas conseguiram resgatar o mandatário em meio a choques com a polícia. Houve ao menos 50 feridos, durante toda a jornada. O final foi tenso, mas terminou com cânticos de alegria em frente à Casa de Governo. Correa levou apenas sete minutos para chegar do hospital, onde ficou retido por horas, até o palácio presidencial. Dali, o presidente equatoriano arrementou contra os setores rebeldes. “Como podem chamar-se de policiais?”, perguntou. “Derramou-se sangue equatoriano inutilmente”, lamentou. Mas adivertiu os que se levantaram que serão punidos. “Envergonham a instituição policial. Terão de sair das fileiras da instituição”, frisou. Cerca de mil policiais amotinaram-se na manhã de ontem, no Regimento de Quito, principal quartel do país. Protestavam contra a sanção da Lei do Serviço Público, que elimina algumas vantagens econômicas dos integrantes da força. Depois de dirigir-se aos sublevados e adverti-los de que não recuaria de suas medidas, Correa foi atingido por socos, balas de borracha e gases lacrimogêneos. O chefe de Estado, que utiliza uma muleta desde que foi operado em uma perna, foi levado ao Hospital da Polícia da capital equatoriana. Dali, Correa falou com a Rádio Pública e denunciou que os policiais tentaram introduzir-se em seu quarto. “Não vou claudicar”, disse em tom emocionado. Nesta entrevista, o presidente afirmou que a atitude da polícia parecia ir além de uma simples reivindicação e atribuiu a rebelião a uma tentativa de golpe, da oposição. En esa entrevista, el presidente manifestó que a atitude da policía parecia ir mais além de uma simples reclamação, e atribuiu a rebelião a uma tentativa de golpe da oposição. “É uma conspiração que vem sendo preparada faz tempo”, acrescentou. Minutos depois, o presidente da Venezuela falou pela rede Telesul. Hugo Chávez afirmou que havia se comunicado em várias oportunidades com seu colega equatoriano, e que este havia sido sequestrado. Por ordem do Executivo, decretou-se estado de exceção por una semana. “As Forças Armadas estão tomando todas as medidas dentro da Constitución para garantir a ordem pública”, declarou o ministro da Segurança, Miguel Carvajal. O funcionário explicou que a medida autoriza os militares a sair às ruas, para manter a ordem pública. Por sua parte, o comandante das Forças Armadas, Ernesto González, apressou-se a confirmar sua lealdade ao governo de Correa. O chefe militar afastou vários fantasmas e afirmou que seus companheiros de armas estão subordinados à autoridade máxima do país, o presidente da República.
O próprio Correa avaliou que, dos 42 mil membros da Polícia Nacional, apenas cerca de 2 mil mantinham uma atitude que qualificou como enlouquecida, irracional e absurda. Depois de cinco horas sem notícias, o presidente Correa falou pela radio. Neste momento, denunciou estar sequestrado pelos policiais sublevados. Durante as horas que passou no Hospital Policial, Correa recebeu três comissões de policiais rebeldes. Em cada encontro, repetiu que não negociaria com eles, até que não recuassem de sua atitude. O presidente equatoriano aproveitou a ocasião para acusar a imprensa. Qualificou-a como “corrupta” por haver instigado a rebelião policial com informações “distorcidas”. “Eles [os policiais amotinados] não sabiam que o ministério de Relações de Trabalho estabelecerá as compensações. A lei é muito boa, mas manipulou-se tudo”, destacou o presidente. A cidadania deu apoio a Correa. No início da tarde, pediu-se, no Palácio de Carondelet, sede do governo, que a multidão se dirigisse ao hospital onde estava retido Correa. Da Praça da Independência, as pessoas dirigiram-se ao centro médico. A policia dispersou-as com balas de borracha e gases lacrimogêneos. “A polícia avança e se reorganiza”, relatou um fotógrafo equatoriano a este diário. O reporter estimou que cerca de 5 mil pessoas estariam do lado de fora, procurando evitar a repressão dos policiais e de pessoas à paisana, que, segundo relatou a Telesur, apontavam contra os manifestantes. O ministro de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, afirmou que estes enfrentamentos resultaram em pelo menos uma morte e um número indeterminado de feridos. O edifício onde funciona a TV pública e a agência estatal de notícias foi tomado, durante a noite, por opositores. Entre os líderes do ato estava o advogado do ex-presidente Lucio Gutiérrez, Pablo Guerrero, que discursavam em favor da “liberdade de expressão”. Membros do governo sugeriram que o ex-governante podia ser responsável pela revolta. O opositor respondeu: “O único responsável pelo caos que temos atualmente no Equador é o governo abusivo, corrupto, prepotente de Rafael Correa”. O governo recebeu apoio da Corte Nacional de Justiça e da Assembeia Nacional, que também foi ocupada por setores contrários ao governo constitucional. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Unasul, as Nações Unidas, os Estados Unidos e outros governos repudiaram a intentona contra o presidente Correa.
Queiram ou não alguns, a América Latina e especialmente a América do Sul vive uma onda de renovação e de resgate de séculos de exploração colonial seguida pela exploração imposta pelo império do norte e pelo grande capital transnacional. Direitos de populações originárias e economicamente desfavorecidas têm sido resgatados. Por isso, as elites e seus órgãos de imprensa tentam demonizar os setores e países que efetuam essas mudanças. Porém, a reação popular ocorrida no Equador mostra que as elites e o império estadunidense e seus parceiros terão que enfrentar um cenário de muito mais dificuldades para tentar impor seus abjetos objetivos.
Concordo com CAUE-AMENI. Infelizmente, somos desprovidos de informações mais abrangentes do que ocorre com os nossos vizinhos. Não os conhecemos. Estamos tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Temos histórias e culturas diferentes. Como entendê-los sem conhecê-los. Fazem verdadeira campanha contra nossos irmãos latinos, traduzindo-os como inferiores a nosotros. Lembrem-se que os argentinos cometeram o mesmo erro em considerar-se superiores na latino-américa. O fato é que existe uma onda vermelha que está resgatando séculos de exploração pelos colonizadores e seus assessores. Rafael está contrariando erros cometidos no passado ou não lembram do japonês-presidente que roubou o Peru. Aqui como lá existe a imprensa-marron a serviço do lobby dos interesses externos.SMJ.
Como o que?
Eu sempre digo e volto a dizer, façam o favor de trazer argumentos fundamentados, para a melhor compreensão de todos, só temos a ganhar dessa maneira.
Atenciosamente.
Pessoal… pelo amor de Deus!!!
Se existe golpe é do próprio ‘presidente” Rafael Correa ( o infeliz nome igual ao meu, que desgosto)… que utilizará todo esse teatro para justificar atos autoritários que fará logo a seguir… a história se repete, o mundo muda tanto e alguns não mudam nada…
O mundo muda tanto e alguns não mudam nada.