Clima: a ONU questiona Washington

1233 ONU pede redução de emissões e critica Estados Unidos

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A seis meses da conferência da África do Sul,que deverá substituir o Protocolo de Kyoto, pergunta-se: os Estados Unidos continuarão se negando a assumir compromissos? No site do Greenpeace

Restam pouco mais de seis meses para a Conferência do Clima (COP 17), na África do Sul, e para a presidente da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Christiana Figueres, este é o momento dos países concentrarem esforços para acelerar as negociações climáticas.

Segundo a costa-riquenha, que está em visita aos Estados Unidos, é preciso fortalecer as condições internacionais que permitem políticas de redução de emissões e que estabelecem as plataformas para que os países trabalhem em conjunto para o bem comum.

“Isto significa confrontar a questão do futuro do Protocolo de Quioto, o único acordo atual que contém compromissos assumidos pelas nações industrializadas”, afirmou Christiana.

Sob Quioto, os países ricos signatários possuem metas obrigatórias e devem reduzir suas emissões ou comprar créditos de carbono pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para compensá-las. O primeiro período do Protocolo termina em 2012 e é preciso decidir se haverá uma segunda fase.

“O que os governos devem encarar é que já existe a possibilidade de que ocorra um intervalo entre o fim do Protocolo de Quioto e o início de um novo acordo. Quanto mais tempo levarem para decidir sobre esse assunto, maior será o intervalo. Acredito que ninguém quer isso”, declarou.

Uma lacuna muito longa sem Quioto poderia acabar com ferramentas como os mercados de carbono e o próprio MDL.

Além do futuro do Protocolo, a presidente do UNFCCC também salientou que é necessário acelerar a criação de novas instituições climáticas, que sejam responsáveis pelo financiamento e transferência de tecnologias para mitigação e adaptação ao aquecimento global.

Falando diretamente sobre a declaração do enviado norte-americano para mudanças climáticas Todd Stern, que disse no final de abril que um acordo na COP 17 é praticamente impossível, Figueres classificou a postura dos Estados Unidos como um “sério freio de mão” nos esforços mundiais de combate às mudanças climáticas.

Para a presidente da UNFCCC, existe uma grande dissonância entre a incapacidade política de Washington com o potencial do país para liderar o mundo rumo a um futuro de energias limpas e menos dependente dos combustíveis fósseis.

Porém, Christiana ainda acredita que os Estados Unidos irão, eventualmente, se unir ao resto do mundo industrializado e adotar reduções obrigatórias nas emissões de gases do efeito estufa.

“A expectativa é que os EUA assumam sua responsabilidade histórica como o maior emissor de todos os tempos”, concluiu.

Escolhas

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (12) pode ajudar nessa mudança da postura dos norte-americanos. Produzido pelo National Research Council, um braço da respeitada National Academy of Sciences, o “America’s Climate Choices” (algo como “Escolhas Climáticas da América”) afirma que o aquecimento global é real e que seus efeitos já podem ser sentidos.

O estudo recomenda que uma política nacional para limitar as emissões deve ser adotada o mais rápido possível e que colocar um preço no carbono deve ser parte integrante de qualquer iniciativa que venha a ser criada.

“Os riscos associados em continuar com uma postura passiva são muito maiores do que os envolvidos em partir para a ação. Isto porque qualquer política pode ser revertida posteriormente, mas as consequências das mudanças climáticas não”, afirma o documento.

O “America’s Climate Choices” foi encomendado pelo Congresso há alguns anos e seu objetivo é oferecer conselhos de como os Estados Unidos devem reagir aos efeitos potenciais do aquecimento global.

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2 comentários para "Clima: a ONU questiona Washington"

  1. roosevelt s. fernandes disse:

    É conhecido de muitos: se não deseja que um assunto evolua com brevidade, basta criar um Grupo de Trabalho. No caso das Mudanças Climáticas a forma foi estimular ao máximo a apresentação / priorização de posições pró e contra o tema. É o estágio que vivemos neste momento, fato que está deixando (cada vez mais) a sociedade fora dessa discussão, tendo como base a premissa de que se não há acordo entre os cientistas, porque se preocupar (neste momento) com o assunto. Ou seja, parece que estamos “brincando com coisa séria”, deixando de lado o Princípio da Precaução. Vamos ver (na copntinuidade do processo) os novos capítulos de uma velha estória.
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    [email protected]

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