Sidarta Ribeiro contra a restrição da maconha medicinal
Sidarta Ribeiro vê ataque do CFM à medicina canábica • Vício em opióides no Brasil • A urgência da eleição de Lula • Mobilização contra cortes nas políticas contra aids • Overdoses entre adolescentes nos EUA • Saúde sexual e o desconhecimento crônico do clitóris •
Publicado 19/10/2022 às 12:34
Sidarta: cruzada anticannabis do CFM agride direito à Saúde
O neurocientista e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência lançou uma nota posicionando-se contra a restrição da indicação da maconha medicinal pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). “A resolução colide frontalmente com a ciência, com a medicina e com o bom senso, pois hoje existe no país uma verdadeira multidão de pessoas, entre adultos, adolescentes e crianças, que fazem uso de medicamentos à base de Cannabis para tratar diversos tipos de epilepsia, esclerose múltipla, dores neuropáticas, fibromialgia, câncer, autismo, doença de Parkinson, mal de Alzheimer, insônia, asma e glaucoma, entre outras doenças”, disse Sidarta. Na segunda (17), o deputado petista Paulo Teixeira protocolou um decreto legislativo para cassar a regulação do CFM.
Aumenta o vício em opióides entre profissionais da saúde
Uma reportagem da revista Piauí de outubro relata sobre o aumento do vício em opióides potentissimos usados para a dor – como citrato de fentanila, cloridrato de petidina, codeína, oxicodona, tramadol, sulfato de morfina, metadona – entre profissionais de saúde. As substâncias são altamente viciantes e representam um alto risco de overdose, como mostra a matéria por meio de alguns casos. “Os hospitais não debatem o assunto porque têm receio de assustar os pacientes”, disse à Piauí Rita de Cássia Rodrigues, presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo e professora há quatro décadas da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “E os médicos dependentes sofrem calados porque têm medo de perder o emprego”.
Live da Frente pela Vida lembra urgência da eleição de Lula
Mais de 500 pessoas participaram da “super live” – “Com Lula e Pelo SUS”, realizada pela Frente Pela Vida – movimento social com características de frente ampla focado na defesa da vida, da democracia e do SUS – no dia 13 de outubro, a 15 dias do segundo turno das eleições presidenciais. Entre os participantes do encontro estavam figuras como Lúcia Souto, presidente do Cebes, o senador Wellington Dias (PT), Rosana Onocko-Campos, presidente da Abrasco, Sonia Accioli, presidente da ABEn (Associação Brasileira de Enfermagem), o ex-ministros da saúde José Gomes Temporão e o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile. Todos manifestaram que a eleição de Lula é uma “escolha pela vida”, visto que o governo Bolsonaro não deixará nenhum legado positivo para a Saúde.
ONGs se mobilizam contra cortes para políticas de aids e da Saúde
Na sexta-feira (21), a partir das 10h, pessoas vivendo com HIV/aids, ativistas e representantes de ONGs vão ocupar a escadaria do Teatro Municipal de São Paulo em protesto contra o desmonte da política para a aids no Brasil e a favor da saúde, da democracia e dos direitos humanos. Os ativistas se posicionam contrariamente aos cortes de verba previstos no Orçamento de 2023 pelo governo Bolsonaro, que irão reduzir em R$ 407 milhões o montante destinado a prevenção, controle e tratamento de HIV/aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais.
Overdose entre adolescentes, uma epidemia nos EUA
Enquanto isso, nos Estados Unidos, cada vez mais adolescentes morrem por overdose pelo uso de opióides – entre eles, a fentanila, citado no primeiro caso na reportagem da Piauí como motivo do óbito de um farmacêutico. Mais de 100 mil norte-americanos morreram em 2021 por overdose, a maioria deles adultos; contudo, é entre os adolescentes que a taxa de óbitos está crescendo. A fentanila normalmente é contrabandeada para os Estados Unidos por cartéis de drogas, que passaram a produzir pílulas coloridas do medicamento – que antes era misturado com heroína. Essa poderia ser uma possível explicação para o aumento do uso no público jovem. Os Estados Unidos possuem uma taxa de mortalidade 20 vezes maior do que a média global para overdose.
Por que a ciência continua não estudando o clitóris?
A reportagem do New York Times conversou com pesquisadores que explicam que o órgão é “completamente ignorado por praticamente todo mundo”. Essa omissão pode ser devastadora para a saúde sexual das pessoas. Em entrevista ao jornal, o médico Irwin Goldstein, urologista e pioneiro no campo da medicina sexual, explica que a vulva é pouco estudada – visto que os procedimentos médicos se concentram no colo do útero e no útero, com ultrassonografias, Papanicolau, inserção de DIU e partos. O clitóris, principal fonte de prazer sexual, é praticamente ignorado – apesar de ser uma estrutura complexa e profunda, composta principalmente de tecido erétil, que atinge a pélvis e circunda a vagina. Essa omissão pode ser devastadora para a saúde sexual das mulheres, como mostra um estudo de 2018 publicado na revista Sexual Medicine: a falha em examinar a vulva e o clitóris levava os médicos a ignorar regularmente as condições de saúde sexual.