Precisamos falar sobre isso. Mas como?

A forma como o suicídio é tratado na mídia pode ter impactos negativos. Ao mesmo tempo, não dá para ignorar o assunto

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Essa e outras notícias aqui, em nove minutos.

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PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO. MAS COMO?

O chef Anthony Bourdain e a designer Kate Spade morreram ambos na semana passada, ambos por suicídio e justo quando um estudo (que divulgamos aqui) mostrou um importante aumento da taxa de suicídios nos Estados Unidos. Além das matérias que divulgaram as notícias, surgiram outras muitas que discutem, justamente, como se deve dar o tratamento midiático desse tema.

A cobertura da mídia pode literalmente ter consequências de vida ou morte,  diz, na Vox, Jennifer Hecht, apresentando estudos que relacionam as notícias ao aumento dos suicídios, especialmente entre jovens. Ela comenta uma série de recomendações definidas em 1989 – não mencionar a palavra ‘suicídio na manchete’ , não mencionar o método usado e não ‘glorificar o ato’, por exemplo – que parecem importar, segundo as pesquisas. Mas a autora diz que a internet dos memes, hiperlinks e algoritmos multiplica o impacto de formas irresponsáveis de noticiar essas mortes.

Os “incentivos da internet” também são levantados por Julie Beck, na Atlantic, junto com a “insensibilidade humana”. Mas sua reportagem indica que, embora seja difícil encontrar o tom, é importante falar sobre o tema. “Quando as pessoas ouvem as histórias de outras pessoas lutando contra doenças mentais ou com pensamentos suicidas, isso reduz o estigma e ajuda as pessoas a saber que elas não estão sozinhas. Mas  as mídias sociais oferecem uma oportunidade tanto para essas conversas úteis como para as prejudiciais”, diz a professora de sociologia Bernice Pescosolido, entrevistada por Beck.

ABORTO

Mais uma de Janaína Paschoal: a advogada vai expor contra a descriminalização do aborto na audiência pública do STF, diz Monica Bergamo em sua coluna na Folha.

Denunciadas: na BBC, a história de Juliana, que, no meio do um aborto ilegal, passou mal, foi ao hospital e acabou denunciada à polícia por uma médica. Além de ter sido interrogada enquanto sangrava, foi ameaçada pelo homem que lhe vendeu o medicamento abortivo, é maltratada pelos médicos da sua pequena cidade e se sente julgada o tempo todo. Entre as mulheres processadas por aborto, 70% são denunciadas por profissionais de saúde quando buscam ajuda em hospitais, diz a matéria.

Filha morta: o mesmo site entrevistou a mãe de Jandira dos Santos Cruz, jovem cujo corpo foi encontrado carbonizado um mês depois de ela ter passado por um aborto clandestino em Campo Grande (MS). A moça já tinha duas filhas. Mesmo sabendo que a descriminalização poderia ter salvado Jandira, sua mãe acredita que o aborto deve continuar sendo crime, para proteger a vida do bebê.

CERCO FECHADO

Produtores rurais fecharam contratos com indígenas para plantar soja transgênica em terras indígenas do Mato Grosso, o que é proibido. O Ibama interditou 7,5 mil hectares e multou em R$ 2,7 milhões quatro agropecuárias e quatro associações indígenas – do total, R$ 240 mil serão cobrados das associações. Também foram embargados outros 16 mil hectares que eram arrendados por indígenas para exploração agrícola, com R$ 23,2 milhões em multas, e a Folha lembra que uma das bandeiras da bancada ruralista no Congresso é mudar a lei para permitir o arrendamento dessas terras para a monocultura. Na matéria, Renê Luiz de Oliveira, do Ibama, conta que as comunidades indígenas estão sendo pressionadas a aceitar isso – elas não têm papel direto nos plantios e os contratos não trazem grandes vantagens para elas. Mas parte dos índios parecis quer ter autorização para arrendar a terra, e funcionários da Funai também já se manifestaram a favor.

REATOR NUCLEAR PARA MEDICINA

Foi inaugurada na sexta-feira – com a presença de Temer – a “pedra fundamental” do Reator Multipropósito Brasileiro. A ideia é produzir medicamentos. Ele é parte do programa nuclear da marinha e o Ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, garantiu que não vão rolar armas nucleares.

“CAUTELOSAMENTE OTIMISTA”

É como o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, define o estado de ânimo da Organização em relação ao ebola na República Democrática do Congo. A resposta foi rápida em proteger áreas urbanas, e agora o foco é chegar às áreas remotas.

NA VENEZUELA

Depois de 29 anos com a doença erradicada, o país voltou a ter um caso confirmado de poliomelite. O diagnóstico foi de uma criança indígena, moradora de uma comunidade sub-imunizada e pobre. A Opas está tentando determinar a forma de contágio.

E teve destaque na semana passada o desespero de uma mulher de 64 anos que já teve o seio esquerdo devorado por um câncer por conta da falta de medicamentos por lá. O El País fala sobre o caso.

TRÁFICO DE RIVOTRIL

É um negócio de mais de 100 milhões de euro por ano: em Madri, as vendas cresceram mais de 100% em dois anos por conta da atividade de grupos organizados, que revendem em Marrocos por preços muito mais altos que os originais. A matéria é do El País espanhol.

DESCONFIANÇA

Por que as pessoas estão desconfiando da ciência? Mudanças climáticas, modificações genéticas e segurança das vacinas são alguns dos campos onde as descobertas científicas são alvo de desconfiança. Em artigo publicado na Aeon e traduzido pelo Nexo, Bastiaan Rutjens apresenta resultados de suas investigações sobre esse ceticismo. Ele e seus colegas pesquisaram, a partir de entrevistas, quatro variáveis que afetam a confiança nas descobertas científicas: ideologia política, religiosidade, moralidade e conhecimento a respeito de ciência. A ideologia política só interferiu no ceticismo em relação às mudanças climáticas. A desconfiança sobre a comida transgênica foi maior entre quem foi mal no teste de conhecimentos científicos, mas política e religião não afetaram isso em nada. Já em relação às vacinas, a desconfiança foi maior entre participantes religiosos e com preocupações morais. E, fora das áreas específicas, a confiança geral na ciência era menor entre participantes religiosos. O texto não traz, porém, detalhes da pesquisa, como o número de pessoas entrevistadas.

DE TRÊS

Já existem bebês com material genético de três pessoas. A técnica surgiu para permitir que pais que carregam doenças genéticas possam ter filhos saudáveis e, ao óvulo e espermatozoides dos pais ‘oficiais’, junta-se o material de uma doadora. A discussão está na coluna de Marcelo Gleiser, na Folha: há várias questões envolvidas. Não é garantido que as crianças de fato não terão problemas, a tecnologia não foi testada apropriadamente, e alguns cientistas acham que esse pode ser o primeiro passo para a era dos ‘bebês por design‘, em que os pais escolhem que material genético a criança terá.

NAS ÁGUAS

O uso de canudos de plástico deve ser proibido no Rio – os vereadores já votaram, só falta a sanção do prefeito Crivella. Tem se falado muito neles, que representam impressionantes 4% de todo o lixo no mundo e foram o 7º item mais coletado nos oceanos no ano passado. O vídeo da tartaruga com um deles preso no nariz é de partir o coração. É encontrado plástico no estômago de 30% delas, e também de 71% das aves marinhas (e os EUA consomem 500 milhões de canudinhos por dia).

O Dia Mundial dos Oceanos foi comemorado dia 8, sexta-feira. A professora e pesquisadora do Instituto de Oceanografia da USP,  Maria de los Angeles Gasalla, fala na Radio USP sobre como a ação humana os coloca em risco. No Portal de Periódicos da Fiocruz, artigos sobre a polução plástica.

E os golfinhos usam nomes individuais para se comunicar uns com os outros.

PSICODÉLICOS

Primeiro como drogas hippies, depois produtos banidos e, agora, redescobertas como tratamentos medicinais: a trajetória das drogas psicodélicas é contada em novo livro de Michael Pollan (How to change your mind), que tem resenha de Helio Schwartsman na Folha. Mas calma. Elas não são como fármacos comuns, as experiências variam muito e, para o autor, faz mais sentido falar em “psicoterapia auxiliada por psicodélicos do que numa droga de prescrição”.

CIGARROS ELETRÔNICOS

Na falta de estudos que comprovem os benefícios de seu uso em vez dos tradicionais, os cigarros eletrônicos continuam vistos com cautela por agências reguladoras ao redor do mundo. No Brasil, ainda estão proibidos – embora sejam relativamente fáceis de achar ilegalmente, informa a Folha. Grandes empresas da indústria de cigarros, como Philip Morris e Souza Cruz, querem investir nos dispositivos. À reportagem, um representante da Philip Morris disse estranhamente que a posição da empresa é de que quem fuma deve parar e quem não fuma não deve começar, mas defendeu que aqueles que não querem parar deveriam poder fazê-lo com alternativas menos danosas. Um dos jornalistas que assinam a matéria, Gabriel Alves, viajou a Washington a convite da Souza Cruz para o encontro da ONG Food and Drug Law Institute, que discutiu o tema.

“FILHOS DE LÁZAROS”

Algumas décadas atrás, pessoas com hanseníase eram isoladas em colônias. Filhos que não podiam ter contato com os pais tentam até hoje uma reparação, como conta Fernanda Canofre, no Sul21.

CONTRA O DESMONTE

O deputado federal Chico D’Angelo (PDT-J]RJ) publicou artigo sobre o SUS no JB. Critica as medidas de austeridade e o evento da Febraplan em que se propunha um novo sistema de saúde.

BARCARENA

Está disponível online o documentário Tinha gosto de perfume, sobre o impacto da mineração na vida dos ribeirinhos.

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