PÍLULAS | O aumento do diagnóstico de autismo

Autismo em adultos: crescimento ou mito? | O que pretende o Mais SUS |Terremoto em país pobre conta menos | EUA: Saúde privada não lida com a varíola dos macacos |Cannabis avança no Brasil | Como a pandemia reduz o combate à AIDS

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Por que cresce tanto o diagnóstico de autismo em adultos?

O aumento expressivo do diagnóstico de “Transtorno do Espectro Autista” em adultos é tema de matéria relevante publicada hoje pelo Nexo. Um estudo britânico publicado em agosto de 2021 sugeriu que os números cresceram espantosos 787%, entre 1998 e 2018. E o tema tornou-se cada vez mais popular com a revelação de casos como os do ator Anthony Hoptkins, a comediante neozelandesa Hannah Gadsby e as brasileiras Amanda Ramalho (jornalista) e Marina Amaral (artista gráfica). Mas por que uma condição que provoca manifestações como rigidez comportamental, dificuldades em olhar outras pessoas nos olhos e tendência a ignorar o ambiente no entorno é diagnosticada tardiamente? A matéria ouve vários estudiosos e seria temerário resumi-la neste espaço. Mas sobressai uma suspeita. E se os diagnósticos de autismo forem tão arbitrários e medicalizantes quanto parecem ser, às vezes, os de TDAH em crianças?

A estranha adesão do “Mais SUS” a uma agenda democrática
O Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em parceria com a associação civil Umane, lançou na semana passada um conjunto de propostas para o que entende como melhorias no SUS. Dirigidas aos candidatos à Presidência, elas visam, segundo os autores, maior eficiência e qualidade nos serviços prestados hoje pelo sistema — que já fez  85 bilhões de atendimentos e está presente em 100% dos municípios brasileiros. Parte delas coincide com a agenda do movimento sanitarista. Mas por que o IEPS, um instituição criada — e ostensivamente dirigida — pelo banqueiro neoliberal Armínio Fraga as estaria lançando? O enigma está desafiando os que lutam pela Saúde Pública.

Terremoto no Afeganistão expõe desigualdade na prevenção de desastres

Há duas semanas, um terremoto de magnitude 5,9 sacudiu o Afeganistão, provocou ao menos mil mortes e destruiu milhares de casas. Chamaram atenção o descaso e a pequena repercussão internacional. A região tem poucas estações de monitoramento sísmico. Além disso, preocupações de segurança e problemas de acesso afastaram os pesquisadores. Mas uma geocientista do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (Alemanha) colocou o dedo na ferida. “Se esse terremoto tivesse acontecido na Europa, teríamos ido para lá imediatamente – no dia do terremoto”, disse Sofia-Katerina Kufner à revista Nature

Os EUA não sabem como lidar com a varíola dos macacos

Em tempos de pandemia, qualquer sinal de disseminação de vírus causa alarme, em qualquer parte do mundo. Os Estados Unidos, até o momento, reportaram cerca de 700 casos de varíola dos macacos. No entanto, as autoridades envolvidas nos levantamentos indicam que o número de casos que pode ser muito maior. Há fortes sinais de  subnotificação nos levantamentos. Segundo matéria do New York Times, a resposta do sistema de saúde, lenta e tímida”, equipara-se à que foi dada diante da Covid-19, nos primeiros momentos de contágios. Segmentação e burocracia resultam em subfinanciamento do sistema, majoritariamente, comandado pelo setor privado.

Apesar de tudo, a cannabis medicinal avança no Brasil
Dezenas de milhares de pessoas já fazem tratamento medicinal com a  cannabis, no Brasil”, reportou o neurocientista Sidarta Ribeiro, no último fim de semana. Ele foi uma das presenças destacadas no seminário internacional Cannabis amanhã: um olhar para o futuro, realizado no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de janeiro. Promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), o encontro mostrou que, mesmo em tempos ásperos, o conservadorismo está sendo batido. Na última década, as pesquisas e o uso legal de cannabis medicinal aumentaram significativamente no país. “Isso acontece muito pela ação de familiares de pacientes, de pacientes organizados em associações”, frisou Sidarta. Um dos desafios continua a ser o acesso a esse tipo de tratamento, visto que a importação ou os preços praticados no Brasil continuam com custos elevados. 

Terapia para HIV perde 39% dos pacientes 

A prevenção contra a AIDS pode ser mais uma vítima da pandemia de covid — e da negligência do governo federal diante dela. De 2018 para cá, 39% dos usuários da Prep (profilaxia pré-exposição) no Brasil interromperam essa forma de evitar infecções por HIV. Os dados são do Painel Prep, órgão vinculado ao ministério da Saúde. Entre os usuários atuais, jovens e pessoas com baixa escolaridade representam número pequeno de pacientes atendidos. Para especialistas no assunto, com o passar do tempo e a chegada de novos vírus, a preocupação com a transmissão do HIV deixou de ser uma preocupação — em especial junto à população com maiores riscos de contaminação. Principalmente, com os jovens que estão deixando de lado os cuidados básicos necessários com a prevenção.

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