Pico da epidemia da dengue pode estar passando
• Semana da epidemia foi mais leve que em 2023 • Reino Unido quer recusar Acordo das Pandemias • Câncer em mulheres negras • Canabidiol no SUS em SP • Anvisa incorpora análise de seus pares estrangeiros • Takeda tem problemas financeiros •
Publicado 10/05/2024 às 11:25 - Atualizado 10/05/2024 às 11:27
Uma importante atualização da epidemia da dengue foi identificada nos números do Ministério da Saúde (MS) nesta semana. Pela primeira vez no ano, a quantidade de casos registrados da doença foi menor que a da semana equivalente em 2023. Foram 86.250 notificações de dengue, contra 86.549 na semana epidemiológica 18 do ano passado. Mesmo assim, os casos totais – 4 milhões e 500 mil, em 2024 – seguem, em comparação com o ano anterior, 319,5% mais altos. Contudo, os dados sugerem mais um passo da tendência de queda das infecções. “O último relatório mostra que 24 das 27 unidades da federação já teriam passado pelo pico”, revelou o diretor do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde do MS ao jornal O Globo. O que, por outro lado, “não quer dizer que [as] epidemias nos estados afetados já passaram”, ele completa.
Acordo das Pandemias: Reino Unido implodirá negociações finais?
A dois dias do prazo para a adoção do texto final do tratado mundial, o Reino Unido se recusa a assinar o Acordo das Pandemias. Ao jornal The Telegraph, um representante do governo britânico diz ter objeções a cláusulas que vão contra o “interesse nacional” do país. Contudo, o periódico inglês apurou que o veto é, na verdade, voltado contra um artigo de solidariedade com o Sul Global. O Reino Unido questiona a obrigação de que, em futuras pandemias, os países ricos tenham que compartilhar um quinto de suas doses de vacina – bem como de outros “produtos de saúde” – com o resto do mundo, a fim de racionalizar o enfrentamento global à doença. Nações em desenvolvimento argumentam que, caso as potências que controlam a fabricação e o desenvolvimento dessas ferramentas possam definir tudo sobre sua distribuição, arriscamos cair mais uma vez no cenário de iniquidade e nacionalismo de vacinas que se testemunhou no surto da covid-19. Como cobriu Outra Saúde nos últimos meses, a movimentação britânica é só mais uma das sabotagens do Norte à construção de um tratado justo para a Saúde Global.
Porque o câncer é mais mortal para mulheres negras?
Uma sociedade científica dos Estados Unidos, a American Cancer Society (ACS), buscará responder à pergunta com uma pesquisa que pretende acompanhar a trajetória de vida de 100 mil pessoas desse segmento da população. Naquele país, a incidência de tumores entre as negras é 8% menor que entre as brancas, mas a mortalidade é 12% maior. Em doenças específicas, como o câncer de mama ou de endométrio, a taxa de óbito chega a ser 41% e 50% mais alta, respectivamente. Ao longo das três décadas, as participantes do estudo deverão responder periodicamente a questionamentos sobre “comportamento, ambiente e experiências vividas”, que podem trazer pistas sobre os fatores que as levam a morrer mais da doença. “O novo estudo representa um passo crucial para alcançar a equidade em saúde em uma população que há muito tempo é carente”, afirmou um vice-presidente da ACS.
CBD, enfim, no SUS paulista
A edição de uma nova portaria pelo governo de São Paulo nesta terça-feira (7/5) marcou oficialmente a chegada do canabidiol ao SUS paulista. O documento oficial contém as diretrizes terapêuticas e o protocolo clínico para o uso do medicamento – que, neste momento, só poderá ser prescrito a pacientes com complexo da esclerose tuberosa, síndrome de Lennox-Gasteau e síndrome de Dravet. Agora, o extrato do canabidiol poderá ser requisitado gratuitamente por estas pessoas nas farmácias do Sistema Único de Saúde, mediante a apresentação da prescrição do médico. O caminho para acessá-lo será longo: os pacientes serão obrigados a apresentar uma série de exames clínicos e de imagem para requerê-lo, os médicos terão que assinar um termo de responsabilidade ao indicá-lo, e as farmácias deverão remeter a prescrição à Secretaria de Saúde para análise antes de entregá-lo. Ainda assim, é mais um passo à frente no avanço da maconha medicinal no Brasil.
Anvisa incorporará análises de equivalentes estrangeiras
Medida da quinta-feira passada (2/5) traz novidades ao processo regulatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por meio da Instrução Normativa nº 292/2024, a autarquia federal define os critérios para identificar Autoridades Reguladoras Estrangeiras Equivalentes (AREEs) no trabalho de regulação da fabricação de “insumos farmacêuticos ativos, produtos de Cannabis para fins medicinais, medicamentos e produtos biológicos”. Na prática, empresas que receberem inspeções sanitárias e certificações de boas práticas das entidades reconhecidas pela Anvisa poderão acelerar a análise que concede aval para funcionamento no Brasil. Ao fim do documento, 42 órgãos de países da América do Norte, Ásia e Europa já são reconhecidos como AREEs – todos são membros do Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica (PIC/S) e do Conselho Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Medicamentos de Uso Humano (ICH).
Fabricante da vacina da dengue em dificuldades financeiras
A farmacêutica japonesa Takeda, que fornece ao mundo a vacina da dengue, anunciou ontem (9/5) que seus lucros caíram pela metade em 2023. A empresa associa as dificuldades com o fim das patentes de dois de seus carros-chefe – os fármacos Azilva e Vyvanse, que tratam a hipertensão e a hiperatividade, respectivamente. A crise cairá nas costas de seus trabalhadores: uma “reestruturação” da força de trabalho da companhia foi anunciada, mas ainda “não há um número específico” de demissões à vista, segundo um porta-voz. O objetivo é cortar custos na ordem de US$899 milhões neste ano fiscal. A aposta da farmacêutica para se recuperar, diz a Reuters, está nas vendas da Qdenga. Recentemente, a Takeda iniciou discussões para novos testes clínicos do imunizante, com o objetivo de fabricá-lo também na Índia. O aumento na oferta pode ser bem-vindo para acelerar a vacinação no Brasil – mas ainda mais bem-vinda será a viabilização do imunizante nacional, assim que possível.