Caos total no Hospital da Mulher em SP

Cientistas cobram justiça climática para a África, continente onde as mudanças climáticas causam mais estrago • Surto de cólera sem precedentes • Covid: Bolsonaro não quer vacinar bebês •

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Caos no Hospital da Mulher em SP

Um dos hospitais mais importantes da cidade de São Paulo, reinaugurado há cinco semanas na região da Luz, no centro da cidade, tem falhado gravemente com suas pacientes, mostra uma reportagem da Folha de S. Paulo. O mais preocupante, no momento, são as mulheres que precisam fazer abortos previstos na lei – aqueles em que a gravidez foi fruto de estupro, em que o bebê tem anencefalia ou que representa risco de vida à mãe. O hospital que é referência nesse procedimento está tendo de encaminhar as pacientes para centros de outras especialidades. Falta estrutura para a cirurgia, mas também medicamentos para profilaxia de ISTs, necessários para casos de estupro. A reportagem da Folha apurou que há também déficit de funcionários não admitido pela administração. Outra Saúde tratou deste problema no Hospital da Mulher em matéria de 28/9.

Pacientes de câncer de mama são obrigadas a espera absurda

A reportagem da Folha conversou com pacientes que tratam câncer de mama no Hospital da Mulher (antigo Pérola Byington). Uma delas, que cuida de sua doença há dez anos no hospital e acaba de descobrir suspeita de leucemia, relata ter ficado sem o medicamento para o protocolo de quimioterapia. Conseguiu o suficiente para cinco dias, por doação, mas precisa do tratamento para sete – e aguarda aflita pela liberação. Outra paciente, que precisa retirar um tumor na mama, tinha sido informada de que sua cirurgia seria na quarta-feira (19/10). Ao chegar lá, descobriu que o procedimento não aconteceria, e que ela deveria voltar em cinco dias para receber mais informações. O Hospital da Mulher, que antes era de administração direta da prefeitura, agora é gerido por uma Organização Social da Saúde (OSS). Seu superintendente releva, e afirma que são problemas de transição e logo serão normalizados. A deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) protocolou requerimento pedindo explicações ao hospital e à Secretaria de Estado da Saúde pela crise.

Cientistas cobram justiça climática para a África em 250 publicações

O continente africano sofre mais com as consequências das mudanças climáticas e é um dos menores responsáveis por elas. A partir dessa conclusão, pesquisadores da África e de todo o mundo uniram-se para publicar artigo em 250 revistas acadêmicas. Entre elas, alguns dos principais periódicos médicos, como o BMJ, Lancet, New England Journal of Medicine e The National Medical Journal of India. Entre os principais efeitos do aquecimento global em regiões vulneráveis da África estão as inundações severas na parte Ocidental e Central do continente, que causam aumento da mortalidade e obrigam migrações em massa. 

Crise climática na África é causada pelo Norte Global

As mudanças no clima também afetam gravemente o abastecimento de água e alimentos, causando perdas na agricultura e na pecuária – a fome mata 1,7 milhão de pessoas por ano no continente. Os pesquisadores que assinam o artigo também destacam o problema do aumento de doenças como malária, dengue e ebola, também propiciadas pela mudança de clima. O conjunto de autores pede que os países ricos tomem atitudes – e não só com ações humanitárias para mitigar danos causados por desastres naturais. É preciso começar a agir contra as mudanças climáticas já.

Surto de cólera faz OMS reduzir esquema vacinal a uma dose

Haiti, Malawi e Síria enfrentam os cenários mais alarmantes da nova crise de cólera, que já atingiu 29 países em 2022 – um número “sem precedentes”, segundo a OMS. Por isso, a organização decidiu reduzir o esquema vacinal de duas para apenas uma dose. Não há estudos que mostrem de que maneira essa diminuição vai impactar na proteção das pessoas, mas a medida urgente pode ajudar a minimizar o perigo às populações. O aumento da cólera também pode ser considerado mais uma consequência das mudanças climáticas: inundações e secas são responsáveis por mais casos em países com população vulnerável. A doença é causada por uma bactéria geralmente contraída pela ingestão de alimentos ou água contaminados. A escassez de vacinas se dá principalmente porque a produção é muito baixa: 36 milhões de doses estavam previstas para serem produzidas neste ano. Mais uma demonstração de que a indústria fecha os olhos às doenças do Sul Global?

Vacinas: governo Bolsonaro age contra a ciência mais uma vez

A decisão do ministério da Saúde é de que apenas crianças com comorbidades de 6 meses a 4 anos tomem a vacina contra covid-19. Ela contraria até mesmo integrantes da câmara técnica da pasta, formada por especialistas e conselheiros municipais e estaduais da saúde, que afirmaram que todas as crianças pequenas podem se imunizar. A decisão também contraria definição da Anvisa de 16 de setembro. Mas não se trata somente disso: países como Chile, Argentina, Cuba, Estados Unidos, Israel e a China já vacinam suas crianças com segurança. É medida essencial para conter mortes prematuras: os casos de óbitos de crianças pequenas por covid são raros, mas não são irrelevantes. Foram 539 mortes de bebês de 6 meses a 3 anos nos dois primeiros anos de pandemia.

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