“A gente é bicho”: as denúncias de profissionais de saúde na pandemia

Quase 32 mil profissionais de saúde já foram infectados pelo novo coronavírus; faltam equipamentos, insumos, remédios

Foto: Sindsep
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Saiu o primeiro levantamento das denúncias que o Conselho Federal de Medicina (CFM) vem recebendo desde que abriu um canal específico para isso no dia 30 de março. Até 6 de maio, havia 2.166 relatos de 1.563 médicos que atuam em aproximadamente 550 municípios espalhados por todo o país. A falta de equipamentos para proteção individual (EPIs) é a principal queixa (38,2%), seguida pela falta de insumos, exames e medicamentos nas unidades (18,9%). Em terceiro lugar, vem a escassez de profissionais nos locais de atendimento (13,7%), principalmente de trabalhadores da enfermagem. A maioria dos denunciantes relatou problemas em hospitais (930), mas há centenas de críticas ao funcionamento de unidades de atenção básica (650) e de pronto-atendimento (393). A maior parte das queixas é do estado de São Paulo, seguido por Rio de Janeiro. O CFM informou que levará as denúncias para o setor de fiscalização dos conselhos regionais de medicina e ao Ministério Público, se for preciso.

No Hospital de Campanha do Maracanã, recém-inaugurado no Rio, profissionais da enfermagem gravaram um vídeo denunciando as péssimas condições de trabalho. O espaço reservado para o descanso nos plantões é um corredor onde não há nem colchões para todos. “A gente é bicho”, desabafa uma profissional. Segundo a gravação, o administrador do hospital reservou uma área mais adequada para os médicos. “Isso aqui é do médico”, teria dito. O Ministério Público do Rio abriu inquérito para apurar as denúncias e o conselho regional de enfermagem prometeu fazer inspeção no local. 

Ontem, o Ministério da Saúde divulgou que quase 32 mil profissionais da ponta já foram infectados pelo novo coronavírus. São 31.970 infecções confirmadas – e uma quantidade muito maior de casos ainda em investigação: 114.301.

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