Você não quer mais respirar veneno

Intoxicações por agrotóxicos são uma realidade no campo brasileiro, aponta relatório

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23 de julho de 2018

INTOXICAÇÕES INVISÍVEIS

Você não quer mais respirar veneno é o título de um relatório lançado na sexta pela Human Rights Watch, onde se documentou a intoxicação aguda devido aos agrotóxicos em sete localidades rurais do Brasil. Ele faz uma série de recomendações – ao Congresso, por exemplo, pede que rejeite projetos que enfraqueçam a estrutura regulatória, como o PL do Veneno.

Nada mudou na realidade da população do campo que vive na região de Lucas do Rio Verde (MT) desde que o episódio de pulverização de agrotóxicos em uma escola ficou conhecido, diz o ex-diretor da unidade, Hugo Alves. Entrevistado pelo Repórter Brasil durante o lançamento do relatório da Human Rights Watch, ele denuncia que as pulverizações aéreas perto dos assentamentos continuam acontecendo diariamente. Demitido do cargo de diretor, hoje ele atua como professor de educação física em cinco escolas do campo e afirma que seus alunos reclamam de dor de cabeça, dos de estômago, problemas na pele. As plantações deveriam respeitar uma distância de 500 metros das escolas, segundo uma lei aprovada depois do episódio, mas nem isso é fiscalizado.

“Muitos têm problemas. Um deles tem cirrose hepática, uma aluna já foi internada 18 vezes. Os que continuam a entrar em contato com o veneno falam de dor de cabeça, boca pinicando, dizem que as pálpebras ficam geladas. Depois que a imprensa sumiu esses alunos ficaram esquecidos. Estão sem nenhum atendimento, a maioria já não tem mais nem direito a receber remédios. As empresas só ajudam quanto tem ordem judicial. O MPF fez um termo de ajustamento de conduta dizendo que as crianças precisavam passar por uma bateria de exames a cada seis meses. Eles fizeram a primeira, eu levei na segunda, depois não fizeram mais.”

O caso, que ficou conhecido em 2013, levou à Justiça a produtora do agrotóxico, Syngenta, e a empresa proprietária do avião, Aerotex, ambas condenadas em março deste ano a pagar R$ 150 mil de danos morais coletivos. A Syngenta vai recorrer.

ADEUS, ABELHAS 

E apicultores de São Paulo (assim como em todo o mundo) vem denunciando a morte de abelhas. Um novo estudo, feito pela Unesp e pela Universidade Federal de São Carlos, calcula que entre 2014 e 2017, foram 255 milhões de abelhas mortas em 78 cidades paulistas. A causa da mortandade? Os agrotóxicos. Os pesquisadores coletaram amostras dos bichos durante os três anos do estudo, que aliás, foi financiamento por indústrias do setor de agrotóxicos. Nesse sentido, as recomendações são bastante brandas: os pesquisadores concluem que os produtos estão sendo aplicados de forma errada, ou porque não deveriam ser pulverizados de avião, ou porque os produtores aplicam quantidades muito maiores do que as recomendadas. E sugerem que avisem aos apicultores com 72 horas de antecedência quando antes da aplicação do agrotóxico para que eles tenham tempo hábil de tomar providências.

FALSOS DOUTORES

Depois da prisão de Denis Furtado, o Dr. Bumbum, o Estadão traz uma matéria sobre outros problemas do que chama de “mercado virtual da beleza” no país. São muitos perfis nas redes – alguns, de médicos sem especialização, e outros de pessoas sem diploma na área – que prometem rosto, seios e bumbuns perfeitos. Oferecem “pré-atendimento” online, com avaliação de fotos das futuras clientes, são atuantes nas redes e participam de grupos privados no Facebook e de listas no WhatsApp onde promovem anúncios, fazem sorteiros, oferecem descontos e colocam fotos de ‘antes e depois’ de clientes (o que é vedado pelo Conselho Federal de Medicina, mesmo quando há autorização do paciente).

Há o anúncio de tratamentos que não existem (tipo terapia antienvelhecimento, e chip da beleza) e até nomes de especializações inventados. Medicina estética, por exemplo, não é uma especialização de verdade. Um dos procedimento alardeados é a bioplastia, feita com a injeção de uma substância chamada PMMA, cujos efeitos de longo prazo são desconhecidos. Segundo a Anvisa, ela é classificada como de ‘máximo risco’ e só pode ser aplicada por profissional habilitado. Foi o que Denis Furtado injetou em Lílian Calixto, que morreu.

NO HORIZONTE? 

A BBC Brasil conta a história do infectologista Ricardo Diaz, brasileiro que busca a cura da infecção pelo vírus HIV. O pesquisador da Unifesp lidera um estudo que ainda não foi publicado, mas deve ser apresentado hoje no Congresso Internacional da Aids, que acontece na Holanda. Os resultados preliminares indicam que duas pessoas soropositivas tiveram o vírus eliminado do organismo a partir de um coquetel baseado na combinação de medicamentos já utilizados com duas substâncias inéditas nesse tipo de tratamento, além de vacinas personalizadas, feitas com base no DNA de casa participante da pesquisa.

SOBREVIVENTES

O Hospital Albert Einstein começou este ano um programa voltado a sobreviventes do câncer. Se chama Survivorship e oferece aos pacientes orientação com médicos, nutricionistas, psicólogos e um coach sobre como se cuidar depois da doença. São cinco encontros e, em seguida, o encaminhamento para atendimentos específicos. A reportagem do Estadão diz que focar nos sobreviventes é uma tendência em outros países. E cita também a experiência do Inca de São Paulo, que em 2013 criou um projeto de remo para mulheres que tiveram câncer de mama. A escolha do esporte não é aleatória: atividades físicas melhoram a resistência durante o tratamento e o remo ajuda a desinchar os braço, possível efeito da mastectomia.

CUIDADOS POR ROBÔS

Você deixaria seus filhos serem submetidos a cirurgias feitas por robôs com inteligência artificial? Uma pesquisa do (Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos, na sigla em inglês) com duas mil pessoas em cinco países – entre eles o Brasil – mostrou o que pensam jovens pais e mães, entre 20 e 36 anos. No Brasil, 60% deixariam – contra 45% nos EUA e no Reino Unido, 78% na Índia e 82% na China. E, por aqui, 31% dos entrevistados confiariam totalmente em inteligências artificiais para decisões médicas moderadas.

SARAMPO

Depois de denúncias de que traficantes estariam impedindo a campanha de vacinação contra o sarampo em Manaus, o Exército foi chamado. A operação militar acontece no bairro Jorge Teixeira, um dos mais populosos da capital e onde foram registradas mais ocorrências da doença. O município decretou estado de emergência no início de julho. E tem usado como estratégia “varreduras” em que agentes de saúde percorrem os domicílios para avaliar a situação vacinal. Por lá, já foram notificados 2.660 casos de sarampo, dos quais 444 foram confirmados, 119 descartados e 2.997 aguardam resultado.

No Rio, são sete os casos confirmados – todos ligados à faculdade de direito da UFRJ, onde foi registrado o primeiro caso da doença em 18 anos.

GRIPE

Este ano já foram 839 mortes pelo vírus no país, um aumento de quase 200% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas 90% do público-alvo foi vacinado. São Paulo lidera o número de casos (1702).

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