WikiFavelas: A comunicação faz bem para a saúde
Dicionário Marielle Franco traz uma cartografia que reúne coletivos de comunicadores das quebradas. Mobilizam as comunidades na luta por direitos. São essenciais na geração de dados. E auxiliam na formulação de políticas para o bem-estar coletivo
Publicado 18/06/2025 às 17:50 - Atualizado 18/06/2025 às 17:51

Comunicação popular, alternativa ou comunitária? Desde o início dos anos 1970, pesquisadores da comunicação na América Latina vêm refletindo sobre a mobilização de grupos populares por melhores condições de vida. Impulsionada por reivindicações pautadas por interesses comuns, a comunicação comunitária verbaliza lutas por direitos em um Estado em geral omisso e autoritário, que subtrai dos moradores das favelas e periferias o acesso à informação, à saúde, à educação de qualidade, à segurança, em suma, à cidadania plena. Em outras palavras, a comunicação comunitária é fruto desse comprometimento do indivíduo com o exercício de sua cidadania e de movimentos impulsionados por dinâmicas de pertencimento e reivindicação de direitos, onde se inclui o direito à comunicação e também à saúde.
O tema, de interesse crescente nos estudos do campo da comunicação, vem sendo objeto de pesquisas inclusive de instituições de ciências biomédicas e saúde pública, como a Fundação Oswaldo Cruz. Em julho de 2023, a Fiocruz, por meio de seu programa de fomento à inovação, lançou um edital voltado ao enfrentamento de problemas do campo da Promoção da Saúde. As cláusulas de seleção dos projetos incluíam a colaboração entre pesquisadores da instituição e representantes de movimentos sociais e definiam como categorias de enquadramento temático as ciências biomédicas, a educação e assistência e as tecnologias de informação e comunicação (TICs).
O caráter multidisciplinar do edital ia ao encontro das diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) do Ministério da Saúde (MS). Renovada em 2017 com a finalidade de incluir a participação social e os movimentos populares, previa, entre outros objetivos, “identificar como a promoção da saúde no SUS vinha sendo operacionalizada nos territórios para, então, rever de que modo a PNPS, como política pública, mobilizava os atores na busca de sua efetivação prática” (PNPS, 2018, p.6). Nessa perspectiva, tudo indicava que pesquisas voltadas à escuta e vocalização dos mais distintos grupos sociais e à resolução de problemas do campo da promoção da saúde nos territórios poderiam ser bem-vindas.
A partir do edital foi construída uma parceria colaborativa entre diferentes iniciativas da Fiocruz1 com quatro coletivos da Área Programática 3.1 do município do Rio de Janeiro, que abrange 27 bairros da Zona Norte2 da cidade. Participaram dessa articulação o Instituto Raízes em Movimento (Complexo do Alemão), a Frente de Mobilização da Maré, o Jornal Fala Manguinhos e o Instituto Decodifica (antigo LabJaca). A escolha da AP 3.1 levou em conta a existência de vínculos e colaborações anteriores com lideranças da região em diversos projetos de pesquisa e ações territoriais.
A união de esforços gerou o projeto “Geração cidadã de dados: cartografia dos coletivos de comunicação comunitária para promoção da saúde”, cujo objetivo foi mapear a comunicação comunitária realizada por coletivos populares da AP 3.1 e avaliar o possível impacto dessas iniciativas na promoção da saúde nos territórios onde atuam. Para tal, o grupo adotou a metodologia de pesquisa-intervenção participativa (Chassot & Silva, 2018), que busca romper a fronteira entre pesquisadores e objetos de estudo, e trabalhar com os coletivos, uma vez que cartografar é traçar um plano comum (Matín-Barbero, 2004; Kastrup, Passos, 2013) entre pesquisadores e pesquisados, observando as singularidades e subjetividades envolvidas.
Nesse processo de diálogo e construção conjunta, propunha-se dar visibilidade aos coletivos de comunicação comunitária, seus históricos e atividades e analisar como operam para burlar a carência de recursos financeiros e humanos, considerando que produzem dados sobre seus territórios que impactam a sociedade como um todo e contribuem para a melhoria das condições de vida locais. Para a conceituação foram adotados os preceitos de comunicação comunitária propostos por Cecília Peruzzo, segundo a qual trata-se de “instrumento político das classes subalternas para externar sua concepção de mundo, seu anseio e compromisso na construção de uma sociedade igualitária e socialmente justa” (2009, pp.49-50) e Raquel Paiva, para quem “pensar a comunicação comunitária é apelar para a presença dum aspecto dinâmico e reivindicatório, que se instala a partir da informação numa ótica programática, de melhoria da condição de vida do indivíduo” (2003, pp.56-57).
Como devolutiva aos territórios participantes da pesquisa foram planejadas as seguintes ações: 1. Produção de mapas digital e impresso com dados georreferenciados dos coletivos da AP 3.1; 2. Produção de quatro episódios do podcast Radar Saúde Favela contendo informações do projeto e entrevistas; 3. Redação e publicação de verbete do projeto no Dicionário de Favelas Marielle Franco; 5. Depósito de áudios e transcrições das entrevistas no acervo de história oral da Casa de Oswaldo Cruz, de acesso online e gratuito; 6. Realização de oficina de comunicação comunitária e saúde no ‘Circulando Comunicação e Diálogo’, evento realizado anualmente no Complexo do Alemão pelo Instituto Raízes em Movimento. O desafio estava posto à mesa.
O que foi feito
O primeiro passo foi colocar ‘na rua’ um questionário eletrônico para mapear os possíveis coletivos localizados na AP 3.1, tomando como referência prévia a base de dados do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Intitulado “Cartografia dos coletivos de comunicação comunitária da AP 3.1”, o questionário buscou identificar quem eram e como atuavam os coletivos, suas potencialidades e fragilidades. Essa etapa da apuração identificou 27 participantes, entre organizações sem fins lucrativos e comunicadores independentes. As informações georreferenciados e a respostas completas foram organizadas na plataforma digital Vicon Saga, no projeto Comunicação Comunitária.
A segunda etapa foi dedicada às entrevistas com os quatro representantes dos coletivos participantes do projeto: Gizele Martins (Frente de Mobilização da Maré); David Amen (Instituto Raízes em Movimento); Fábio Monteiro (Agência de Comunicação Comunitária de Manguinhos/Jornal Fala Manguinhos) e Vinícius Morais (Instituto Decodifica, antigo LabJaca).
Comunicação Comunitária é trabalho coletivo
Para os comunicadores que estão na linha de frente das organizações de comunicação popular, a comunicação comunitária é e se dirige ao trabalho coletivo. Iniciativas de comunicação centradas no indivíduo, que criaram o fenômeno dos influenciadores – muito em voga nas plataformas digitais -, muitas vezes estão em busca de ‘lacração’ e monetização. Em geral, reforçam a lógica individualista, fundamental para a sustentação dos valores e instituições neoliberais. Em contrapartida, as ações e campanhas de mobilização procuram fortalecer a identidade cultural local, gerar o sentimento de orgulho de ser “cria da favela” e a compreensão das causas das desigualdades sociais que vulnerabilizam as populações ali residentes.
Para a jornalista, comunicadora comunitária integrante do coletivo Frente de Mobilização da Maré, criado na pandemia de Covid-19, Gizele Martins, a favela sempre foi estigmatizada pelo Estado. Pesquisadora e ativista premiada, inquieta e combativa, indaga: “O que é a favela para a gente? O que é para o Estado e o que é para mim?

A favela sempre foi transcrita como aglomerado suburbano. O Estado nos caracteriza dessa forma para nos diminuir… A favela é tão potente que o Estado diz que a gente é analfabeto, que a gente é um problema social. Por exemplo, a favela da Maré é um conjunto de 16 favelas que sofre com desigualdade social, a maioria é analfabeta. O Estado transcreve a favela dessa forma, mas a Maré é um encontro de espíritos das Marés, a Maré tem ilhas de pescadores, a Maré é formada por rezadeiras oriundas do nordeste brasileiro que vêm de outras culturas, de outros povos. A Maré é uma conjunção de identidades, por isso a gente inventa a palavra mareense (…) a Maré tem ruas, becos e vielas, tem fofoqueira, tem briga, tem baile funk, mas também tem forró, tem hip hop, tem rock, tem comunicação comunitária, tem ONG, tem muita coisa boa, mas também tem ameaças de morte, então estou transcrevendo a Maré da forma que eu enxergo a partir desses mais de 20 anos de comunicação comunitária.
Na pandemia, a mobilização na Maré, impulsionada por ela, foi fundamental para o enfrentamento da ausência do Estado e a onda avassaladora de desinformação perpetrada pelo governo federal, principalmente na figura do presidente da República. “Num governo de extrema direita que tinha o povo preto favelado como seu próprio inimigo, a gente fez um trabalho muito importante não só no combate às fake news, mas também no combate à fome. Então quando eu falo sobre o impacto nessa promoção da saúde, é levando informações corretas sobre saúde, no combate à fome, que tem também a ver com a saúde pública”, enfatiza Gizele.
“Eu acho que a comunicação é um eixo importantíssimo para a incidência política”, avalia David Amen, do Instituto Raízes em Movimento, fundado por ele e pelo sociólogo Alan Brun no Complexo do Alemão, há 24 anos. Jornalista, grafiteiro, produtor de comunicação e arte visual, ilustrador e videomaker, David considera que as ações de comunicação impactam positivamente as condições de vida e saúde do bairro onde atuam e que a comunicação popular pode promover a saúde no seu sentido mais amplo, incidindo nos territórios como ação política:

Promover saúde é ter dignidade, ter compreensão, é ter parceria com os territórios que estão sendo atendidos por aquele equipamento público. Saúde não é ausência da doença. Saúde é você ter uma escola pública digna, você ter uma moradia, saneamento básico, água, isso tudo é saúde. Eu acho fundamental que a gente consiga contribuir com esse trabalho da comunicação comunitária no viés da promoção da saúde e que a gente possa contribuir para uma promoção de saúde que garanta principalmente os direitos e a dignidade da população, das periferias, das favelas, dos espaços mais populares.
A geração cidadã de dados, nessa perspectiva, pode ser uma estratégia de valorização da cultura local e instrumento para a formação cidadã, favorecendo a compreensão da comunicação e da informação como direitos indissociáveis do direito à saúde. Para Vinicius Morais, analista de mobilização e cofundador do Instituto Decodifica, antigo LabJaca, do Jacarezinho, a Geração Cidadã de Dados é uma possibilidade de a favela falar por ela mesma, rompendo estereótipos estigmatizantes que abalam a autoestima dos moradores:

A gente percebeu que, geralmente, nas favelas, até pela dificuldade de acesso e pela falta de interesse, as pesquisas não são realizadas, quando realizadas não têm um processo de escuta dos moradores, quais são as principais dores que eles enfrentam, muitas das vezes nem o resultado das pesquisas era levado para a população como resposta. A base da geração cidadã de dados é fazer pesquisas para a gente pautar mudanças, seja no poder público, seja para investimentos privados. Desmistificar essas complexidades para as pessoas conseguirem de fato ter uma visão mais real, diferente do que a grande mídia sempre passa de só violência, tragédia, miséria, como se todas as favelas fossem iguais. A gente vai falar sobre nós mesmos, sobre a nossa perspectiva, pautando o que a gente quer e não políticas públicas que cheguem sem escutar, oferecendo coisas que não necessariamente a população quer, da mídia falando do jeito que ela entende sobre nossas vidas, nossos cotidianos.
A comunicação comunitária pode ainda estimular a formação de colaboradores, mobilizar fontes de recursos que não estão sempre disponíveis, como editais e chamadas públicas, e ajudar a fortalecer a cidadania nos territórios vulnerabilizados. Para Fábio Monteiro, engenheiro ambiental, sanitarista, professor comunitário e um dos diretores do Jornal Fala Manguinhos, a comunicação é uma ‘arma’ contra toda sorte de violência e violação de direitos humanos propagada contra as populações vulnerabilizadas das favelas e periferias do Rio:

Nós fazemos uma comunicação antirracista, a gente levanta diversas bandeiras sobre a questão de gênero, LGBT, até mesmo de saúde da criança, do adolescente. Então, são diversos tipos de violência que o território sofre, e a gente vai tentando driblar para conseguir realizar essa comunicação comunitária da maneira possível, mais segura. Então a nossa arma vai ser o microfone, a nossa arma vai ser a caneta, o papel, para escrever a matéria com responsabilidade, sem expor os moradores, sem expor as fontes, principalmente quando está tendo algum tipo de operação, um tiroteio no território, e a gente precisa comunicar aquilo.
Comunicação Comunitária é Saúde
Foi possível verificar, tanto nas falas dos entrevistados como nas respostas ao questionário, que a comunicação comunitária realizada nas favelas e periferias tem grande impacto na promoção da saúde. Na pandemia de Covid-19, quando muitos coletivos se constituíram em reação à ausência completa do Estado, os comunicadores protagonizaram a disseminação de informações sobre transmissão do vírus e autoproteção, realizaram serviços assistenciais, como distribuição de cestas básicas, e coletaram dados para auxiliar os serviços de saúde locais. Por meio de mídias sociais, carros de som, faixas, cartazes e rádios comunitárias buscaram divulgar em seus territórios informações qualificadas e esclarecedoras sobre a doença e a vacinação, para o maior número possível de pessoas.
Vale destacar que a contribuição desses coletivos também não se limita à produção de notícias sobre saúde e segurança pública. Foi observado no questionário e nas entrevistas que os comunicadores populares promovem a visibilidade e a valorização da vida cultural e política nesses territórios, auxiliando a gestão da vida comunitária, valorizando as falas e linguagens locais e a promoção de espaços de escuta para relatos e denúncias. É uma comunicação que convida moradores a participarem na elaboração de diagnósticos e soluções para o cotidiano de seus territórios, gerando sentido de pertencimento e valor pela vida comunitária.
As entrevistas também evidenciaram a entrega e o comprometimento dos comunicadores com seus territórios, com a luta coletiva travada diariamente por direitos e cidadania. Como Fábio Monteiro mesmo relatou em outro trecho da entrevista, “favela não é potência, potência são as pessoas que estão ali vivendo sob condições precárias e, ainda assim, com imenso vigor para transformar aquela realidade, lutando para serem respeitadas como cidadãs”.
A construção de uma comunicação descentralizada e dialógica, com a participação dos moradores, é constantemente incentivada nesse processo. Nesse movimento, é possível afirmar que a comunicação comunitária territorializada vem buscando refutar estereótipos resultantes de generalizações de toda ordem e práticas comunicacionais estigmatizantes. Em contraponto ao jornalismo comercial que desumaniza, os comunicadores populares adotam posicionamentos mais críticos e reflexivos em busca de soluções práticas para suas necessidades e a valorização dos saberes e da cultura local.
Fortalecer tal movimento é fundamental para que a favela e seus moradores sejam reconhecidos cada vez mais como sujeitos ativos e participantes dos processos de pesquisa e geração de dados. A produção compartilhada de informação e a construção conjunta do conhecimento e de diagnósticos impactam não só a forma de comunicar, mas podem também incidir diretamente na elaboração de políticas públicas de promoção da saúde mais inclusivas e potencialmente eficazes. Os próximos passos nessa luta são efetivar as práticas e saberes da comunicação comunitária como política de comunicação de interesse público.
Para saber mais
Trechos das entrevistas foram incluídas em quatro episódios do podcast Radar Saúde Favela e as versões completas (áudio e transcrição) foram doadas ao acervo de história oral sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz e estão disponíveis no repositório arquivístico da Fundação Oswaldo Cruz, Base Arch. O projeto de pesquisa e os perfis dos quatro entrevistados são verbetes do Dicionário de Favelas Marielle Franco. Por fim, em 30 de novembro de 2024, a convite do Instituto Raízes em Movimento, realizou-se a oficina “Comunicação é Saúde”, como parte da programação do Circulando – Memória e Comunicação na Favela, evento anual do Instituto realizado no Complexo do Alemão.
Referências:
CHASSOT, C. S. & Silva, R. A. N. “A pesquisa-intervenção participativa como estratégia metodológica”. Psicologia & Sociedade, 30, e181737, 2018.
KASTRUP, Virgínia; PASSOS, Eduardo. “Cartografar é traçar um plano comum”. Fractal, Rev. Psicol., v. 25 – n. 2, p. 263-280, Maio/Ago. 2013.
MARTÍN-BARBERO, Jésus. Ofício de cartógrafo: travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2004.
MENDES, Rosilda; PEZZATO, Luciane Maria; SACARDO, Daniele Pompei. “Pesquisa-intervenção em promoção da saúde: desafios metodológicos de pesquisar ‘com’”. Ciência & Saúde Coletiva, 21(6):1737-1745, 2016.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Anexo I da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017, que consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS. Brasília – DF, 2018. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude.pdf. Acesso em 02 Jun 2025.
PAIVA, Raquel. O espírito comum: comunidade, mídia e globalismo. Prefácio à 1ª edição: Muniz Sodré; prefácio à 2ª edição: Gianni Vattimo – 2ª ed. rev. e ampl. – Rio de Janeiro: Mauad, 2003.
PERUZZO, Cicilia M. “Conceitos de comunicação popular, alternativa e comunitária revisitados e as reelaborações no setor”. ECO-Pós, v.12, n.2, mai/ago 2009, p.46-61.
1 Cooperação Social da Presidência, a Casa de Oswaldo Cruz, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) e o Dicionário de Favelas Marielle Franco.
2 São bairros da AP 3.1: Jardim Guanabara; Tauá; Jardim Carioca; Portuguesa; Galeão; Freguesia-Ilha; Bancários; Pitangueiras; Cacuia; Moneró; Praia da Bandeira; Cocotá; Ribeira; Zumbi; Cidade Universitária; Penha; Brás de Pina; Olaria; Penha Circular; Cordovil; Vigário Geral; Jardim América; Parada de Lucas; Maré; Complexo do Alemão; Ramos; Manguinhos; e Bonsucesso. O campus da Fundação Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro está em Manguinhos.
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