Um psicanalista lê Pasternak e Orsi 

A mente humana não é apenas neurofisiológica – e nem tudo que é exterior ao crivo científico é pseudociência. A psicanálise nunca pretendeu ser como a Física. É possível que ela esteja uma fronteira fluida, sem pretender abraçar o mundo

Imagem publicada no site da Associação Casa de Itália
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Nas últimas semanas, grande parte da comunidade psicanalítica esteve em polvorosa por conta do lançamento do livro Que bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério, de Pasternak e Orsi. Nesse livro, os autores declaram que a psicanálise, entre outros saberes, é pseudociência. Diversos psicanalistas já se manifestaram, mas muitas reações não levaram em consideração o que era dito textualmente nesse manifesto positivista. Apesar de acreditar que os ânimos já foram acalmados, decidi ler o que os autores têm a dizer sobre ciência e psicanálise. Não sou tão rápido, é verdade, para reagir a grandes polêmicas – porém quem disse que estou com pressa? Posto isso, vamos ao que interessa.

O livro Que bobagem! não é um texto bem escrito. Os subtítulos não informam adequadamente o assunto que será abordado e não seguem uma hierarquia clara entre eles. Embora seja de divulgação científica, esse livro peca pela ausência de rigor no uso de termos e conceitos. Em algumas situações, diferentes argumentos, utilizados para defender uma mesma tese, são, senão contraditórios entre si, pelo menos divergentes a ponto de colocar em suspeita a certeza que atravessa o texto de cabo a rabo. Vejamos, agora, de que maneira a ciência é apresentada por Pasternak e Orsi.

De acordo com os autores, a ciência é a “melhor descrição possível da realidade factual” (p. 8). Essa declaração é, no mínimo, problemática. Em primeiro lugar, é necessário esclarecer qual critério define a melhor e a pior descrição da realidade. Se, por exemplo, o critério for estético ou se levar em consideração a complexidade da realidade, a melhor descrição não é a ciência, e sim a poesia. Em segundo lugar, também é preciso delimitar o significado da expressão “realidade factual”. A realidade factual é aquela que pode ser apreendida diretamente pelos sentidos? Se sim, então a realidade apreendida mediante instrumentos científicos, como o microscópio, o telescópio e o acelerador de partículas, deve ser entendida como realidade factual? E o que dizer da paleontologia? Nunca ninguém viu os dinossauros, mas a comunidade científica infere sua existência em um passado remoto a partir da análise de seus vestígios.

A adoração da prática científica também vai se manifestar em outro momento, quando os autores declaram que “seguir usando impressões, vivências e narrativas como guias, quando há informação científica disponível, é não só perigoso como também irresponsável” (p. 20). A ciência torna-se, assim, um guia definitivo de orientação ética e política, tanto nas questões coletivas como nas individuais – o que é um absurdo! Para diversas questões, a ciência é incapaz de estabelecer um veredito universal e aplicável a toda e qualquer situação. E nem é preciso mencionar que na escolha amorosa, por exemplo, diversos fatores nada científicos pesam muito mais que um tratado de microbiologia.

A função da ciência é outro aspecto problemático. Sua função, segundo Orsi e Pasternak, é “filtrar nossa percepção de mundo e eliminar (na medida do possível) os erros provocados por nossas deficiências e falhas cognitivas” (p. 11). A ciência, de fato, não deixa de ser um filtro da percepção humana, mas declarar, a partir disso, que sua função é eliminar os erros humanos é um salto que conduz a equívocos. A atividade científica avalia o certo e o errado ou o verdadeiro e o falso somente daqueles fenômenos que foram anteriormente submetidos ao domínio da ciência. Dito de outra maneira: a ciência não se pronuncia a respeito do que não for científico. Portanto, em primeiro lugar, é necessário estabelecer a distinção entre o que é científico e o que não é científico para, somente em seguida, estabelecer, naquilo que é científico, o que é verdadeiro e o que é falso. O que não é científico não é nem verdadeiro nem falso – apenas não é científico.

E isso nos leva a outro problema: a distinção entre ciência e pseudociência. Toda pseudociência não é ciência, mas nem toda atividade exterior à ciência é pseudocientífica. Uma atividade pseudocientífica é uma atividade epistêmica exterior aos limites científicos que pretende se passar por científica – por exemplo, o chamado “tratamento precoce” utilizado para combater a covid-19. Mas existem atividades epistêmicas exteriores aos limites científicos que não pretendem se passar por científicas. Nesse caso, condená-las como pseudocientíficas é ou erro ou má-fé.

O problema da demarcação científica, tantas vezes evocado por Pasternak e Orsi, é uma faca de dois legumes, como diriam os Mamonas Assassinas. Por um lado, estabelece a exterioridade da atividade científica. Nessa exterioridade estão localizadas aquelas atividades que não podem ou não são submetidas aos mesmos critérios científicos, mas não deixam de ser atividades que produzem alguma forma de saber. Por outro lado, a demarcação também aponta para os limites da atividade científica, ou seja, até onde ela pode ir. Esse segundo aspecto foi sumariamente negligenciado pelos autores. A ciência não pode se pronunciar sobre tudo porque nem tudo pode ser submetido ao crivo científico. Quando ocorre essa transgressão, então estamos diante da sacralização da atividade científica.

As diferenças internas da definição de ciência são praticamente inexistentes, segundo os autores. Declaram que as psicoterapias deveriam estar submetidas às mesmas regras e princípios fundamentais das ciências físicas, biológicas e da saúde. Justificam essa defesa alegando que o dualismo mente e corpo não se sustenta mais. Sim, é verdade: o dualismo de substâncias não se sustenta mais cientificamente, mas nem por isso existe consenso em afirmar que todos os fenômenos psicológicos podem ser descritos enquanto fenômenos neurofisiológicos. Existem pontos de vista científicos que sustentam modelos de mente humana cujo funcionamento preserva alguma autonomia em relação ao funcionamento cerebral. E, com isso, chegamos à psicanálise.

De acordo com os autores, o fundamento da psicanálise é o inconsciente. O inconsciente seria uma evidência empírica cuja influência poderia ser percebida somente pelo psicanalista. Esse privilégio do psicanalista seria a fonte dos maiores danos que porventura a prática psicanalítica poderia provocar em seus pacientes. Enfim, nada mais falso. O inconsciente não é uma evidência empírica, e sim uma hipótese clínica inferida a partir de suas formações, como os sonhos, os atos falhos e os sintomas. Sua influência não é percebida somente pelo psicanalista – e sua interpretação pode ou não ser aceita pelo paciente. O psicanalista, ao contrário do que afirmam os autores, não é mestre de um saber oculto ao paciente, mas é aquele que vai proporcionar que o saber do próprio paciente possa ser analisado. Dito de outra maneira: o psicanalista está menos para um professor universitário e mais para um Sócrates em Atenas.

Isso nos leva àquela avaliação dos autores que dizem que o psicanalista está sempre certo: se o paciente aceita sua interpretação, está certo; se o paciente a recusa, também está certo, pois se trata de resistência. Novamente, isso é falso. O psicanalista elabora interpretações ao longo de uma análise, mas as coloca a prova a todos os instantes. Por isso, dificilmente estabelece interpretações definitivas, pois elas podem ser mais bem elaboradas ou mesmo corrigidas ao longo do tratamento.

Uma das críticas mais sérias dirigidas contra a psicanálise – sérias não porque fundamentadas, e sim porque perigosas – diz respeito ao implante de memórias inexistentes. Os autores tomam dois casos nos Estados Unidos em que se verificou o “implante” de memórias inexistentes em pacientes. No entanto, nenhum dos dois casos ocorreu em contexto psicanalítico. Um deles utilizou drogas, enquanto o outro utilizou hipnose. Os próprios autores reconhecem que não se tratam de práticas psicanalíticas, mas de práticas baseadas na evidência do inconsciente psicodinâmico (leia-se: psicanalítico). Por isso, a psicanálise também poderia provocar danos aos seus pacientes. A desonestidade desse argumento é enorme! Seria o mesmo que condenar a microbiologia pela possibilidade de seus cientistas utilizarem seus conhecimentos para construir armas biológicas de destruição em massa.

A apresentação da psicanálise feita pelos autores, enfim é no mínimo desonesta. Desonesta não somente porque é falsa, mas também porque a obra freudiana sequer é mencionada pelos autores, o que nos faz pensar na seguinte pergunta: os autores leram Freud? Somente em um único momento Freud é mencionado e citado, mas de maneira totalmente isolada e descontínua em relação aos parágrafos anteriores e posteriores. Portanto, aqui fica a pergunta: como é possível que dois autores condenem com tanta segurança um território epistêmico que sequer conhecem?

Afinal, depois de tudo isso, a psicanálise é ciência? Esse debate está em aberto. Se considerarmos a física como modelo de disciplina científica, não: a psicanálise não é ciência. Se considerarmos que existem disciplinas científicas irredutíveis ao modelo proposto pela física, como a antropologia, talvez sim, talvez não. A meu ver, a psicanálise não é nem pretende ser uma ciência como a física. Provavelmente, a psicanálise esteja na fronteira entre o científico e o não científico. Melhor ainda: talvez seja uma atividade epistêmica exterior à ciência, mas que paradoxalmente não deixa de comparecer a determinados debates científicos. Mas pseudociência? Não, de forma alguma. A psicanálise, pelo menos nos moldes como é praticada hoje, não somente não quer como também não precisa da chancela do modelo científico da física. A psicanálise caminha com suas próprias pernas – e, diferentemente de Pasternak e Orsi, sabe que com essas pernas não pode abraçar o mundo, mas pode percorrer alguns caminhos ao lado da antropologia e da matemática, assim como pode abrir caminhos mais interessantes para aqueles que adoeceram por acreditar piamente em uma (nova) forma de devoção.

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21 comentários para "Um psicanalista lê Pasternak e Orsi "

  1. Antonio Salles T. Neto disse:

    O livro da pretensa cientista positiista, em parceria com seu redator, não merece tanta atenção. É uma publicação caça clicks, que joga na mesma vala as ciências em desenvolvimento, as superstições e as ilusões. Cientistas de verdade jamais desqualificam as ideias que eles debatem. Além de pretensiosa, a obra tem um título mal educado. A bobagem é um reflexo externo da autora.

  2. SUELI DO CARMO RIBEIRO disse:

    A Psicanálise, Homeopatia, Acupuntura, não precisa deles, quem já fez estes tratamentos sabe que funciona! Ninguém afirma que este ou aquele método de cura é definitivo, mas todos são importantes! Precisamos de todos.

  3. Lucas Moura disse:

    Acredito que tenha sido a melhor resposta ao livro.

    Vejo que a psicanálise é um lugar, um campo, onde a objeção a um discurso pode emergir. Todo discurso, por mais sábio que seja, tem por característica anular o sujeito. Certa vez aprendi que o sujeito é aquele que faz objeção. Pasternak e Orsi propagam o discurso que carregam. Que bom que existem brechas para objeções!

    Felizmente ela não é a voz da ciência e talvez devêssemos dar lugar a outros cientistas brasileiros. Temos aqui Sidarta Ribeiro, por exemplo, grande neurocientista brasileiro, que tem posições bastante diferentes destes.

  4. Thiago disse:

    Freud é um lixo ultrapassado. Fique na história da psicologia. Temos terapia baseada em evidências. Descanse em paz.

  5. Muito bom o comentário de um livro que tenta a todo custo destruir as práticas alternativas de saude.Sou Acupunturista e Terapeuta Holístico e vejo como meus pacientes melhoram sem nenhum tipo de remédio químico,mas somente com as técnicas naturais. Fiz Biologia na UFRJ e aprendi que o corpo desenvolveu mecanismos de respostas as doenças e um deles são os pontos auriculares que quando estimulados liberam hormônios do bem estar e endócrinas que aliviam dores e outras anti-inflamatórias.A medicina chinesa não inventou nada além de descobrir os próprios pontos sistêmicos da acupuntura que o próprio corpo desenvolveu como uma ferramenta de auto cura.Me admiro uma doutora em Biologia atacar uma ciência do próprio corpo.Ela certamente não conhece os processos de ação da acupuntura e por isso a ignora.Que grande cientista e ela! Também se baseia em argumentos de que não existem estudos suficientes que comprovem a ação da acupuntura.Isto é no mínimo um absurdo e uma manipulação de uma pessoa cega que renega o próprio corpo e seus mecanismos de respostas às doenças….Sabe-se que muitos pacientes procuram a acupuntura porque melhoraram de suas patologias e também se sabe que a ciência alopatica quer atacar a todo custo a medicina natural porque existem muitos interesses econômicos gigantescos dos laboratórios que não querem que a população possam dispor de métodos de curas sem efeitos colaterais ,tudo isso porque a doença gera lucros.Vale ressaltar que as financiadoras de pesquisas também não investem em estudos sobre a medicina chinesa ….mas nem por isso a acupuntura deixa de ser ciência,pois ela é uma técnica de ação neurofisiologica criada pelo próprio corpo como eu já havia comentado anteriormente.Acho que esses dois querem aparecer as custas de vendas de livros e atuarem a favor da classe médica alopatica para frear o avanço da medicina chinesa no Brasil e das Terapias Integrativas.

  6. Muito bom o comentário de um livro que tenta a todo custo destruir as práticas alternativas de saude.Sou Acupunturista e Terapeuta Holístico e vejo como meus pacientes melhoram sem nenhum tipo de remédio químico,mas somente com as técnicas naturais. Fiz Biologia na UFRJ e aprendi que o corpo desenvolveu mecanismos de respostas as doenças e um deles são os pontos auriculares que quando estimulados liberam hormônios do bem estar e endócrinas que aliviam dores e outras anti-inflamatórias.A medicina chinesa não inventou nada além de descobrir os próprios pontos sistêmicos da acupuntura que o próprio corpo desenvolveu como uma ferramenta de auto cura.Me admiro uma doutora em Biologia atacar uma ciência do próprio corpo.Ela certamente não conhece os processos de ação da acupuntura e por isso a ignora.Que grande cientista e ela! Também se baseia em argumentos de que não existem estudos suficientes que comprovem a ação da acupuntura.Isto é no mínimo um absurdo e uma manipulação de uma pessoa cega que renega o próprio corpo e seus mecanismos de respostas às doenças….Sabe-se que muitos pacientes procuram a acupuntura porque melhoraram de suas patologias e também se sabe que a ciência alopatica quer atacar a todo custo a medicina natural porque existem muitos interesses econômicos gigantescos dos laboratórios que não querem que a população possam dispor de métodos de curas sem efeitos colaterais ,tudo isso porque a doença gera lucros.Vale ressaltar que as financiadoras de pesquisas também não investem em estudos sobre a medicina chinesa ….mas nem por isso a acupuntura deixa de ser ciência,pois ela é uma técnica de ação neurofisiologica criada pelo próprio corpo como eu já havia comentado anteriormente.Acho que esses dois querem aparecer as custas de vendas de livros e atuarem a favor da classe médica alopatica para frear o avanço da medicina chinesa no Brasil e das Terapias Integrativas.
    Bismark Santana …Acupunurista e Terapeuta Integrativo.

  7. Amanda disse:

    De Luís F. Miguel: Pois vejam o que se lê na página 8: “A constatação de que há ‘outros saberes’ ou ‘outras epistemes’ importantes para a vida humana, além da ciência, é muito verdadeira – ninguém pensa em conduzir um teste duplo-cego com grupo placebo antes de escolher um namorado, por exemplo!”

    Ou seja: o exemplo que ele apresenta para “destruir” a obra já é contemplado pelos próprios autores.

    Obs: não, matemática não é Ciência.
    Para uma área que se vale de textos para sugerir, concluir e analisar – ou o que mais prefiram alegar, talvez devessem aumentar as disciplinas que subsidiam a interpretação de texto.

  8. Gabriel disse:

    Acho que o problema desta discussão toda é que parece que nem quem defende, nem quem combate a psicanálise parece entender o que realmente importa para algo ser chamado de ciência, independente dos diversos métodos que ela pode ter e dos diversos objetos de estudo que são as vezes mais subjetivos ou objetivos.

    “Descrever as coisas de forma mais factual possível” já é uma definição ambígua e tem o problema de focar em “RESULTADOS”. O que é importante , mas não é o mais importante em ciência. Muitos psicanalistas também se utilizam desse artificio para legitimá-la com base no que Freud acertou (como o processo de transferência e contratransferência, entre outras coisas). Não sei vocês, mas minha vó fazia um bolo de chocolate maravilhoso e acho que ela não leu nenhuma revisão sistemática atualizada de Harvard para ter esse RESULTADO. Então embora importante, não é o essencial. Ciência muitas vezes traz resultados negativos também, que são importantes e muito ignorados hoje em dia.

    Muitos psicanalistas defendem também a psicanálise como ciência com base nos QUESTIONAMENTOS que ela trouxe. De fato existem muitos questionamentos interessantissimos em textos do Freud como “O mal estar da civilização “, “Luto e melancolia”, entre outros. Mas a filosofia também faz questionamentos sem ser ciência. E embora a ciência comece com hipóteses, só hipoteses não bastam.

    O que importa para a ciência é exatamente o que está no meio dessas duas coisas, que é MÉTODO. O que define a ciência é para cada hipótese que eu tenho eu ter um método rigoroso de investigação. O qual deve ser bem sistematizado e descrito
    Explicando porque a pesquisa está sendo da forma X e não Y. Quais são as limitações do método. Porque é possível ou não aplicar métodos estatitisticos para evitar o risco de viés, etc. Claro que o MÉTODO vai mudar com base no que está sendo estudado, mas ele deve ser o mais rigoroso possível e descrito com o maximo possível de detalhes para que outros pesquisadores possam questionar, replicar e até pensar em como aprimorar e complementar com outros estudos.

    Nesse aspecto não tem muito como defender a psicanálise como ciência. Por exemplo, Freud não faz a mínima explicação metodológica do porque ele escolheu a autobiografia do Schreber para analisar e definir o que é psicose nem de que forma ele sistematizou a avaliação dele com base nessa leitura de forma a não pegar e interpretar apenas aquilo que corroborasse para a sua teoria. O que tem de metodologia nos textos de Freud e Lacan é muito vago.

    Esses autores tem sim contribuições intelectuais para a sociedade. Mas classificar seu trabalho como ciência tem atrapalhado o desenvolvimento científico na psiquiatria e psicologia.

    E de fato, apesar da sua importância, quando pensamos em políticas públicas. Do ponto de vista ético e social, em um primeiro momento devemos deixar de lado e focar no que tem maior rigor científico para tentar oferecer o melhor para a população.

  9. João dos Santos disse:

    Os seguidores da doutrina da psicanálise, que fora do Brasil, Argentina e França ainda é ensinada apenas na história da psicologia, desviam do conteúdo do livro por referir essa fé e seus dogmas como uma filosofia poética que não tem implicações que a ciência possa medir, mas o livro não trata da psicanálise como pseudociência apenas porque seus fundamentos baseiam-se em revelações da divindade (Freud) que jamais foram provadas como verdadeiras nas suas teses, mas PRINCIPALMENTE porque os testes realizados em estudos científicos dos RESULTADOS da prática nos pacientes demonstraram que a eficácia equivale ao PLACEBO, não havendo diferença para o paciente entre fazer psicanálise ou ter conversas acolhedoras com qualquer pessoa. Portanto, os sacerdotes dessa crença batem num espantalho, porque usam argumentos semelhantes aos que defendem astrologia e não atacam os resultados dos testes de EFICÁCIA, que o método científico pode medir, sim, e mediu.

  10. Edvaldo disse:

    Acho que sua crítica é a melhor que li até o momento. Gostaria de fazer algumas observações.
    De fato o livro foi descuidado em alguns aspectos e eu acredito que o mais importante é a delimitação do objeto de estudo, isso vai ser importante mais pra frente.
    Conforme se lê o livro, fica a sensação de que o objeto deles não é qualquer coisa que se diga científica. Eles parecem querer abordar as “coisas curativas” vamos dizer assim, que se dizem científicas. E acho que se definissem bem esse objeto o livro ficaria mais coerente. Mesmo quando abordam signos, falam sobre questões de saúde.
    Isso, a meu ver, leva ao ponto central que junta a sua crítica ao texto dela.
    O que vai definir a questão da cientificidade é o objeto que se analisa, senão a pergunta se perde.
    Por exemplo: matemática é ciência? A resposta é evidente pelo sim, não é? Mas tudo que está nos estudos matemáticos é científico? Não é possível falar isso. Trabalhos acadêmicos podem passar por outras ciências, que não sejam duras e abordar questões metafísicas que não se tem a pretensão de provar, mas que compõem o trabalho. Porém, quando o objeto abordado é científico, a metodologia usada precisa ser científica.
    O exemplo que eles dão no livro é o da ciência da história precisar criar instrumentos para testar a realidade.
    Assim, quando olhamos para a psicanálise, a resposta não é não sei, sobre a questão de ser ou não pseudociência, a resposta é depende da pergunta, qual o objeto? Qual o objetivo?
    Quando a psicanálise pretende a cura de doenças mentais, esse objeto é NECESSARIAMENTE científico e precisa ser abordado por uma metodologia que possibilite sua utilização e verificação com critérios científicos (não estou falando que precisa ser duplo cego, mas sim critérios que permitam verificar a capacidade de cura que se propõe a ter). Se não fizer isso, a psicanálise funcionará como qualquer pseudociência que se proponha curativa.
    Contudo, se o objeto é fazer com que a pessoa se sinta bem consigo mesma, ou algo similar, esse não é um objetivo científico. É um objeto perfeitamente válido, mas não é um objeto propriamente dito da ciência

  11. Antonio Carlos Nascimento disse:

    Meu nome é Antonio Carlos 72 anos, sou idealizador do Projeto de Saúde Pública Vírus Bac Zero Bac zero .
    Este projeto tem a missão de combater a proliferacao e disseminação de microrganismos patogênicos .
    Entre várias soluções apresento a plataforma de mídia social Dr Hans Christian Joachim Gram com o objetivo de ensinar através de execuções práticas a forma correta de limpar Desinfectar e manter todos os ambientes da sociedade deforma.
    O Projeto de saúde pública Vírus Bac zero tem as formas as indústrias farmacêuticas as formas, juntas formam o conjunto perfeito para combater as infecções provenientes de microrganismos patogênicos.
    A medicina pode curar doenças …
    A limpeza evita doenças.
    Limpeza: A real condutora da vida plena.
    Pretendo agendar reunião presencial com Carlos Orsi e Dra Natalia Pasternak, se permentirem posso enviar a síntese do projeto. para possível pauta.
    Grato

  12. ANTONIO RAYOL disse:

    A importância da PSICANÁLISE pode ser medida pela frequência cíclica com que surgem ondas de críticas e ataques! O mais notável é a facilidade com que se pode perceber que seus detratores nunca leram, ou se leram não entenderam, os trabalhos de FREUD, JUNG, WINNICOTT, LACAN e tantos outros estudiosos do assunto. Ao longo de mais de um século, a PSICANÁLISE ajudou incontável quantidade de pessoas a se livrarem de sofrimento psíquico e, sem o uso de “muletas” químicas, o que incomoda (muito) poderosos interesses financeiros!
    A PSICANÁLISE não é uma espécie de “curandeirismo” e seus profissionais não são “sacerdotes de um culto esotérico”.
    Como dizia Sigmund Freud, o papel do psicanalista diante de seu paciente não é o de “saber fazer”, mas o de “fazer saber”!

  13. Caro Eduardo Guimarães, agradeço-lhe pelo seu artigo: claro e objetivo. Eu não havia me decidido se compraria ou não o livro “Que bobagem!” para me inteirar e me posicionar em relação à celeuma pós-publicação. O ponto a favor de lê-lo é o meu respeito pela cientista Pasternack, que ouvi muitas vezes pelo rádio durante a pandemia. Manterei meu respeito por ela, mas graças a esse seu artigo na Outras Palavras” agora sei que não preciso perder o meu tempo com essa dúvida. Fico pensando se o casal Orsi-Pasternack não cometeu um ato falho, referindo-se ao próprio livro, quando escolheram o midiático título.

  14. Thaís disse:

    Gostei muito! Ótima e delicada crítica ao positivismo ingênuo. O momento delicado de negacionismo científico, inflado pela polarização política, fez com que muitos de nós relevássemos os primeiros arroubos … Mas urge resgatarmos visões menos ingênuas sobre as ciências.

  15. luiz h. viola disse:

    Muito bom o artigo. Pra mim, ” Dona Pasternak & Seu Orsi” soh querem mesmo seus 15 minutos de fama, LACRAR como se cosruma dizer hoje em dia. ” Q Bobagem…eh esse livro “. Soh Rindo

  16. Ana Elisa Padula disse:

    Bonito ver um texto bem escrito por alguém que conhece seu trabalho. Mas penso q o intuito dos autores seja esse: quem é sério e responsável comprará o livro para ler e comentar. Venderam muitos livros mas não leram nenhum dos que tratam dos assuntos que criticam. E querem falar sobre ciência? Que continuem fazendo informalmente, na bancada do laboratório, de onde não deveriam ter saído!

  17. Augusto Damineli disse:

    Um exemplo de como a visão positivista deste livro faz mal à própria ciencia:

    Os positivistas dos anos 1800 diziam que o estudo das estrelas não era cientifico porque elas estrelas não podiam ser submetidas aos experimentos de laboratório. A Astrofísica, por usar métodos OBSERVACIONAIS ao invés de EXPERIMENTAIS na seria FISICA. Poucos anos depois a Astrofísica passou a revolucionar os pilares da própria FISICA.

  18. Augusto Damineli disse:

    Nos anos 1800 o estudo das estrelas era tido como não cientifico pelos positivistas porque elas não podiam ser submetidas ao laboratório. Depois disso a Astrofísica revolucionou a própria Fisica. A visão de ciência – positivista – deste livro é bastante empobrecedor para nós cientistas.

  19. Renan disse:

    Concordo com o autor no que diz respeito a esses críticos terem de fato lido Freud, pq me parece que não leram e se leram são extremamente anacrônicos a não compreender que a obra Freudiana tem 100 ou mais e portanto os conhecimentos evoluem e se modificam ao longo do tempo e isso não é levado em conta. Eu acho que críticas são válidas desde que se conheça a epistemologia daquilo que se está tentando criticar

  20. Juscelino Carvalho da Silva Carvalho da Silva disse:

    Excelente texto!!!
    Não tenho nenhuma formação em psicanálise, mas sei reconhecer a pertinência e excelência da argumentação.

  21. Cláudio Antunes boucinha disse:

    Olha, a resposta esta boa, aceitável, deixando claro que o assunto não é psicanálise, visto que os autores não leram freud e ,muito menos, Lacan. Querem debater ciência, mas isso não é para amadores. Seria melhor como artigos da revista Capricho, visto que os leitores de variedades gostariam mais. Só colocaria um porém, não parece que a psicanálise é um arranjo de matemáticos e antropólogos. É mais.

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