Por um Março das Originárias
Os cães de guarda da extrema direita ladram – e as feministas passam. Mulheres indígenas convidam as parentes, indígenas ou não, a participar de lives das mulheres-biomas no Março das Originárias
Publicado 08/03/2024 às 13:32 - Atualizado 08/03/2024 às 15:40
Por Inês Castilho
Mulheres terra, mulheres raiz, mulheres semente, mulheres biomas. Depois das mulheres brancas letradas de classe média, das entusiásticas LGBT+, da potência das negras – agora as indígenas se somam aos feminismos e abarcam, com seus corpos territórios, a Terra Brasilis. Neste 8 de março, ocupam as redes e convidam as parentas, indígenas e não indígenas, a “somar com elas suas vozes, seus corpos, seus coletivos.”
“Serão todas bem-vindas”, convida Joziléia Kaingang, mulher terra do bioma Pampa, para as lives do 8M e Março das Originárias, que acontecerá online nas redes da ANMIGA. Não sabe o que é ANMIGA? Anota aí: Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, organização criada e nomeada por elas, que neste 8M completa três anos. “Vamos fazer grandes debates e diálogos sobre as violências contra os nossos corpos territórios, e como nós, a rede das mulheres indígenas, pode se fortalecer mutuamente”, diz Jozi.
Em busca de criar uma organização coletiva, como reza a ancestralidade, elas inovaram. Organizaram-se em mulheres terra, as cofundadoras da ANMIGA, com poder executivo e legislativo, mas que também batem maracá no chão da aldeia; mulheres raiz, as que estão na ponta, no chão do território; mulheres semente, as que se ocupam da comunicação. Juntas, compõem as mulheres bioma, e com base neles organizaram as lives: dia 8, abertura do diálogo; dia 12, falam as mulheres bioma do Amazonas e do Cerrado; dia 19, as da Mata Atlântica e da Caatinga; dia 26, as do Pampa e do Pantanal. Uma panorâmica das lutas das mulheres indígenas de todo o país contra a violência e pelo seu fortalecimento.
Bora participar?
8M – Março das Originárias
Diálogos: Violência contra Mulheres Indígenas e fortalecimento mútuo
Lives nas redes da ANMIGA – Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade: youtube, instagram, facebook
Dias 08, 12, 19 e 26 de março, às 19hs — Nas redes da ANMIGA.
Maravilha Anmigas!força.enerhia.solidariedade e do lado certo!
A oposição à cultura do venha a mim e os outros que se danem não deve ser de determinado setor da sociedade, mas de todos. A barreira mais difícil de ser ultrapassada é o a certeza de ser o ideal a ser seguido que a riqueza de seus adeptos por meio da mídia implantou na mentalidade do povo, fazendo-o preferir festejamentos a pensar no futuro. Entretanto, como lembra Thomas Piketti em Uma Breve História Da Igualdade, a cultura discriminatória da desigualdade aos poucos cede espaço à igualdade porque se trabalhadores não tinham direitos alguns, hoje, não obstante trabalharem para enriquecer os ricos donos do emprego, conquistaram alguns direitos. Desta forma, pouco a pouco, a injustiça social ainda em pleno verdor será suplantada para o bem de pobres e ricos. É esperar para ver.