O pânico e o risível grotesco em Bolsonaro

O fantasma da “ditadura comunista e bicha”. As estratégias para mobilizar afetos pelo medo. O corpo infantil como novo espaço de luta cultural. Como o controle de comportamentos se tornou tecnologia política crucial para a ultradireita

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Por Rick Afonso-Rocha1

Título original do artigo: A deimopolítica sexual e de gênero do governo ne(cr)oliberal bolsonarista

Agradeço ao Prof. Isaías Carvalho (UESC), pela leitura atenta e revisão crítica deste texto.

A partir da década de 1960, o articulista político norte-americano Arthur Finkelstein2 trabalhou em diversas campanhas republicanas, inclusive presidenciais. Foi nesse período que desenvolveu sua tática de construção do medo como estratégia política eleitoreira. Seu estilo chocante de publicidade focava em inimigos imaginários para angariar votos a favor de seus clientes. Embora não seja tão conhecido como outros marqueteiros políticos, as ideias de Finkelstein encontraram um terreno fértil na direita americana, naquilo que ficou conhecido como ferramenta Finkel-Think, influenciando uma geração de consultores republicanos como Roger Stone, Steve Bannon, Larry Weitzner e Tony Fabrizi, esses ligados diretamente ao ex-presidente Trump.

Em que consiste a estratégia Finkel-Think? Basicamente, visa a produzir o medo na população, diante de um inimigo imaginário. Como o voto nos EUA não é obrigatório, esse método tende a mobilizar os eleitores a saírem de casa e votarem, não exatamente no candidato, mas no combate ao inimigo e contra o risco que o adversário “representa”. Poderíamos dizer que Finkel-Think traduz uma engenharia política responsável pelo populismo da extrema direita.

Para Finkelstein, toda eleição já está decidida antes do seu começo. Nessa perspectiva, a grande maioria das pessoas saberia em quem vão votar, antes mesmo da campanha. Por isso, Finkelstein acreditava ser quase impossível convencer uma parcela significativa do eleitorado a mudar sua posição. O caminho mais eficaz seria, então, uma campanha para desmoralizar o adversário e seu eleitorado, de modo a fazer com que os eleitores conservadores sentissem a obrigação de irem às urnas em defesa da família e da sociedade. Seu método indica que é preciso agir nos temas mais polêmicos, naqueles que geram as maiores divisões políticas como drogas, aborto, raça, sexualidade e criminalidade. Dessa forma, o objetivo de Finkelstein não era exatamente convencer o eleitorado democrata a mudar de lado, mas polarizar ao máximo o dissenso, com o intuito de tornar a eleição simbolicamente obrigatória para o eleitorado com tendências conservadoras. Para Richard Nixon, Finkelstein teria dito: “O perigo deve ser apresentado como vindo da esquerda”. Nesse sentido, a política revela-se como política dos afetos: a construção do medo como ferramenta de mobilização social. Por medo dos democratas, os republicanos vão às urnas.

O combustível da política seria, em última instância, o medo do inimigo. Finkelstein acreditava que cada campanha deveria focar nesse inimigo a ser derrotado. A isso chamou de campanha rejeicionista. O inimigo precisa corresponder a uma ameaça tão grande, que o mais preguiçoso dos eleitores deve querer ir votar pela rejeição ao inimigo, personificado no candidato opositor e em seu eleitorado. Finkelstein utilizou seu método em campanhas como a de Barry Goldwater, Richard Nixon e Ronald Reagan; trabalhou com George Birnbaum nas campanhas de Benjamin Netanyahu, em Israel, e Viktor Orbán, na Hungria. Nessa última, foram responsáveis por criar a imagem do bilionário Georges Soros como inimigo social. Imagem que se transmutou em escala global, de modo que Soros, capitalista, é hoje visto como um dos maiores aliados das esquerdas em seu suposto plano de destruir a moralidade, a família, a religião e implementar o comunismo.

Em resumo, explora-se o medo como estratégia de campanha. Certa vez, teria afirmado: “O inimigo perfeito é aquele em que você pode socar uma e outra vez e ele não revidará.” A política, na perspectiva Finkel-Think, é a política do medo. É preciso que os eleitores vejam o adversário como monstruosidades. Inimigos sedentos pelo fracasso do “nosso” estilo de vida. Inimigos cooptados pelo espectro, cada vez mais intenso, do comunismo global. Portanto, os inimigos devem ser responsabilizados pelos males sociais, econômicos, morais, políticos. Acima de tudo, devem ser responsáveis pela polarização, pela divisão da nação, uma das etapas do seu suposto plano já em curso. Trabalha-se a política em seu nível emocional pelo medo e pelo ódio ao oponente. A descoberta de inimigos (e sua invenção) deve reatualizar o sentimento de medo, como forma de garantir a permanência daquele que governa, com o “pulso necessário”, sobre a ameaça.

O que essa estratégia tem a ver com o bolsonarismo? Em seu livro Os engenheiros do caos, Giuliano da Empoli (2019) mostra-nos como esse método foi responsável pela ascensão da extrema direita nos últimos anos, a exemplo do sucesso eleitoral de Jair Bolsonaro. Como foi divulgado pelo próprio Eduardo Bolsonaro, a campanha de seu pai teve assessoria de Steve Bannon, articulista político de Trump, responsável pela intensificação do método de Finkelstein.

Curioso que, embora fosse gay e tivesse uma família fora dos padrões tradicionais, Finkelstein trabalhou em diversas campanhas republicanas em que as dissidências sexuais e de gênero foram produzidas como ameaças a serem combatidas. “Finkelstein vende seus talentos a políticos que tornariam ilegal a própria existência de sua família”, escreveu Frank Rich, colunista do New York Times, em 1996.

Aqui, entramos na singularidade do bolsonarismo em relação às existências bichas. As particularidades do inimigo criado, ou reatualizado, pelo bolsonarismo são as sexualidades e os gêneros malditos. “A mamadeira de piroca ganhou a eleição no Brasil”, disse o ator e diretor Wagner Moura. Ou, muito antes dessa afirmação, ainda durante a corrida presidencial em 2018, o site A Pública, em editorial sobre as eleições, destacava a importância do discurso “anti-homossexual” (diria: anti-dissidência de gênero e sexual) no desempenho de Bolsonaro no primeiro turno das eleições. Singularidade tão marcante que o editorial chegou a chamar de “a eleição do kit-gay”.

Para aqueles que acham que o impacto dessa metáfora da moralidade, personificada no bolsonarismo, não foi tão expressivo, a ponto de colocar a faixa presidencial em Bolsonaro, sugiro que pensem o atual governo ne(cr)oliberal,3 bem como a campanha eleitoral, a partir da estratégia do inimigo, utilizada a exaustão pelo Partido Republicano norte-americano, sob articulação de Finkelstein.

Não que, com isso, entenda que Finkelstein foi o criador da política pelo medo. Como nos alertou Umberto Eco (2007), o inimigo sempre existiu. E, não podemos esquecer, sustentou os regimes totalitários no último século, bem como constituiu os ares das ditaduras latino-americanas, muito antes da atuação de Finkelstein. Contudo, ele deve levar o (de)mérito de ter articulado essa racionalidade política como estratégia de campanha, o que desencadeou a popularização dessa racionalidade como forma de governo em consonância com a democracia ne(cr)oliberal, desvinculando-a da herança autoritária.

Embora o inimigo sempre tenha existido, é somente na formação capitalista, pós-Revolução Soviética, que ele derivará de um regime de enunciados específico: a Doutrina de Segurança Nacional. Portanto, o inimigo sobre o qual estamos falando pressupõe o Estado capitalista, a Doutrina de Segurança Nacional e, consequentemente, a significação negativa do comunismo e dos comunistas. De tal forma, os sentidos, que ecoaram sobre o inimigo sexual e gendrado após a Revolução de 1917, são muito distintos daqueles ecoados do inimigo em outros períodos históricos, de outras formações históricas, a partir de outras redes de enunciados.

A escolha do bolsonarismo foi, portanto, reavivar as políticas sexuais e de gênero da ditadura cis-hétero-militar brasileira, como a denomino. Diante das dificuldades em produzir o inimigo político, a metáfora do combatente pela moralidade apareceu com força. A estratégia foi produzir os sujeitos cis-heterodissidentes como inimigos da nação, bem como reatualizar a equação enunciativa4 comunista = devasso moral. Para tanto, focou-se em expor como a eleição de Fernando Haddad, personificação da esquerda, essa homogeneidade imaginária produzida pela política do medo, significaria um passo decisivo do plano de destruição da família e da religião cristã. Ao passo que Bolsonaro “representaria” o combatente pela moralidade.

Para os apoiadores do bolsonarismo, vivemos uma guerra santa, uma cruzada moral contra as perversões sexuais e de gênero (que é em si, nesse imaginário, uma das faces da esquerda, do comunismo e dos comunistas). Pouco importaria convolar o conservadorismo da esquerda, a relação conflituosa entre os sujeitos LGBT+ e os movimentos de esquerda, que viam (veem) as dissidências sexuais e de gênero como lutas menores, ou pior, desvio pequeno-burguês. Tais argumentos esbarram na norma grotesca do bolsonarismo, segundo a qual todo “esquerdista” é um devasso moral, capaz de qualquer coisa para implantar a ditadura do proletariado, que é, em alguma medida, uma ditadura bicha.

A esquerda, nessa homogeneidade imaginária, pretende retomar seu plano de instalar o comunismo no Brasil. Como não conseguira pela tomada do poder, impedida pelos militares em 1964, parte para o plano cultural. A última tentativa da esquerda é a desmoralização da família, com a necessária corrupção da juventude. Para isso, infiltraram-se nas instituições, planejam corromper as crianças na tenra idade. Como sustentou João Cezar de Castro Rocha (2020), a Doutrina de Segurança Nacional é central na mentalidade bolsonarista. Isso porque o bolsonarismo traduz-se como guerra cultural. Nessa perspectiva, a ameaça deve ser eterna. O que faz a gramática bolsonarista ser repleta de significantes com valor de higienização e eugenia: exterminar, limpar, aniquilar, varrer, acabar, destruir.

Ainda conforme Castro Rocha (2020), o bolsonarismo traduz a mentalidade militarista presente no Orvil (livro ao contrário), projeto secreto liderado pelo ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, no governo Sarney, que pretendia narrar a ditadura pelo víeis dos militares. Nessa obra, buscava-se descrever as tentativas da esquerda em tomar o poder no Brasil. As três primeiras pela luta armada e a quarta, iniciada em 1974, na dimensão do simbólico, do cultural:

[…] a iniciativa “mais perigosa” iniciou-se em 1974, quando a esquerda realizou uma autocrítica severa e mudou de estratégia, abandonando os coturnos e abraçando os livros, a fim de conquistar corações e mentes por meio da infiltração lenta, porém segura, nas instituições do Estado e da sociedade civil. Abandona-se a ditadura do proletariado, e entra em cena o jardim da infância da contracultura. (ROCHA, 2020, online).

A matriz do bolsonarismo é o medo como estratégia de mobilização de afetos. Cria-se um inimigo social a se combater, ao passo que produz a imagem da sociedade indefesa, amedrontada. A isso chamei de deimopolítica, a política pelo medo (Deimos = deus grego do pânico, responsável por espalhar o medo nos corações dos homens) como fundamento da autoridade (AFONSO-ROCHA, 2020). Pela deimopolítica, produzem-se imagens afetantes do “cidadão amedrontado” pelo inimigo amedrontador. Essa produção imaginária serve à justificação da necessidade da autoridade e da austeridade. Para se combater o mal, medidas mortíferas precisam ser reclamadas. Aí comparecem Bolsonaro, Olavo de Carvalho e todos os combatentes em defesa da sociedade ameaçada pela contracultura “gayzista-feminista-abortista-comunista”.

Paradoxalmente, a deimopolítica faz ver a suposta fraqueza do Estado, da sociedade e dos cidadãos. Mostraria, portanto, que o “excesso” de direitos paralisou a resposta “necessária e eficaz” da instituição estatal, produzindo, então, e justificando medidas austeras (líder autoritário contra os “inimigos”). Nesse imaginário, as instituições são apresentadas como limitadas por normas legais que, dificultando a diferenciação entre os cidadãos de bem e os monstros disfarçados de humanos, atrofiam o Estado, aquela que seria nossa última defesa contra as ameaças.

Aqui, podemos dimensionar a estratégia do bolsonarismo de produzir o inimigo sexual e gendrado que visa a corrupção da infância. Dentre todos, o corpo da criança, nessa ilusão asséptica, sem sexualidade (ou melhor, natural e potencialmente cis-heterossexuada), é lido como o mais vulnerável. Assim, o bolsonarismo, herdeiro do integralismo e do cis-hétero-militarismo ditatorial, explorou os supostos perigos que Haddad (mais uma vez, como personificação da esquerda) significava para as crianças.

Nos diversos disparos nas redes sociais financiados por empresários apoiadores de Bolsonaro, eram comuns mensagens com um “alerta para proteger nossas crianças”. Durante a campanha, Bolsonaro chegou a apresentar no Jornal Nacional, da Rede Globo, um livro supostamente imoral, distribuído para crianças pelo MEC na gestão de Haddad. Aquele material seria a prova da tentativa mais perigosa da esquerda para tomar o poder: corromper a juventude. Entre as fake news mais compartilhadas, estavam a do kit-gay, a que mencionava que o PT queria legalizar a pedofilia, bem como aquela que colocava Haddad como defensor do incesto. Conforme pontuou a pesquisa feita pelo IDEA Big Data, 98,21% dos eleitores do presidente Bolsonaro foram expostos às notícias falsas durante a eleição, sendo que 89,77% acreditaram que os fatos eram verdadeiros.

O suposto kit-gay colocou/coloca a sociedade em alerta: é preciso defender as crianças dos devassos sexuais (leia-se qualquer um que faz oposição ao bolsonarismo). Como destacou a professora Renata Bragança, ao site A Pública, a efetividade do bolsonarismo é, assim, garantida, pois “Todo mundo quer proteger uma criança, criança é sagrada na sociedade.”5

Assim, o inimigo gendrado e sexualizado comparece com certa centralidade no bolsonarismo. Afinal, não é qualquer inimigo que tem o poder de ameaçar o futuro da espécie. Seguindo o conselho de Finkelstein, o melhor inimigo é aquele cuja reação é limitada, não podendo revidar aos ataques no nível da política global. Se o futuro da espécie depende da (re)produção, aqueles que não (re)produzem ameaçam nossa continuidade biológica. Egoisticamente, por pura safadeza, quebram o contrato social.

Em mais uma tentativa de produzir os sujeitos cis-heterodissidentes como ameaçadores, o correligionário de Bolsonaro, Bispo Marcelo Crivella, na campanha pela prefeitura do Rio de Janeiro em 2020, afirmou: “Se o PSOL ganhar a eleição, nossas crianças vão ter uma coisa que tinha em casa, orientação sexual. Vai ter kit gay na escola e vão induzir a liberação das drogas”. Notemos que, nessa produção imaginária, há a necessária redução das identidades de gênero às sexualidades como tática de demarcação do animalesco desejo perverso-polimorfo nesses sujeitos, de modo a resultar na produção da homogeneidade do inimigo.

Interessante pontuar que a candidatura do PSOL não tinha chances reais de sequer ir para o segundo turno. Em mais uma das estratégias da extrema direita, a homogeneidade da esquerda abarca qualquer opositor político. Nas lentes bolsonaristas, João Doria, Eduardo Paes, Sérgio Cabral, Rodrigo Maia e até mesmo ex-aliados, como Sérgio Mouro e Joice Hasselmann, são inimigos comunistas a serem derrotados. No enunciado do Bispo, o “PSOL” metaforiza qualquer opositor. Em leitura parafrástica, temos: qualquer um que ganhar, que não seja bolsonarista, significa uma ameaça às crianças e à sociedade. Ou, ainda: Crivella, como Bolsonaro, é um combatente na guerra cultural contra os devassos comunistas. Todos os outros são inimigos da família, da religião cristã, da cis-heterossexualidade (na concepção natural e divinizada), da sociedade normal.

No seio da deimopolítica sexual e de gênero, metonimicamente, a criança traduz a nação. Seu futuro, sua continuidade biológica. Dado isso, os inimigos sexuais (não reprodutivos) e morais (devassos e pervertidos) são duplamente perigosos. Colocam em risco o futuro da espécie: não (re)produzem (obrigação cívica e biológica) e corrompem as crianças com seu estilo bárbaro e animalesco de vida: a busca emocional\instintiva por satisfação primária (gozo). Esses seres não merecem confiança. A luta cultural bolsonarista ocorre no corpo da criança. É sobre ele que se reivindicam a austeridade do líder que “precisamos” para acabar com “isso daí”.

Muito mais do que mera cortina de fumaça, como é normalmente descrito pela esquerda, o controle dos comportamentos revela-se como tecnologia política reativa à Revolução de 1917, desembocando na produção do imaginário bestial a respeito do comunista e do comunismo, porque atrelado à devassidão sexual e de gênero. Essa associação entre os comunistas e dissidências sexuais e de gênero se fez presente no integralismo de 1930, como também na ditadura cis-hétero-militar brasileira, principalmente após o massacre do Araguaia, em 1974, quando o aparato ditatorial teria se direcionado, com primazia, ao combate do subversivo moral, como forma de justificar a permanência dos golpistas no poder, já que não seria mais possível produzir sua necessidade frente ao suposto inimigo político. Isso porque, após a derrota da luta armada, muitos setores das comunidades de informação e segurança passaram a pautar, com mais ênfase, a luta contra a “dissolução dos costumes”.

Com isso, aponto para o entrecruzamento dos mecanismos regulatórios da pastoral cristã6 no bolsonarismo, cujos efeitos produtivos são a necessidade de salvar o cidadão ameaçado e a criação da verdade do bolsonarismo (na imagem de Bolsonaro como pastor/messias) pela obediência aos valores nacionais A isso, soma-se o grotesco,7 o perverso como racionalidade política da governamentalidade ne(cr)oliberal. Há uma truculência cômica que mascara os absurdos cometidos pelo bolsonarismo. Somos levados a rir. Rindo, facilitamos nossa sujeição e aceitamos absurdidades escamoteadas em palhaçadas, como o pum de Regina Duarte. Desprezar o grotesco no bolsonarismo, ou lê-lo como mera cortina de fumaça, é deixar seu funcionamento escorrer pela rigidez da análise que busca tudo explicar numa moldura do século XIX. Penso ser também este o funcionamento do bolsonarismo: é o controle pelo absurdo, pelo grotesco e pelo medo. Uma governamentalidade ne(cr)oliberal sustentada pelo estado de ameaça permanente e pelo risível.

Referências:

AFONSO-ROCHA, Ricardo. Bichas também SANGRAM: Deimopolítica e direito de resistência na literatura “homossexual” do jornal Lampião da Esquina. Dissertação – (Mestrado em Letras). Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2020.

ARIÈS, Philippe. História social da infância e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

CLIFT, Eleanor. Arthur Finkelstein, the Hypocrite Gay Consultant Who Kept Electing Right-Wing Homophobes. Daily Beast, 26 de agosto de 2017. Disponível em: <https://www.thedailybeast.com/arthur-finkelstein-the-hypocrite-gay-consultant-who-kept-electing-right-wing-homophobes>. Acesso em: 17 maio 2020.

ECO, Umberto. História da feiura. Rio de Janeiro: Record, 2007.

EMPOLI, Giuliano da. Os engenheiros do caos. São Paulo: Vestígio, 2019.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 1: a vontade de saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

FOUCAULT, Michel. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2018.

GRASSEGGER, Hannes. The Unbelievable Story Of The Plot Against George Soros: How two Jewish American political consultants helped create the world’s largest anti-Semitic conspiracy theory. BuzzFeed News, 20 de janeiro de 2019. Disponível em: <https://www.buzzfeednews.com/article/hnsgrassegger/george-soros-conspiracy-finkelstein-birnbaum-orban-netanyahu>. Acesso em: 29 maio 2020.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

ROCHA, João Cezar de Castro. Bolsonarismo é a mais perversa máquina de destruição de nossa história republicana. Folha de São Paulo, 08 de agosto de 2020. Disponível em <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2020/08/bolsonarismo-e-a-mais-perversa-maquina-de-destruicao-de-nossa-historia-republicana.shtml>. Acesso em: 13 nov. 2020.


1 Sou uma bicha nordestina: doutoranda e mestra pelo PPGL: Linguagens e Representações, da Universidade Estadual de Santa Cruz (PPGL/UESC). Bolsista da FAPESB. Integrante do grupo de pesquisa “O Espaço Biográfico no Horizonte da Literatura Homoerótica” (GPBIOH), do Núcleo de Estudos Queer e Decoloniais da UFRPE (NuQueer) e do Grupo de Pesquisa Estudos Literários Contemporâneos: Fontes da Literatura de Jornal da UEFS. Colaboradora do Grupo de Estudos Discursivos em Arte e Design (NEDAD/UFPR), do Grupo de Estudos Discursivos da UESC (GED) e do blog Resista! Observatório de Resistências Plurais.

2 Sobre a estratégia do medo, explorada por Finkelstein, consultar: Clift (2017) e Grassegger (2019).

3 Sobre a necropolítica, consultar: Achille Mbembe (2018).

4 Suscetível de se fazer materializar em distintas formulações linguísticas em uma dada região de sentidos e de determinar distintos quadros de visibilidade.

5 Sobre a construção da infância e seu mito da assepsia, ver Philippe Ariès (1981).

6 Conforme Foucault (2017): a salvação do rebanho, a obediência à lei e a verdade do pastor.

7 Penso no curso que Michel Foucault (2018) ministrou em 1974-75, “Os anormais”. Nas duas primeiras aulas desse curso, Foucault refletiu sobre aquilo que chamou de poder ubuesco, que traduz a tecnologia política pela intensificação do grotesco e do risível. O neologismo foucaultiano remete à peça teatral Ubu-roi, de Alfred Jarry.

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