Por que o metrô de SP pode parar

Metroviários, uma das categorias que correm mais risco pela pandemia, podem entrar em greve em 1º/7. Já são mais de 100 contaminados, mas governo convoca idosos ao trabalho, implode acordo coletivo e ameaça reduzir salários…

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Por Lucas Scatolini

Desde o início da pandemia, a categoria trabalha sob extremo risco, sendo um dos setores com maior probabilidade de contaminação, junto à saúde. Mesmo assim, os protocolos de prevenção e combate à propagação do vírus, como a ampla disponibilidade de EPIs, só foram implementados após insistentes denúncias e ações judiciais.

Apesar das medidas, a Companhia do Metropolitano de São Paulo continua convocando trabalhadores acima de 60 anos, sem a realização de testes massivos em todos os metroviários. A consequência disso é que, até 19 de junho, haviam 123 metroviários confirmados com covid-19, 76 casos suspeitos e 83 afastamentos por contato. Importante ressaltar que nem todos que têm contato são afastados – e muitas vezes, quando são, o isolamento é de apenas dois dias. Até o momento, quatro metroviários, que estavam afastados antes da pandemia, morreram. Entre os trabalhadores da ativa, houve uma morte.

Entre funcionários terceirizados, 12 testaram positivo – outros 12 estão com suspeita. Além do completo descaso, a Federação dos Metroviários denuncia demissões e o não-cumprimento dos devidos pagamentos de salário pelo Metrô de São Paulo.

Acordo Coletivo foi implodido

Tendo em vista todas as dificuldades do período, o que reduz a capacidade de organização dos trabalhadores, a empresa impõe que seja mantido o calendário para a campanha salarial, apesar de todos os riscos já enfrentados pelos metroviários. A Companhia afirmou ainda que efetuará um pagamento reduzido no mês julho, incluindo o desconto retroativo do que foi pago no mês de maio.

Sem diálogo com trabalhadores e entidades, o Metrô está retirando 18 itens do acordo coletivo, e reduzindo outros 11. Entre eles, o de recolhimento do FGTS, direito de auxílio-transporte, e garantia de representatividade sindical e de transparência. Enquanto isso, mantém salários acima do teto para cargos comissionados, que representam menos de 10% do quadro efetivo, mas são mais de 30% da folha de pagamento.

Caso o Governo do Estado, sob o comando de João Doria, e a Direção do Metrô não recuarem dos ataques, a Federação Nacional dos Metroviários manterão a paralisação da categoria, na próxima quarta-feira, dia 1º de julho.

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