Negros ganham espaço entre empreendedores brasileiros

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Estudo do Sebrae revela: superando oceano de desigualdades, eles têm sido capazes de iniciar atividades econômica próprias mais rapidamente que média da população

Por Cauê Seignemartin Ameni

A maior concentração dos negros donos de negócios está na Região Nordeste. Somente na Bahia estão 12% do total de empreendedores brasileiros, mais de 1,3 milhão de pessoas. São Paulo e Minas Gerais vêm em seguida, com 11% e 10%, respectivamente. Negros e pardos são quase 60% dos que comandam as micro e pequenas empresas paraibanas e 54% das goianas. Os setores da economia que mais têm proprietários de empresas que se declaram negros são comércio e agricultura, ambos com 23%de participação. O setor de serviços tem 21%, o de construção, 19%, e a indústria, 10%.

RENDA E ESCOLARIDADE

Os empreendedores afrodescendentes – 71% deles do sexo masculino – apresentaram também um avanço na escolaridade, aponta o estudo do Sebrae. Embora se mantenham em patamar inferior ao dos empreendedores brancos, seu nível escolar teve crescimento de 41% nos dez anos analisados, para 17% entre os brancos, passando de 4,4 anos para 6,2 anos de estudo no período – fator decisivo para o aumento da renda.

“A desigualdade ainda existe, mas a melhora da escolaridade e do rendimento aponta para uma situação mais favorável, no futuro, para os negros que estão no empreendedorismo”, afirma Luiz Barretto, presidente do Sebrae.

A defasagem entre o faturamento de donos de negócio negros e brancos se mantém significativa, mas o avanço é flagrante – como nos outros indicadores. Em uma década, o rendimento dos empreendimentos comandados por afrodescendentes cresceu 70%, ante 37% dos demais. Seu rendimento médio mensal passou de R$ 612,00 a R$ 1.039,00, enquanto entre empresários brancos foi de R$ 1.477,00 a R$ 2.019,00.

“Estamos falando de mais de 11 milhões de empreendedores, cerca de 60% deles chefes de família”, lembra Luiz Barretto. Para ele, iniciar ou formalizar um negócio próprio é apenas o primeiro passo. “O mais importante é capacitar esses gestores para que suas empresas possam aumentar o faturamento e crescer de forma sustentável”.

Diante da demanda, tem havido investimentos no desenvolvimento do empreendedorismo da população negra brasileira. Com o objetivo de capacitar donos de pequenos negócios em comunidades negras remanescentes de quilombos, o Sebrae lançou o projeto Brasil Afroempreendedorem 12 estados brasileiros,em parceria com o Coletivo de Empresários e Empreendedores Negros de São Paulo e o Instituto Adolpho Bauer.

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