Israel: Netanyahu terá uma vitória de Pirro?
Publicado 21/05/2015 às 19:31
Belicoso e anti-palestino, primeiro-ministro só dialoga com extrema-direita. Podem estar surgindo uma frente política alternativa e uma solução surpreendente para o conflito
Por Sérgio Storch, em sua página no Facebook
Três fatos que sinalizam a possibilidade de uma reversão na política israelense. É acompanhar daqui pra frente:
1. O forte discurso de Isaac Herzog, líder da oposição no Knesset, denunciando a fragilidade da coalizão montada por Netanyahu, que chegou ao patético de entregar o Ministério da Justiça a Ayelet Shaked, um dos ícones do racismo mais repulsivo na extrema direita israelense. Explicitamente, Herzog se propõe a representar não só a esquerda sionista, mas também os 20% de árabes israelenses e as demais minorias. Íntegra aqui.
2. Vem à tona, depois de longa maturação, uma proposta para solução do conflito totalmente original: “Dois Estados no mesmo Território”, que inverte a conhecida solução Dois Estados negociada em Oslo em 1993, colocando como ponto chave a integração, em vez da separação. O conflito pelo Canadá resolveu-se assim, entre ingleses e franceses, no século 19. E é significativo quem traz a público essa proposta, em artigo no NY Times: Yossi Beilin, que foi idealizador dos acordos de Oslo e negociador dos acordos de Camp David, em 2000, que não frutificaram porque Clinton já não tinha mais tempo no seu mandato. É um retorno dos combatentes pela paz justa, no momento em que Netanyahu pode ter tido uma vitória de Pirro. Íntegra aqui.
3. E o fato que não é demais relembrar: pela primeira vez na história israelense, houve uma coalizão eleitoral dos quatro partidos árabes rivais, articulada pelo Partido Comunista Israelense, formado por judeus e árabes. Fato notável: essa coalizão elegeu 13 parlamentares no total de 120, dos quais 5 do Partido Comunista Hadash, e 8 dos partidos árabes. Relacione isso com o ítem 1, no cenário de Isaac Herzog ser capaz de articular no Knesset com esse bloco de 13, além do Meretz (esquerda sionista) e os partidos de centro, agora que a agenda de Netanyahu tornou-se claramente extremista de direita. Note no discurso no item 1 a piscada para o ministro da Economia, Kahlon, de centro-direita, com vistas a um futuro governo após a eventual derrocada desta coalizão de Netanyahu.
O mundo dá voltas… Quem sabe o que virá?