Sem seu sangue, de Alice Furtado, de forma onírica e vagarosa, foge aos clichês do suspense. No centro, o amor de Silvia por um jovem rebelde e hemofílico — e seu retiro nas Antilhas, permeado por vodu, sacrifícios e mortos ressuscitados
Em formato online, começa o Festival É Tudo Verdade, que reúne o melhor da safra nacional e estrangeira de documentários. Na abertura, A Cordilheira dos Sonhos: tragédia e riqueza do Chile condensados numa elegia arrebatadora
Em Todos os mortos, uma família de cafeicultores encontra-se, numa São Paulo que se urbaniza, com sua ex-escravizada. Sob o drama familiar, feridas históricas: o fim recente da escravidão, a infância da República e a aurora do século 20
Documentário Narciso em férias radicaliza o “método Coutinho”: é todo Caetano, falando para a câmera, em cenário austero. Por meio de seu filtro pessoal, sua memória de cárcere na ditadura espelha sua arte – e também nossa história recente
No Cinefantasy, filmes vibrantes e assustadores. Entre eles, O cemitério das almas perdidas, de Rodrigo Aragão. Amaldiçoados, europeus levam atrocidades ao Novo Mundo — uma leitura com sangue e vísceras da formação social do Brasil
A 8 ½ Festa começa amanhã, totalmente online. Nos filmes selecionados, variedade, vigor e humor ladino, mas também sinais do tempo: a figura clássica da mamma se reconfigura e a crítica à burguesia dá lugar à defesa da filantropia
Em Dentro da minha pele, Toni Venturi, branco de classe média, se propõe a investigar a democracia racial — e a resistência negra. Pelo seu desconcerto e contradições, o privilégio branco revela-se — e é demolido por histórias dolorosas e insurgentes
Deerskin: estilo matador, de Quentin Dupieux, é insólito: em vazio existencial, um homem compra uma jaqueta — que ordena-lhe eliminar todas as outras do mundo. Na história surreal, lógicas precisas — e um narcisista que recusa-se a crescer
Em The hater, do polonês Jan Komasa, um jovem e seu trabalho de implodir, no submundo virtual, a reputação de empresas e políticos. Nessa rede de fake news e intolerância, o ressentimento é o motor — dos ódios virtuais à violência real