No streaming, a arte de Antonioni e Fellini, em três filmes do início de suas carreiras. Em cena, gestos extremos para redimir uma vida ordinária, em estilo documental. Por vezes, as plataformas podem cumprir o papel de antigos cineclubes…
Um menino italiano franzino é submetido a um tratamento intensivo para crescer, que o marcará por toda a vida. Numa narrativa em espiral, O Colibri mergulha em perdas, traumas e lutos de um homem aprisionado num corpo volumoso
Em cartaz, O lodo busca o realismo mágico à brasileira. Narra um homem em busca de cura para sua depressão. Memórias e cotidiano sufocantes atenuam suas crises. O improvável acontece: uma ferida secreta sangue negro que pode afogá-lo
Submundo. Detetive carrancudo. Loira misteriosa. Filme aposta em pastiche deste gênero fascinante de Hollywood. Mas as referências transbordam sem personagens de carne e osso. A sensação é que assistimos a um jogo cujo resultado já se conhece
Uma jovem aspira ser atriz, numa alegria alienada do horror que bate à porta da França. Assim, A garota radiante encara o momento histórico com delicadeza, em prementes sinais do cotidiano e sem os diálogos expositivos de outras obras
O barqueiro. A esposa. E dois irmãos. Baseado num conto de Milton Hatoum, O rio do desejo é um filme sobre amores. Assim como o tempo, as águas correm inexoráveis e, com a selva quente, úmida e lúbrica, arrasta personagens e suas tragédias
Um filme singular de distopia está em cartaz. Uma milícia fanática de rapazes sarados e mulheres recatadas dedica-se a punir infiéis na porrada: o desejo está sempre à espreita – e é preciso sufocá-lo. Por coincidência, a líder chama-se Michele
Com atuação poderosa de Cate Blanchett, obra narra a vida da famosa maestrina – e talvez seja o mais sofisticado dos filmes de Oscar. Em cena, laços entre arte e biografia em meio ao circuito cultural de elite e o cancelamento nas redes
Uma refinaria rudimentar que vende gasolina barata a motoboys. O Partido do Povo Preso. E o fascismo em Brasília. Protagonizado por mulheres, Mato seco em chamas é uma ficção científica que mostra que luta e imaginação é arma das periferias
Em cartaz, Babilônia narra peripécias da passagem do cinema mudo para o sonoro, tal um Dançando na chuva. Promete sátira descabelada, mas entrega o grotesco — e a história se perde em frenesis hedonistas e escatologias, com escassa delicadeza