Esquerda erra ao minimizar “Deus e a família”

bosch

Plenário da Câmara? Não: “Cristo Carregando a Cruz” (Bosch, início do século 16)

Direita nada de braçadas no que se refere ao convencimento direto de setores majoritários da população; votos pelo “sim” no impeachment precisam ser estudados

Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)

Onde a direita acerta? Há tempos penso em escrever algo nessa linha. Tentando identificar alguma fundamentação – ainda que tortuosa – em argumentos e fatos por ela utilizados em seu discurso. Ou estará ela errada o tempo todo, sob todos os aspectos? A esquerda precisa ignorar o papel do medo, por exemplo, na definição das opções políticas de cada cidadão? Por que deixar a direita nadar de braçadas em relação a determinados temas que interessam a todos os brasileiros?

Fiquei pensando nisso ao tentar rever a votação de domingo, em meio ao show de horrores na Câmara. Ainda que seja mais fácil maximizar uma fala especialmente grotesca, como a de Jair Bolsonaro (de certa forma bancando sua estratégia violenta), talvez falte refletir sobre o papel de Deus e da família na conquista de mentes e corações – e no quanto sair demonizando as duas palavras pode significar mais uma compra do jogo do adversário.

Muitíssimos indígenas são evangélicos. Ou cristãos. Não conheço indígenas ateus, talvez existam. No mínimo têm suas tradições religiosas, míticas, associadas à natureza. Cito-os neste dia 19 de Abril porque costumam ser esquecidos, mas a percepção de que a população – indígena, negra, branca – é majoritariamente religiosa não deveria ser esquecida na hora de desancarmos os deputados. Será que não desrespeitamos desnecessariamente crenças dos demais (como se não as tivéssemos) em vez de atacar somente a hipocrisia dos nobres deputados?

Falo de deuses e de famílias. No plural. Pois, a se julgar por algumas falas à esquerda, é como se a simples menção à palavra “família” fizesse o orador se alinhar ao que há de mais sórdido no planeta. Sim, eu sei da associação do termo ao conservadorismo, até mesmo à propriedade (pensemos na TFP, a Tradição, Família e Propriedade, organização de ultradireita). Mas será mesmo tão interessante agirmos como se as famílias não fossem uma dimensão importante do cidadão (e do eleitor)?

É claro que a agenda do Estado laico precisa ser divulgada. E não é disso que estou falando. E sim de certa precipitação nos discursos, da associação de todo evangélico à mais fina flor reacionária, e de certa presunção de que todos à esquerda seriam ateus. Não são. Temos umbandistas e católicos, judeus e espíritas. E temos famílias – famílias hétero, famílias gays, famílias. (Fico tentando imaginar alguém que tenha filhos que consiga fugir da definição mínima de família, ainda que viva numa comuna.)

Novamente: estou tentando dizer que se trata de combater a hipocrisia e a usurpação, de questionar o machismo e a vigarice religiosa na fala deste ou daquele deputado. Mas que é preciso ter cuidado com o preconceito e a demonização pura e simples – e olhem que termo foi utilizado aqui, “demonização”. A esquerda também tem suas crenças e cacoetes, também tem seus maniqueísmos e suas seitas. E está errando, está errando feio, está perdendo, continua perdendo. Até quando?

UMA DISPUTA RETÓRICA

Patético um deputado ir com filho a tiracolo no plenário para que ele diga o “sim”? Claro. Ou que outro deputado volte ao microfone porque esqueceu de mencionar o filho? Evidente. Mas a própria utilização da palavra “patético”, aqui, remete a uma tradição persuasiva, a um braço – tradicionalmente eficiente – da retórica. E a ausência de inclusão em discursos racionais das dimensões familiar e religiosa talvez escancare o terreno (simbólico) para que os conservadores nadem de braçada.

impeachment-família

Quem, de fato, defende a família nessa foto? (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Não, não estou pedindo para que deputados de esquerda dediquem voto à tia ou façam o sinal da cruz durante a fala. Mas que respeitem a tia e a cruz, e que façam uma desconstrução das hipocrisias e cafajestices atacando-as pelo que são, e não pelo que elas usurpam. Ou que se lembrem que famílias de camponeses são atacadas e expulsas no campo, que pais e mães perdem filhos diariamente por causa da violência promovida por falsos defensores da família. Por causa da violência de classe.

Era uma família em Imbituba (SC), no dia 30 de dezembro, aquela família indígena que tevê o bebê degolado na rodoviária. São famílias de agricultores e pescadores as atingidas pela política predadora do agronegócio, que tem metade dos votos na Câmara e mais da metade no Senado. É gente que acredita em Deus que tem seus filhos mortos por um sistema defendido pela bancada da bala, pela legião de Bolsonaros (não temos um só Bolsonaro) que se multiplica no Congresso.

Se a direita reduz, cabe à esquerda ser plural. Efetivamente plural. Mesmo Paulinho da Força terá uma família, por trás daquelas rugas pelegas. Paulo Skaf e cada dono golpista de jornal têm família. E eles usam o que têm de melhor (em muitos casos, apenas a própria família, ou a própria crença em algo transcendental) para parecerem mais humanos. Cabe também à esquerda se lembrar que atacar essas dimensões pode apenas referendar o discurso de que comunistas comem criancinhas.

O que está em jogo é a violência patrocinada por esses canalhas. O filho do deputado tal não tem culpa de nada, ele talvez pronunciasse “sim” sem os tons de cinismo do pai. Combater os privilégios de classe não implica ser cruel com a parte mais bela da vida desses senhores. Respeitar a mãe do ex-deputado Hildebrando Paschoal – aquele que motoserrava desafetos – deveria fazer parte da mesma ética que nos faz respeitar uma camponesa que, fervorosamente, reze todos os dias pelo fim da desigualdade.

LEIA MAIS:

Escolinha do Professor Cunha expôs ao Brasil sua face bizarra e violenta

Gostou do texto? Contribua para manter e ampliar nosso jornalismo de profundidade: OutrosQuinhentos

Leia Também:

23 comentários para "Esquerda erra ao minimizar “Deus e a família”"

  1. ana disse:

    a invocação à família e aos valores da família que nunca são explicitados, por canalhas de currículos plenos de processos, não tem outra função que a de se apresentarem como respeitáveis…pais de família. A reafirmação do poder do patriarca com suas mais valiosas propriedades: filhos e mulheres. Não vejo como respeitar isso. Lembrando que o sagrado lar é o local principal dos crimes contra as mulheres.

    • Parabéns pelo texto! Me senti contemplado e penso que é hora de uma grande reflexão para a além dos “óculos” tradicionais com que a esquerda busca enxergar a realidade.
      Escrevi um texto recentemente com base na mesma preocupação, vou colocar ao final como link complementar.
      “A guisa de conclusão, a questão do sucesso do enfrentamento dessa guerra ideológica e midiática, perpretada pelas elites, passa por essa compreensão. Além de ser amparada na melhoria continua dos indicadores econômicos e sociais, precisamos conhecer e valorizar os aspectos ligados as tradições, aos costumes, as crenças, aos velhos e novos hábitos comportamentais, ou seja, a dimensão da cultura nesta luta, não pode continuar sendo desconsiderada ou colocada em segundo plano.”
      http://acaoculturalse.blogspot.com.br/2016/04/como-cultura-do-brasil-profundo-pode.html

    • Alceu Castilho disse:

      Sim, o texto trata da invocação por canalhas. Mas questão vai bem além disso.

    • Vinicius disse:

      Entendi que o texto, faz exatamente a desconstrução desse pensamento, de que ninguém é respeitável e que o sagrado lar é machista e opressor.

  2. Mariane Martins disse:

    Olá!
    Muito provocador seu texto, fiquei aqui pensando sobre isso, mas será que o que acontece é que a esquerda não usa o deus ou a família para campanha? E que ao se pronunciarem em relação aos votos, estão falando do que representa naquele momento citar deus e família?
    E o significado bem sabemos é este uso, é a história de um Estado constituído para a acomodação dos interesses de algumas famílias que estão representadas ou patrocinam os deputados que domingo lembraram sua herança…
    Eu entendi tua provocação, mas desconfio. Talvez meu circulo seja pequeno para ter a percepção que você teve ao escrever isso, já que também sabemos, há uma esquerda cartesiana e dualista com um discurso por vezes extremista que também me causa medo…(estava escrevendo e pensando…bom, talvez você possa ter razão também)

    • Alceu Castilho disse:

      São vários aspectos, Mariane. Está rolando uma discussão legal no meu perfil do Facebook. A esquerda usa, sim, a religião em campanha. Um dos melhores deputados do PT chama-se Padre João, votou como Padre João. E é um ótimo deputado. Assim como era o Padre Ton, que tentou o governo de Rondônia e não foi eleito.

  3. Mariane Martins disse:

    Olá!
    Muito provocador seu texto, fiquei aqui pensando sobre isso, mas será que o que acontece é que a esquerda não usa o deus ou a família para campanha? E que ao se pronunciarem em relação aos votos, estão falando do que representa naquele momento citar deus e família?
    E o significado bem sabemos é este uso, é a história de um Estado constituído para a acomodação dos interesses de algumas famílias que estão representadas ou patrocinam os deputados que domingo lembraram sua herança…
    Eu entendi tua provocação, mas desconfio. Talvez meu circulo seja pequeno para ter a percepção que você teve ao escrever isso, já que também sabemos, há uma esquerda cartesiana e dualista com um discurso por vezes extremista que também me causa medo…(estava escrevendo e pensando…bom, talvez você possa ter razão também)

    • Alceu Castilho disse:

      São vários aspectos, Mariane. Está rolando uma discussão legal no meu perfil do Facebook. A esquerda usa, sim, a religião em campanha. Um dos melhores deputados do PT chama-se Padre João, votou como Padre João. E é um ótimo deputado. Assim como era o Padre Ton, que tentou o governo de Rondônia e não foi eleito.

  4. Célio Golin disse:

    Acho um debate muito complicado, mas entendo que não adiante ficar com este discurso de vários modelos de família. O que vale e aquela tradicional e esta tem que ser combatida e a esquerda neste sentido também e conservadora, pois nestes temas da moral sobre o corpo ainda esta muito atrasada. Não adianta as bichas dizerem que são homoafetivas e que tem constituem família, isto discurso equivocado. Sinceramente acho que devemos combater a ideia de existência de Deus e de que a afamilia e algo normal. É uma invenção das piores que a humanidade ja conseguiu produzir. É isto que devemos defender publicamente. colocar as pessoas sobre seus próprios fracassos. Hoje já não tenho mais duvida sobre isto. Hoje o produto que mais da dinheiro e justamente Deus.

  5. Célio Golin disse:

    Acho um debate muito complicado, mas entendo que não adiante ficar com este discurso de vários modelos de família. O que vale e aquela tradicional e esta tem que ser combatida e a esquerda neste sentido também e conservadora, pois nestes temas da moral sobre o corpo ainda esta muito atrasada. Não adianta as bichas dizerem que são homoafetivas e que tem constituem família, isto discurso equivocado. Sinceramente acho que devemos combater a ideia de existência de Deus e de que a afamilia e algo normal. É uma invenção das piores que a humanidade ja conseguiu produzir. É isto que devemos defender publicamente. colocar as pessoas sobre seus próprios fracassos. Hoje já não tenho mais duvida sobre isto. Hoje o produto que mais da dinheiro e justamente Deus.

  6. Cleydia Regina Esteves disse:

    Excelente lembrança e texto ! Zizek tem feito isto para refletir os acontecimentos na Europa e no mundo contemporâneo, Jessé Souza tem tocado neste assunto em todas as suas falas.
    Este sujeito do Iluminismo, racional, laico e impessoal nunca se instalou efetivamente no Brasil. Precisamos tirar os antolhos do europocentrismo e olhar com olhos de ver, que nossas sociedades, na América Latina tem maiores referências no que tange aos temas aqui abordados.
    Ignorar o que está ocorrendo em nossas periferias e favelas nas grandes cidades e nos grotôes deste imenso Brasil, é não levar em conta a maioria da população brasileira em consideração.
    A direita faz com muita maior competência seu trabalho de classe e a esquerda, continua confusa, dividida e ausente da vida da população. Sabia disto Mario de Andrade, Prestes, Rondom, Câmara Cascudo, entre outros, como Milton Nascimento: precisamos reconhecer o nosso interior, o Brasil não é só o litoral….

  7. Cleydia Regina Esteves disse:

    Excelente lembrança e texto ! Zizek tem feito isto para refletir os acontecimentos na Europa e no mundo contemporâneo, Jessé Souza tem tocado neste assunto em todas as suas falas.
    Este sujeito do Iluminismo, racional, laico e impessoal nunca se instalou efetivamente no Brasil. Precisamos tirar os antolhos do europocentrismo e olhar com olhos de ver, que nossas sociedades, na América Latina tem maiores referências no que tange aos temas aqui abordados.
    Ignorar o que está ocorrendo em nossas periferias e favelas nas grandes cidades e nos grotôes deste imenso Brasil, é não levar em conta a maioria da população brasileira em consideração.
    A direita faz com muita maior competência seu trabalho de classe e a esquerda, continua confusa, dividida e ausente da vida da população. Sabia disto Mario de Andrade, Prestes, Rondom, Câmara Cascudo, entre outros, como Milton Nascimento: precisamos reconhecer o nosso interior, o Brasil não é só o litoral….

  8. Carlos André disse:

    Os termos mais utilizados nos discursos de domingo foram “minha” e “meu”, associados à propriedade. Minha família, meu estado, meus eleitores…. Ocorreram com maior frequência ainda que a palavra “Deus”… Entendo essas falas como desencargos de consciências, pois quando alguém atribui seu próprio pleito a um grupo ao qual o sujeito pertence e domina, dilui a responsabilidade [que deveria ser exclusiva dele] com Outros ou até com um Deus, criando a ilusão de alguma legitimidade em sua demanda. Naquele momento, a tarefa exclusiva era a de apreciar se existiram razões para que o Senado julgue crime de responsabilidade da Presidente.

    Cada vez mais acredito que as narrativas Deus e Demônio foram projetadas convenientemente para duas finalidades: a palavra Deus é utilizada de início para legitimar uma causa que é “minha”, mas que pretendo incontestavelmente tornar universal e a Demônio, no final, para “me” livrar da culpa pelo “meu” eventual erro, bastando para isso que eu atribua à influência “Dele”.

    É certo que devemos respeitar todas as gentes, ainda que usem tais narrativas. Mas deveriam estar todas elas fora de questão, quando se trata da tarefa do Parlamento de examinar o caso citado.

    Espero que o Senado não repita o mesmo “espetáculo” deprimente.

  9. Carlos André disse:

    Os termos mais utilizados nos discursos de domingo foram “minha” e “meu”, associados à propriedade. Minha família, meu estado, meus eleitores…. Ocorreram com maior frequência ainda que a palavra “Deus”… Entendo essas falas como desencargos de consciências, pois quando alguém atribui seu próprio pleito a um grupo ao qual o sujeito pertence e domina, dilui a responsabilidade [que deveria ser exclusiva dele] com Outros ou até com um Deus, criando a ilusão de alguma legitimidade em sua demanda. Naquele momento, a tarefa exclusiva era a de apreciar se existiram razões para que o Senado julgue crime de responsabilidade da Presidente.

    Cada vez mais acredito que as narrativas Deus e Demônio foram projetadas convenientemente para duas finalidades: a palavra Deus é utilizada de início para legitimar uma causa que é “minha”, mas que pretendo incontestavelmente tornar universal e a Demônio, no final, para “me” livrar da culpa pelo “meu” eventual erro, bastando para isso que eu atribua à influência “Dele”.

    É certo que devemos respeitar todas as gentes, ainda que usem tais narrativas. Mas deveriam estar todas elas fora de questão, quando se trata da tarefa do Parlamento de examinar o caso citado.

    Espero que o Senado não repita o mesmo “espetáculo” deprimente.

  10. Vinicius disse:

    Deus, Religião (cristã), Família (tradicional) e Propriedade (privada/capitalista) são e sempre foram valores da elite e que são impostos aos mais variados tipos de grupos sociais há décadas, séculos…. inclusive aos oprimidos e pobres (que são os que mais sofrem com isso). Esses valores ditos superiores e adequados fizeram diminuir ou extinguir todas as outras variedades, de vários povos que existiram e, que sucumbiram, exatamente por essa dominação cultural e política. Se hoje as pessoas tem como cerne esse valores fundamentais na sociedade moderna (lamentavelmente até os nativos/indígenas) é porque houve uma construção muito violenta para tal. E que deu certo, afinal, hoje vivemos em um Estado (União), temos uma língua oficial (português), uma religião (Cristã) e um sistema político (Democrático/Capitalista).
    Nenhum desses 4 elementos citados no início funcionam de modo desassociado na sociedade moderna. Enfim, resumindo… o que eu acho é que esses valores não me representam, mas infelizmente são o cerne da política e da sociedade moderna. Se tem camponesa, pobre, indígena, preto, branco, direita, esquerda (…) cultivando tais valores sob uma perspectiva de que isso é universal e bom, só tenho a lamentar. Com certeza um dos caminhos para se entender o que ocorre de ruim no mundo e neste país está aí, nesses elementos entendidos como inseparáveis. E espero que a camponesa pare de rezar e continue lutando por seu direito à terra.

  11. Vinicius disse:

    Deus, Religião (cristã), Família (tradicional) e Propriedade (privada/capitalista) são e sempre foram valores da elite e que são impostos aos mais variados tipos de grupos sociais há décadas, séculos…. inclusive aos oprimidos e pobres (que são os que mais sofrem com isso). Esses valores ditos superiores e adequados fizeram diminuir ou extinguir todas as outras variedades, de vários povos que existiram e, que sucumbiram, exatamente por essa dominação cultural e política. Se hoje as pessoas tem como cerne esse valores fundamentais na sociedade moderna (lamentavelmente até os nativos/indígenas) é porque houve uma construção muito violenta para tal. E que deu certo, afinal, hoje vivemos em um Estado (União), temos uma língua oficial (português), uma religião (Cristã) e um sistema político (Democrático/Capitalista).
    Nenhum desses 4 elementos citados no início funcionam de modo desassociado na sociedade moderna. Enfim, resumindo… o que eu acho é que esses valores não me representam, mas infelizmente são o cerne da política e da sociedade moderna. Se tem camponesa, pobre, indígena, preto, branco, direita, esquerda (…) cultivando tais valores sob uma perspectiva de que isso é universal e bom, só tenho a lamentar. Com certeza um dos caminhos para se entender o que ocorre de ruim no mundo e neste país está aí, nesses elementos entendidos como inseparáveis. E espero que a camponesa pare de rezar e continue lutando por seu direito à terra.

  12. Lilian Pesce disse:

    Prezado Alceu,
    Trazer a religião para o discurso nunca foi tarefa fácil, portanto, acho muito louvável sua atitude e seu texto provocativo na medida. Afinal, como conversar sobre religião fora dos círculos fechados dos devotos ou fora, do não menos radical, discurso dos não crentes? Contudo, como quase sempre acontece, não há outra saída senão a aproximação por meio da palavra.
    Sócrates, por exemplo, diferente do que muitos pensam, não era ateu, nem tão pouco são os indígenas, como você bem colocou. O sentimento religioso e a noção de família estão presentes desde sempre e seus desdobramentos deveriam ser melhor tratados pela acadêmia e movimentos sociais.
    O ateísmo russo é também um tipo de crença, bastante fanática aliás, muito bem explorada por Lênin e utilizada de modo a causar a mesma alienação produzida pelos organizadores da fé.
    Para que ninguém me confunda, não faço aqui apologia de nenhum tipo de religião organizada, do cristianismo ao “inocente” budismo, ou qualquer uma que o valha. Nem tampouco defendo as tradicionais famílias brasileiras, apenas gostaria de encontrar menos radicalismo e mais inteligência, obrigada por proporcionar esses espaços.

  13. Lilian Pesce disse:

    Prezado Alceu,
    Trazer a religião para o discurso nunca foi tarefa fácil, portanto, acho muito louvável sua atitude e seu texto provocativo na medida. Afinal, como conversar sobre religião fora dos círculos fechados dos devotos ou fora, do não menos radical, discurso dos não crentes? Contudo, como quase sempre acontece, não há outra saída senão a aproximação por meio da palavra.
    Sócrates, por exemplo, diferente do que muitos pensam, não era ateu, nem tão pouco são os indígenas, como você bem colocou. O sentimento religioso e a noção de família estão presentes desde sempre e seus desdobramentos deveriam ser melhor tratados pela acadêmia e movimentos sociais.
    O ateísmo russo é também um tipo de crença, bastante fanática aliás, muito bem explorada por Lênin e utilizada de modo a causar a mesma alienação produzida pelos organizadores da fé.
    Para que ninguém me confunda, não faço aqui apologia de nenhum tipo de religião organizada, do cristianismo ao “inocente” budismo, ou qualquer uma que o valha. Nem tampouco defendo as tradicionais famílias brasileiras, apenas gostaria de encontrar menos radicalismo e mais inteligência, obrigada por proporcionar esses espaços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *