Dois casos de violência homofóbica, na mesma noite: em Ipanema e na Vila Madalena
Publicado 11/02/2016 às 08:49
Era a madrugada do sábado de carnaval quando o estudante Vinicius foi espancado em SP; o biólogo Eduardo, no Rio; sem discussão, por grupos de agressores
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
Dois casos idênticos. Um, no Rio. Em Ipanema. Outro, em São Paulo. Na Vila Madalena. Ambos no sábado de carnaval.
No Rio, o biólogo Eduardo Xavier estava sentado na Praia de Ipanema, “abraçado a um menino”. Tinha pulado carnaval com amigos, em um bloco no bairro de Botafogo.
Em São Paulo, o estudante de Geografia Vinicius Almeida soube na sexta-feira que conseguira uma bolsa de intercâmbio para estudar a homossexualidade.
Já era a madrugada do sábado, dia 7, quando Eduardo e o amigo foram surpreendidos com provocações e chutes na cabeça. Eram cerca de cinco agressores.
Vinicius deu informação a dois jovens quando se virou para continuar andando. Também já era madrugada na Vila Madalena. Um convidou o outro a “agredir o viadinho”.
“A minha reação logo depois que levei a primeira pancada foi proteger a cabeça e o rosto”, conta Eduardo. “Não consegui vê-los direito”.
Vinicius estava sozinho. Correu rápido. Achou que fosse morrer. Caiu, rolou, “e eles vieram com xingamentos, chutes e arranhões”.
Eduardo e o amigo tiveram dinheiro e documentos furtados. Não reagiram, mas a pancadaria continuou. Foram acudidos por um grupo de mulheres e por ambulantes.
“Algumas partes nem tem hematomas ou ferimentos, mas dói”, conta Vinicius. Ele foi agredido na barriga, nas costas, na bacia, no joelho, mãos, pés. “Dói, mas estou inteiro”.
O biólogo de 31 anos foi atendido na UPA de Copacabana: “Por sorte não tivemos nenhuma fratura, ficaram apenas os inchaços doloridos no rosto”.
O estudante paulista, 21 anos, lamenta que outros LGBTs sofram violências piores. “Pior ainda: os mais jovens e mais frágeis”.
Vinicius postou em sua página no Facebook que tudo a fazer após a agressão era esperar as dores físicas passarem um pouco e, antes de comemorar a conquista acadêmica, “tentar esconder a dor emocional”.
“Não estou com raiva, revoltado ou assustado ao ponto de evitar sair na rua”, escreveu Eduardo. “O que me deixa perplexo é conviver numa sociedade onde parte da população acha tolerável a homofobia”.
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