Covid: vem aí um novo tipo de vacinas?

Imunidade prolongada das células T estimula a busca por soluções como a CoVac-1 alemã e a CoVepiT sul-coreana. Pesquisadores acreditam que podem servir como doses de reforço mais potentes que os atuais

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A necessidade de reforçar o efeito das atuais vacinas periodicamente estimulou a busca de imunizantes que produzam proteção de mais longo prazo contra a covid. As chamadas células T podem ser o foco de uma solução desse tipo porque têm o que se pode chamar de uma boa “memória” imunológica. A CoVac-1, a “vacina-T” de desenvolvimento mais avançado nas pesquisas, atualmente, utiliza seis moléculas do Sars-CoV-2: os testes mostram que os linfócitos T presentes no organismo dos pacientes examinados reconheceram e gravaram” a composição químicas dessas moléculas (substâncias da categoria dos “peptídeos”).

Criada na Universidade de Tübingen na Alemanha, a CoVac-1 induz a produção de células T que continuam eficientes mesmo quando aquelas seis moléculas são alteradas por mutações. Pode combater diversas variantes do Sars-CoV-2, e talvez até outros vírus, parentes dele, biologicamente. “A CoVac-1 pode induzir a imunidade de células T, particularmente em idosos e indivíduos imunocomprometidos com capacidade prejudicada de dar respostas imunes suficientes após a vacinação (com as vacinas atuais)”, acreditam os autores.

Para o imunologista Eui-Cheol Shin do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coréia, as possibilidades são mais amplas. “Espero que a CoVac-1 possa ser uma vacina de reforço para populações em geral”. As atuais vacinas não induzem a produção de células, mas de moléculas protetoras, os anticorpos. Que também reconhecem moléculas do vírus, mas não várias moléculas, como na imunidade propiciada pela CoVac-1. E os anticorpos têm duração limitada, enquanto as células T, além de mais sofisticadas, podem continuar ativas por anos a fio.

A eficácia delas transpareceu em um estudo brasileiro recente, observada por pesquisadores da USP em pacientes da covid. Eles notaram que algumas pessoas eram naturalmente mais resistentes ao coronavírus. Talvez porque elas tenham mais facilidade para acionar seus linfócitos T, sugeriu a geneticista Mayana Zatz. Na Coréia do Sul, o vigor dessas células está sendo explorado pela empresa OSE Immunotherapeutics.

Seus especialistas estão fazendo os testes iniciais de uma vacina, a CoVepiT, baseada em 12 moléculas do Sars-Cov-2 (também peptídeos, como caso da CoVac-1). Quanto maior o número de peptídeos, maior a capacidade de proteção obtida, acredita-se. A empresa selecionou para a CoVepiT peptídeos de três proteínas estruturais do vírus, e a dúzia de moléculas selecionadas foram escolhidas entre mais de 167.000 variedades moleculares do Sars-Cov-2 coletadas globalmente. Isso lhe daria potencial para cobrir uma multidão de cepas e variantes, iniciais ou novas, do coronavírus.

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