Israel: Netanyahu terá uma vitória de Pirro?

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Belicoso e anti-palestino, primeiro-ministro só dialoga com extrema-direita. Podem estar surgindo uma frente política alternativa e uma solução surpreendente para o conflito

Por Sérgio Storch, em sua página no Facebook

Três fatos que sinalizam a possibilidade de uma reversão na política israelense. É acompanhar daqui pra frente:

1. O forte discurso de Isaac Herzog, líder da oposição no Knesset, denunciando a fragilidade da coalizão montada por Netanyahu, que chegou ao patético de entregar o Ministério da Justiça a Ayelet Shaked, um dos ícones do racismo mais repulsivo na extrema direita israelense. Explicitamente, Herzog se propõe a representar não só a esquerda sionista, mas também os 20% de árabes israelenses e as demais minorias. Íntegra aqui.

2. Vem à tona, depois de longa maturação, uma proposta para solução do conflito totalmente original: “Dois Estados no mesmo Território”, que inverte a conhecida solução Dois Estados negociada em Oslo em 1993, colocando como ponto chave a integração, em vez da separação. O conflito pelo Canadá resolveu-se assim, entre ingleses e franceses, no século 19. E é significativo quem traz a público essa proposta, em artigo no NY Times: Yossi Beilin, que foi idealizador dos acordos de Oslo e negociador dos acordos de Camp David, em 2000, que não frutificaram porque Clinton já não tinha mais tempo no seu mandato. É um retorno dos combatentes pela paz justa, no momento em que Netanyahu pode ter tido uma vitória de Pirro. Íntegra aqui.

Isaac Herzog, líder do partido trabalhista de Israel,  speaks during  memorial ceremony marking 19 years since the assassination of Yitzhak Rabin, in the Knesset, Israeli parliament in Jerusalem. November 5,2014. Israel on Wednesday marked 19 years since Prime Minister Yitzhak Rabin was assassinated by an Israeli extremist who opposed his concessions for peace with the Palestinians. Photo by Yonatan Sindel/Flash90 *** Local Caption *** éöç÷ éöç÷ äøöåâ òáåãä øáéï ëðñú îìéàä è÷ñ æéëøåï àæëøä

Isaac Herzog, líder do partido trabalhista de Israel. Foto: Yonatan Sindel

3. E o fato que não é demais relembrar: pela primeira vez na história israelense, houve uma coalizão eleitoral dos quatro partidos árabes rivais, articulada pelo Partido Comunista Israelense, formado por judeus e árabes. Fato notável: essa coalizão elegeu 13 parlamentares no total de 120, dos quais 5 do Partido Comunista Hadash, e 8 dos partidos árabes. Relacione isso com o ítem 1, no cenário de Isaac Herzog ser capaz de articular no Knesset com esse bloco de 13, além do Meretz (esquerda sionista) e os partidos de centro, agora que a agenda de Netanyahu tornou-se claramente extremista de direita. Note no discurso no item 1 a piscada para o ministro da Economia, Kahlon, de centro-direita, com vistas a um futuro governo após a eventual derrocada desta coalizão de Netanyahu.

O mundo dá voltas… Quem sabe o que virá?

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