“Equilíbrio fiscal” brasileiro apoia-se numa ilusão: o “resultado primário”, que exclui o pagamento de juros. Segundo critérios internacionais, país registra déficits há 27 anos — mas os mascara para esconder a sangria imposta pelo rentismo
Por Paulo Kliass
“Botar a casa em ordem”, para o ministro, significa acabar com o déficit mesmo às custas de cortes na Saúde e Educação. Mas o que pesa nas contas públicas são os R$ 5 trilhões que o Tesouro pagou em juros, na última década. Neste vespeiro, ele não quer mexer
Ministro faz coro ao catastrofismo da banca diante do “rombo” fiscal de 2023: 2,1% do PIB. Mas esquece que gastos primários injetam recursos na sociedade – e, se cortados, o crescimento econômico seria pífio. Austeridade é o real vilão e deve ser revista
Déficit zero não é solução para a reconstrução nacional: é preciso robustos investimentos nas áreas sociais. Lula parece já ter-se convencido disso, mas Haddad insiste em meta tola. Alterar a lei de diretrizes orçamentárias é urgente
Economistas sustentam: novo projeto nacional precisa garantir emprego digno, serviços públicos de excelência e investimentos em infraestrutura. Dogma de superávit primário apenas engorda os bolsos de rentistas e precisa ser superado