Selecionado para a mostra competitiva do Festival italiano, filme da brasileira Moara Passoni investiga, a partir do corpo, os nós existenciais do Brasil: contrastes e metamorfoses entre urbano e rural, humano e animal, conflitos políticos e dramas ambientais
O pensamento de Krenak e Nêgo Bispo sobre a crise urbana sugere: o modelo de “concreto, aço e asfalto” só levou às catástrofes. Mas a ancestralidade pode contribuir para superá-lo. Rever a cisão entre Natureza e Cultura é o primeiro passo
Mergulho nas ideias do pensador indígena, em possível diálogo com Heidegger e Butler. Eurocentrismo, diz, gesta a humanidade zumbi, sem memória e identidade. A perda do nós plural e criativo é o fim do mundo. E o ancestral, antídoto
O trabalho do pensador brasileiro merece uma leitura a contrapelo. Não teria sua busca obstinada por sínteses generalizantes e abstratas afastado a antropologia de um verdadeiro diálogo com os povos indígenas, inclusive com sua realidade política?
Pensador aponta: noção quechua de sumak kawsai nos chega por traduções. Seu sentido forte vem, tenso e fértil, no encontro com a cosmovisão originária: “Corpos vivos em uma Terra viva. Não podemos incidir nela como a retroescavadeira”
Fruto de 40 anos de diálogo entre um xamã e um antropólogo, o livro é de atualidade atroz. E revela, sobretudo, o impasse civilizatório do país dos “comedores de terra”, que aposta na devastação ao invés da riqueza da floresta e da diferença