Ao completar 75 anos, todo idoso é levado a uma colônia. Mas antes Tereza tem um sonho a cumprir: voar. Este é o mote do premiado O último azul em que a protagonista atinge as alturas… mas no fluxo do rio amazônico, onde a liberdade é movimento contínuo
Os enforcados aborda de modo franco e contundente o jogo do bicho (e sua promiscuidade com outros poderes). Entre a tragédia e sátira sócio-política, o clima é de volatilidade: a lealdade é a virtude mais proclamada e a menos segura no terreno movediço das relações humanas
No céu da pátria nesse instante é um documento que mergulha nas eleições de 2022 para radiografar o Brasil cindido. Há um tom jornalístico, mas sua força está em “filmar o inimigo” sem ridicularizá-lo: deixá-lo falar, se expor, se revelar…
Em A melhor mãe do mundo, a saga de uma mulher que escapa da violência doméstica com seus filhos – e, numa carroça, tenta reinventar a metrópole hostil. Outra estreia: Paterno, que aborda conflitos de um arquiteto entre a arte e o lucro imobiliário
Ainda não é amanhã narra a gravidez que surge como terremotos na vida de uma jovem periférica. Fazer ou não o aborto? E como? Dilema é abordado sem melodrama nem panfleto: mãe, avó, amiga, professora formam rede de afeto e o namorado não é um cafajeste clichê
Documentário mostra as várias facetas da artista – e as transformações vividas pela cultura brasileira. Um de seus grandes méritos: costurar com delicadeza e fluidez imagens de arquivo, em vez de mostrar depoimentos de “cabeças falantes”
Vitória, de Andrucha Waddington, traz Fernanda Montenegro em uma janela indiscreta carioca. Protagonista se encontra em posição análoga à do espectador: entre a emoção, a impotência e o desejo de agir, perante a violência cotidiana
O melhor amigo narra um reencontro num paradisíaco (e hedonista) litoral cearense. Numa paixão homoerotica, com traços oníricos e de Almodóvar, investiga a solidão humana – uma jornada pelo desejos, pulsões e frustrações, embalada por canções populares Gretchen
Sem pertencer às vanguardas da forma ou reduzir-se a filme-panfleto, obra de Walter Salles tem forte carga política, mas liga passado e presente por meio de um nó: o da história íntima. E a plateia sente um pouco de tudo: o choro, a fúria, esperança, aplauso e memória