Vitória, de Andrucha Waddington, traz Fernanda Montenegro em uma janela indiscreta carioca. Protagonista se encontra em posição análoga à do espectador: entre a emoção, a impotência e o desejo de agir, perante a violência cotidiana
O melhor amigo narra um reencontro num paradisíaco (e hedonista) litoral cearense. Numa paixão homoerotica, com traços oníricos e de Almodóvar, investiga a solidão humana – uma jornada pelo desejos, pulsões e frustrações, embalada por canções populares Gretchen
Sem pertencer às vanguardas da forma ou reduzir-se a filme-panfleto, obra de Walter Salles tem forte carga política, mas liga passado e presente por meio de um nó: o da história íntima. E a plateia sente um pouco de tudo: o choro, a fúria, esperança, aplauso e memória
Baseado no livro de Milton Hatoum, Relato de um certo Oriente aborda uma paixão turbulenta na Amazônia dos anos 40, entre uma católica e um mulçumano. É uma celebração da mistura cultural nos trópicos. Mas poderia um filme pecar por excesso de exuberância?
Em tempos de fluxo frenético de imagens, Ainda Estou Aqui conquista públicos com outro tempo de fruição. E faz da “casa burguesa” algo vivo, pulsante. Mas deixa certa sensação de vazio, por não podermos ver a resistência além da classe média branca
Segundo maior mercado de vídeo sob demanda do mundo, Brasil dá primeiro passo para regulação do setor. Poderia fomentar a indústria criativa e tecnológica, com o streaming, cinema, séries e documentários – mas falta uma agenda propositiva do governo
Em Sem Coração, grupo de adolescentes de distintas classes experimenta, com vigor e delicadeza, a relação com o mundo que os cerca. Uma baía propõe, em flashes, um ensaio poético-geográfico-social sobre Guanabara, seus personagens e seu entorno
Documentários sobre Nelson Pereira dos Santos e Roberto Farias exaltam uma expressão fecunda do cinema nacional. Recheados de trechos de filmografia rara, resgatam a busca por democratizar a linguagem audiovisual e expandir seu êxito nas camadas populares
Documentário de Kleber Mendonça Filho é crônica autobiográfica apenas à primeira vista. Com humor e melancolia, ele traça uma arqueologia urbana da sétima arte em Recife entre afetos, marcas políticas, especulação e mudanças culturais