Marx e a potência do ecossocialismo

Em livro recém-lançado, Kohei Saito resgata as formulações do velho barbudo alemão sobre a relação entre natureza e homem e provoca: como semear o caminho socialista em um planeta arrasado? Quem apoia nosso jornalismo concorre a três exemplares e tem 20% de desconto

Obra recém-lançada no Brasil pela editora Boitempo, O ecossocialismo de Karl Marx, do filósofo Kohei Saito, vencedora do Deutscher Memorial Prize em 2018, contribui decisivamente para as pesquisas sobre a relação entre o pensamento de Marx e as questões ambientais, analisando a relação entre homem e natureza.

Apoiado nas investigações pioneiras de István Mészáros, a partir de A teoria da alienação em Marx, Saito argumenta: não é possível compreender todo o escopo da crítica marxista da economia política ignorando a dimensão ecológica. O filósofo analisa a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, com olhar minucioso na evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza e apresenta ao leitor o caminho traçado por “barbudo alemão” para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo. 

“O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse”, aponta Sabrina Fernandes, socióloga e youtuber brasileira, no prefácio da obra. 

Trecho:
“Uma crítica comum a Marx é que ele ‘absolutiza o trabalho humano em sua análise do capitalismo’ e, portanto, ‘exclui sistematicamente [dela] a natureza como criadora de valor’. […] em 1844 Marx tratou claramente a natureza como um elemento essencial na realização do trabalho. Mesmo nessa época, quando argumentou que a natureza externa funciona em todos os processos de produção como o ‘corpo inorgânico’ do ser humano, Marx não falou de um roubo arbitrário ou da manipulação da natureza pelo ser humano com o auxílio da tecnologia, mas, em vez disso, enfatizou o papel da natureza como o componente essencial de toda produção: ‘O homem vive da natureza’, pois ‘o trabalhador nada pode criar sem a natureza, sem o mundo exterior sensível (sinnlich)’. A natureza é, diz Marx, ‘a matéria na qual o seu trabalho se efetiva, na qual [o trabalho] é ativo, [e] a partir da qual e por meio da qual [o trabalho] produz’.

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Kohei Saito é professor associado de economia política na Universidade de Osaka, no Japão. É também membro do conselho editorial internacional do projeto Marx-Engels-Gesamtausgabe. Em 2018, venceu o Deutsche Memorial Prize com a obra Karl Marx’s Ecosocialism: Capital, Nature, and the Unfinished Critique of Political Economy. É autor também de Hitoshinsei no Shihonron, obra que já vendeu 250 mil cópias no Japão.

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2 comentários para "Marx e a potência do ecossocialismo"

  1. Vagner Augusto disse:

    É perfeitamente possível e necessário defendermos os recursos naturais. E não há nenhuma necessidade de atrelarmo-nos às ideias do velho barbudo. Socialismo é um sistema equivocado, a humanidade não está apta para tal.

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