Ocupações revelam: governo depreda escolas…
Ao assumirem cuidado dos prédios onde estudam, alunos recuperam instalações e descobrem inúmeros casos de descuido com equipamento e material escolar
Por Maíra Machado, no Esquerda Diário
Publicado 30/11/2015 às 10:15
Ao assumirem cuidado dos prédios onde estudam, alunos recuperam instalações e descobrem inúmeros casos de descuido ou mal uso do equipamento e material escolar
Por Maíra Machado, no Esquerda Diário
Nos últimos dias, dezenas de ocupações de escola tomaram a cena no estado de São Paulo e chegaram a questionar a prova do Saresp, abrindo uma grande crise para o governo e suas avaliações meritocráticas do que se ensina e aprende na precária escola pública.
Porém, os questionamentos abertos pelos estudantes vão muito além das provas e avaliações falidas impostas pelo governo. As ocupações desnudam o descaso, a gestão anti democrática da escola e sua precarização pensada pelo governo e implementada por diretorias sem compromisso com a educação e com os alunos.
Na primeira escola ocupada no estado, os alunos consertaram todo o vestiário que servia há anos como depósito de entulhos. Chuveiros quentes e banheiros limpos serão deixados para o futuro na Escola Estadual Diadema, comprovando que alunos e professores podem gerir a escola sem a interferência da diretora e dos cargos de confiança da Secretaria de Educação. Os estudantes podem cuidar da escola porque são parte real dela.
Em outras escolas, foi achada uma imensa quantidade de materiais abandonados em salas trancadas, onde ninguém podia ter acesso. São ventiladores em caixas fechadas, guardados enquanto alunos e professores cozinham literalmente em salas de aula super lotadas e com ventiladores quebrados.
Mas não foi só isso que os estudantes encontraram. Bebedouros fechados e lacrados, computadores estragando dentro de salas imundas, tudo quanto é tipo de material didático virando lixo por falta de uso. Lousa branca e canetão guardados enquanto milhares de alunos recebem as matérias em lousas verdes pintadas nas peredes desgastadas pelos anos de uso.
Livros, muitos livros e apostilas estragando junto a cadernos, lápis, canetinhas, cartolinas e jogos educativos. Centenas de DVD´s com filmes históricos, comédias e romances, alguns de música. Coletâneas de artistas brasileiros lacrados, sem uso junto a aparelhos eletrônicos quebrados. Sem falar no laboratórios fechados, com acesso proibido, cheios de tubos de ensaio empoeirados. Assim se clarifica a cada dia que não precisa ir longe para melhorias rápidas e necessárias de imediato para a escola pública, mas também fica claro que nenhuma confiança nos governos para levar à frente os avanços necessários.
As ocupações em várias cidades denunciam que a carência de melhores condições de ensino já poderia ser suprida, mas essas “metas” só serão alcançadas por uma gestão escolar que de fato tenha compromisso com a educação e esse compromisso só é verdadeiro quando implementado por estudantes que lutam por garantia de futuro. Assim, sabemos já que não adianta mais voltar as antigas gestões escolares, a escola só poderá ser salva se for gerida por estudantes e professores que já estão provando na prática que não precisam de diretores e governos para ditar as regras de sua vida e de sua escola.